tag:blogger.com,1999:blog-20166788753486469992024-03-12T21:12:12.871-07:00políticas de design | design policiesgabriel patrocíniohttp://www.blogger.com/profile/11721163443504396184noreply@blogger.comBlogger58125tag:blogger.com,1999:blog-2016678875348646999.post-20895756366022579052018-07-12T16:17:00.002-07:002018-07-12T16:17:54.448-07:00políticas de design e propriedade intelectual<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6wx9xZSam8mcWcrZrh55FsSXFpnhm5AtaSQZK00DopJtWwfB-cRR65s2-RVzRE8Fv_d0MiVLHzsVfDHVyT_jJFqwD4o-cevEjHNH3nv9c3FpL4dVjwE3YlZNSM5Mvyzbdabf6NWhYVLpC/s1600/CAPA_woodbkg_400px.jpg" imageanchor="1"><img border="0" height="287" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6wx9xZSam8mcWcrZrh55FsSXFpnhm5AtaSQZK00DopJtWwfB-cRR65s2-RVzRE8Fv_d0MiVLHzsVfDHVyT_jJFqwD4o-cevEjHNH3nv9c3FpL4dVjwE3YlZNSM5Mvyzbdabf6NWhYVLpC/s320/CAPA_woodbkg_400px.jpg" width="320" /></a><br />
<br />
<style type="text/css">
p.p1 {margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 12.0px 'Helvetica Neue'; color: #454545}
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</style>
<br />
<div class="p1">
um dos objetivos desse blog é o compartilhamento de informações sobre a minha área de pesquisa - as políticas de design. sendo assim, divido aqui com vocês o link para o documento lançado na primeira semana de julho de 2018 pelo <a href="http://www.sebrae.com.br/" target="_blank"><b>sebrae</b></a><b> </b>nacional - <b><i>"políticas de design e propriedade intelectual - demandas para uma nova era"</i></b>:</div>
<div class="p3">
<a href="http://bit.ly/SebraeDesignPI">http://bit.ly/SebraeDesignPI</a></div>
<div class="p1">
neste documento, que organizei a partir de uma demanda do <b>sebrae</b> e dos resultados de um evento co-organizado com o <b><a href="http://www.inpi.gov.br/" target="_blank">inpi</a></b> e a <b><a href="http://www.wipo.int/about-wipo/pt/offices/brazil/index.html" rel="nofollow" target="_blank">ompi</a></b>, encontram-se diversas definições, constatações e questionamentos sobre a interação entre as políticas de design e propriedade intelectual. mais do que isso, ele reune observações e resultados de um dia de seminário internacional e mais um dia de debate envolvendo diversas instituições brasileiras, que se encontraram para discutir seus problemas, suas demandas e visões de futuro, numa dinâmica envolvente e participativa que gerou excelentes resultados.</div>
<div class="p1">
estes resultados pretendem, acima de tudo, estimular a integração entre os segmentos envolvidos e o desenvolvimento de políticas atualizadas para o setor. já estão comprometidas com esse objetivo as diversas instituições que apoiaram e participaram do processo, e que reafirmaram esse compromisso na cerimônia de lançamento em brasília. espera-se que esse material sirva ainda de suporte didático para o avanço dessa discussão dentro dos diversos segmentos envolvidos.</div>
<div class="p1">
bom proveito!</div>
<br />gabriel patrocíniohttp://www.blogger.com/profile/11721163443504396184noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2016678875348646999.post-88565097043397558332018-05-31T16:40:00.000-07:002018-05-31T16:40:27.107-07:00design é competitividade<img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJXr_fwc4vCgchqyE25qICiJYohnk7J-ejQlY5_fQ7Q_h0EgyuCFiZ932fooiLM7-F6Uh6ivr0knLtYhUl51gGp7WTIQjOHnqqaKbYBlTNWHzeHKo3TfHcfiSsdEYGO0fOUYU8zDChGsch/s1600/competitividade.png" width="320" />
<br />
<br />
<div style="color: #454545; font-family: Helvetica; font-size: 12px; line-height: normal;">
a capacidade de gerar inovação - incremental ou disruptiva - através do design é
uma vantagem competitiva que tem sido prescrita por diversos autores e
utilizada por um bom número de países para promover o crescimento econômico
nacional e regional.
<br />
<br />
pode-se afirmar
que essa vantagem competitiva é reconhecida e explorada pelo menos desde o
século 19. a realização das grandes feiras universais tinha o objetivo de não
apenas apregoar a capacidade científica e tecnológica dos países promotores e
expositores, mas principalmente de exibir sua capacidade industrial e a
qualidade dos seus produtos, aprofundar relações comerciais e gerar divisas.
<br />
<br />
rui barbosa
já apontava esse caminho para o brasil no início da penúltima década do século
xix, ao mencionar a crescente necessidade da sociedade por produtos
industrializados de melhor desenho e qualidade, enfatizando o potencial do
brasil por suas imensas riquezas naturais e capacidade inventiva.
<br />
<br />
desde a
metade do século xix, já se podia identificar o que viria a ser conhecido,
atualmente, como uma empresa orientada pelo design. a indústria de mobiliário
thonet, através de um processo tecnológico que gerou um design disruptivo e de
alto valor agregado, tornou-se - e se mantém até hoje - uma empresa altamente
competitiva, crescendo continuamente através de um design que passou a evoluir
de forma incremental. a partir do modelo disruptivo inicial, é ainda hoje uma
referência de gestão estratégica de design comparável à apple, ibm e outras.
<br />
<br />
nos anos
setenta a organização das nações unidas para o desenvolvimento industrial
(unido), junto com o conselho internacional de sociedades de design industrial
(icsid - atualmente o wdo world design organization), editou um documento onde
o design é apontado como ferramenta de desenvolvimento e competitividade
econômica. dirigido especialmente a países periféricos, o documento propõe um
modelo de gestão de políticas públicas de design para promoção do
desenvolvimento que serve de referência ainda hoje, passados mais de 40 anos.
<br />
<br />
organismos
internacionais como a oecd, a comissão europeia e o fórum econômico mundial,
economistas como michael porter, o estrategista de gestão philip kotler ou
ainda o presidente do wef klaus schwab identificam o design como poderosa
ferramenta de competitividade - e não apenas no nível dos produtos, serviços e
empresas, mas como alavanca de desenvolvimento econômico de países ou regiões.
pesquisas que acompanharam o desempenho de empresas orientadas pelo design ao
longo de dez anos apontam um crescimento no valor dessas empresas que supera em
mais de 200% o crescimento médio do índice s&p.
<br />
<br />
não há
dúvida portanto que o design é hoje ferramenta indispensável que deve constar,
de forma eficientemente estruturada, do repertório das políticas de
desenvolvimento econômico e industrial do governo em todas as suas instâncias,
a exemplo dos países de mais elevado índice de competitividade.
<br />
<br />
<br />
[ esse texto foi produzido em abril de 2018 a
pedido da secretaria de desenvolvimento e competitividade industrial do
ministério da indústria, comércio exterior e serviços ]</div>
gabriel patrocíniohttp://www.blogger.com/profile/11721163443504396184noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2016678875348646999.post-35149281552957273842016-05-19T11:25:00.000-07:002016-07-19T08:50:30.507-07:00sísifo e as políticas de design no brasil<img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVUtAPqq-5IAyGS-sqtRCd5cfCDKrt_z5e5wbVlfGGkPDDDlZzY_DnWozxATzfnDnFibrz5DlYKUVV8K4Pb6tGsdk7lM2UtnD0tspwCQzouUKVwj_5YezQKMMJrUrgKXrLDf0JohuyI94p/s320/Friedrich_John_nach_Mattha%25CC%2588us_Loder_Sisyphus_ubs_G_0825_II+2.jpg" width="284" />
<br />
<br />
<div style="color: #454545; font-family: Helvetica; font-size: 12px; line-height: normal;">
na mitologia grega, <b><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADsifo" target="_blank">sísifo</a></b> foi condenado pelos deuses a empurrar eternamente uma pesada pedra até o alto de uma montanha, apenas para vê-la rolar encosta abaixo e ter que reiniciar o seu trabalho. o escritor e filósofo francês <b><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Albert_Camus" target="_blank">albert camus</a></b> explorou este mito para discorrer sobre o absurdo da vida - e o quanto nos dedicamos a construir um futuro que insiste em rolar montanha abaixo.
<br />
<br />
na manhã do dia 11 de maio foi aprovado em brasília, pelo pleno do <b>conselho nacional de políticas culturais</b>, o <b><a href="https://dl.dropboxusercontent.com/u/1796668/ADG/PLANO_SETORIAL_DESIGN.pdf" target="_blank">plano setorial de design</a></b>. o plano é um documento brilhantemente construído por um grupo de designers de todo o país, através de consultas locais e com muito esforço e competência. através de quatro eixos, propõe ações para promover a divulgação e o fortalecimento da atividade e especialmente para a sua contribuição ao crescimento econômico e social no brasil. uma pesada pedra levada montanha acima.
<br />
<br />
dois dias depois, soube-se pela imprensa da extinção do <b>ministério da cultura</b> - ou sua incorporação, ainda sem detalhes, ao ministério da educação. e rola a pedra montanha abaixo. aliás, rola montanha abaixo em companhia de outra, maior ainda, carregada 30 anos montanha acima - a da cultura nacional.
<br />
<br />
no dia 1º de dezembro de 2015, o congresso nacional validou o veto presidencial à <b><a href="http://www.politicasdedesign.com/2016/04/design-ferramenta-politica-do-seculo-21.html" target="_blank">regulamentação profissional da atividade dos designers</a></b> no país - uma imensa pedra, carregada montanha acima quase quarenta anos por gerações de designers, que rolou montanha abaixo.
<br />
<br />
isso tudo desconsiderando que o design é visto hoje como ferramenta indispensável de inovação ao redor do mundo. aliás, ferramenta esta que é absolutamente ignorada, mais uma vez, na <b><a href="http://anpei.org.br/destaques/mcti-lanca-estrategia-nacional-de-ciencia-tecnologia-e-inovacao-2016-2019/" target="_blank">estratégia nacional de ct&i 2016-2019</a></b>, documento que irá nortear as ações de inovação, lançado no dia 12 de maio. design? para que serve isso mesmo? outra grande pedra rolando montanha abaixo.
<br />
<br />
camus tinha razão: a vida é feita de absurdos - e de pedras enormes rolando montanha abaixo, aguardando para serem novamente empurradas até o topo por aqueles que (ainda) se dispõe a isso.
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<br />
<i>[ imagem: gravura de friedrich john baseada em quadro de matthäus loder, século 19 ]</i></div>
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<br />[update]
<br />o ministério da cultura voltou a existir alguns dias depois, embora as políticas setoriais não tenham qualquer previsão de implementação.gabriel patrocíniohttp://www.blogger.com/profile/11721163443504396184noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2016678875348646999.post-35581299332388184312016-04-23T06:57:00.000-07:002016-04-23T06:57:38.537-07:00design: ferramenta política do século 21<img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfUJaEMcGQ4RbXpBO-il3J0l_dCs4nmWfM4a08ZWUpxVtcGs3O7LMEMA2zOJbdC9m4Eb-vj-IPU8dzMlO_4BEt4fm7_tfSbJ0JuZiVgJ-9CU5_aOlXRcOYx01h94AVgZWRRgKkqcSiOW17/s200/PensarVerde16.png" />
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<br>
o economista e teórico do design <b>john heskett</b> escreveu que diversas atividades <i>"se apropriam da palavra 'design' para criar uma aura de competência, como em: 'hair design', 'nail design', ‘design floral', e até mesmo 'design funeral'. por que não 'hair engineering', ou 'arquitetura funeral'? parte da razão pela qual o design pode ser usado dessa maneira arbitrária é que ele nunca foi coeso em uma profissão unificada, como o direito, medicina ou arquitetura, onde uma licença ou qualificação similar é necessária para a prática, com os padrões estabelecidos e protegidos por instituições de auto-regulação, e uso do descritor profissional limitado para aqueles que ganharam ingresso através de procedimentos regulamentados. em vez disso, a prática do design se partiu em subdivisões cada vez maiores sem qualquer conceito abrangente ou organização, e por isso pode ser apropriada por qualquer um.”</i> (do livro <b><i>toothpicks and logos: design in everyday life</b></i>, oxford university press, 2002). com esse discurso, heskett defendia a importância da regulamentação profissional dos designers (ou a certificação, dependendo do sistema legal e das práticas profissionais de cada país).
<br>
<br>
no atual cenário político e econômico, em que caberia investir em design, inovação e aumento da competitividade industrial, o que se tem visto no brasil na área do design é uma constante retração do apoio governamental. o papel estratégico desempenhado pelo design hoje na europa e na ásia – incentivado através de programas da comunidade europeia e replicados pelos seus países-membros – tem sido frequentemente desconsiderado nas esferas públicas brasileiras. até mesmo programas que alcançaram relativo sucesso foram desmobilizados, e sente-se a falta de um instrumento eficaz de gestão das políticas nacionais de design (uma espécie de <i>‘agência nacional do design’</i>), como existe em diversos países aonde o design é considerado uma ferramenta estratégica imprescindível – reino unido, finlândia, coréia do sul, taiwan, para citar apenas alguns.
<br>
<br>
em 2015 tivemos mais uma edição da <b>bienal brasileira de design</b>, que desta vez aconteceu em florianópolis, santa catarina, atraindo as atenções do mundo para o design brasileiro. pudemos observar a mobilização e o entusiasmo com que a federação das indústrias local abraçou o evento para torná-lo viável, junto com outros importantes parceiros do governo estadual e federal – e mesmo assim, quase um ano depois, a bienal está com dificuldades de fechar as suas contas e pagar fornecedores. não posso me esquecer da experiência vivida há vinte anos num congresso mundial do <b>icsid</b> (conselho internacional de sociedades de design industrial) no canadá, quando a coréia do sul disputava o privilégio de sediar congresso semelhante em seul. para defender a candidatura, além do apoio (e investimento) massivo da indústria coreana, a delegação trazia dois ministros de estado. havia ali uma clara intenção política de fazer uso do design como uma ferramenta para alavancar a indústria coreana a novos patamares de inovação e competitividade, cujos resultados todos conhecemos hoje. é muito importante enfatizar este episódio: não eram funcionários graduados que haviam se deslocado de seu país para representar o governo – mas sim dois representantes do primeiro escalão do governo coreano, numa clara afirmação da importância que o presidente e seus ministros atribuíam ao design. este endosso oficial ao evento internacional fazia parte de um plano maior que tinha como objetivo alavancar economicamente o país – objetivo este plenamente alcançado. para falar de um evento mais recente, aconteceu em taipei em 2011 o congresso da international design alliance (<b>ida</b>), reunindo 5.000 integrantes dos conselhos internacionais de design industrial (<b>icsid</b>), gráfico (<b>icograda</b>) e de interiores (<b>ifi</b>). a palestra de abertura deste congresso foi feita pelo vice-presidente da república da china (taiwan). precisamos atingir no brasil este grau de entendimento e comprometimento por parte de nossos governantes. já presenciei e li declarações vindas de políticos do primeiro escalão executivo – em instâncias federais, estaduais e municipais – que comprovam existir alguma sensibilidade ao assunto, mas ainda precisamos de maior comprometimento, de mais espaço nas agendas. cabe aos designers, empresários e políticos engajados e comprometidos com esta agenda a responsabilidade de levar às diversas instâncias de governo o conhecimento sobre o papel estratégico do design, através de ações focadas nestes segmentos. um maior número de empresários também precisa ser atingido e sensibilizado. o brasil tem programas regionais que merecem destaque mundial – como as atividades do <b>centro brasil design</b> (antigo centro de design do paraná, situado em curitiba), que poderiam ser replicadas nacionalmente.
<br>
<br>
nesse contexto é que se encaminhou o projeto de lei de regulamentação profissional dos designers, apresentado em 2011 na câmara dos deputados pelo deputado penna. fruto de uma intensa e inédita colaboração de praticamente todas as entidades profissionais brasileiras, além de centros de design e outras instituições, o projeto culminou uma luta de mais de 40 anos – e diversas tentativas de projetos de lei anteriores – e alcançou aprovação em todas as instâncias do congresso nacional. no entanto, para enorme frustração de uma categoria profissional que se preparava para colaborar ativamente com o governo na busca de soluções para o crescimento do país, o projeto sofreu veto total da presidência da república, levando por água abaixo a luta iniciada nos anos setenta.
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<br>
entendemos que o veto presidencial à regulamentação profissional dos designers tem graves implicações, ao demonstrar que:
<br>
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• a presidência está efetivamente desconectada do congresso e reage negativamente a um projeto que foi aprovado com expressividade nas duas casas; além disso está igualmente desconectada da sociedade civil, que se expressou através de todas as instituições profissionais (e diversas outras) ligadas ao design no país, e que sequer foram recebidas, consultadas ou consideradas sobre assunto desta importância;
<br>
<br>
• este governo (apesar de algumas ações promovidas através do mdic) demonstra não considerar o design como um importante fator de inovação e desenvolvimento, ao contrário do grande número de países que vêm fazendo uso desta ferramenta do século 21 (o design sequer é citado uma única vez no documento <b>estratégia nacional de ct&i 2012-2015</b>, que estabeleceu princípios para assentar as políticas nacionais de inovação);
<br>
<br>
• talvez um dos pontos mais sérios, pelo descrédito que lança sobre o ensino do design, regulamentado há décadas no país, e que tem hoje em dia 1511 cursos (entre bacharelados, sequenciais, licenciaturas e tecnológicos), 23 mestrados, 10 doutorados e mais de 50 anos de tradição. o veto significa que estes cursos de design não merecem, deste governo, crédito pela relevante formação que oferecem, e traz enorme desestímulo aos estudantes – afinal, para que investir tanto tempo numa formação profissional que não será depois reconhecida?
<br>
<br>
com o veto, o governo federal deixa claro que entende que qualquer um pode ser designer, bastando para isso demonstrar ‘habilidade’ e não formação técnica. eis a confusão: o fato do design ser transdisciplinar, valendo-se de estratégias como co-criação e <i>design thinking</i>, que envolvem usuário e outros profissionais, não significa que tudo é design nem que todo mundo é (ou pode ser) designer. significa que o design pode (e deve) agregar indivíduos com diferentes especialidades num processo projetual - e este processo é coordenado geralmente (mas não exclusivamente) por um designer, com formação específica para isso. nisso este profissional se distingue dos outros – e para isso estudou vários anos.
<br>
<br>
curiosamente, na mesma semana que foi vetada a regulamentação profissional dos designers, foi aprovada a regulamentação dos artesãos. afinal, que recado é esse que está sendo passado para a sociedade – e mais especificamente para a nossa indústria? <b>precisamos responder aos desafios complexos do século 21 com ferramentas do século 21 – e o design é inegável e reconhecidamente uma das principais ferramentas de que dispomos para isso</b>.
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<br>
<i>este artigo foi originalmente publicado na <a href="http://issuu.com/pensarverde/docs/pensarverde16" target="_blank">revista pensar verde</a>, da fundação verde herbert daniel, n.16, ano 4, março/abril/maio de 2016</i>
<br>
<br>gabriel patrocíniohttp://www.blogger.com/profile/11721163443504396184noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2016678875348646999.post-31375291265782286512016-01-14T19:39:00.000-08:002016-12-05T11:49:17.550-08:00design & desenvolvimento - the radical designist<br />
<img border="0" height="206" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyhqhzo0a8La1IDAHeihpHD20lZh2GqzrFbJNsS4FbjHjXBr-5HjKG6-sb9C4vcb0NkoPgHbMzNpxxNG_C7YOsSB-bp2b5_Z_D_gNDyTRPZ2QZFqpQik4HMDzvr3XRYxPh7Tv31F1O7ch0/s400/Capa3D_tRD.png" width="400" />
<br />
<br />
<span style="font-family: inherit;">a revista acadêmica de design portuguesa <b><a href="http://www.iade.pt/unidcom/radicaldesignist/" rel="nofollow" target="_blank">the radical designist</a></b> teve seu último número, de dezembro de 2015, dedicado às políticas de design. neste contexto publicou uma resenha que preparei para o livro <b><a href="https://www.blucher.com.br/index.php?/livro/detalhes/design-amp-desenvolvimento-1114" target="_blank">design & desenvolvimento: 40 anos depois</a></b>,</span><span style="font-family: inherit;"> que eu e meu colega </span><b style="font-family: inherit;">josé mauro nunes </b><span style="font-family: inherit;">organizamos, e que foi </span><span style="font-family: inherit;">lançado pela editora <b>blucher</b> no final de outubro de 2015</span><span style="font-family: inherit;">. </span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">compartilho abaixo com vocês a resenha publicada, que pode ser encontrada no seu original </span><a href="http://unidcom.iade.pt/radicaldesignist/design-e-desenvolvimento-40-anos-depois/" rel="nofollow" style="font-family: inherit;" target="_blank">neste link</a><span style="font-family: inherit;">.</span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: left;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: inherit;"><u>porquê falar de
políticas de design</u>? <o:p></o:p></span></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: left;">
<span lang="PT-BR" style="letter-spacing: -0.4pt;"><span style="font-family: inherit;">o discurso do design como ferramenta para o desenvolvimento (seja este
econômico, social, ou um ideal de convergência de ambos) se estabelece no
contexto do debate sobre as políticas nacionais de design. este debate, embora
esteja se ampliando nesta última década especialmente a partir da europa e
ásia, ainda é bastante restrito mundialmente no ambiente acadêmico, com raras
publicações, pesquisas e estudos sobre o tema.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: left;">
<span lang="PT-BR" style="letter-spacing: -0.2pt;"><span style="font-family: inherit;">por outro lado, há décadas
fala-se da necessidade do design se aproximar das instâncias públicas e dos
órgão governamentais, integrando-se ao rol de ferramentas que estes dispõem
para enfrentar os problemas cada vez mais complexos de gestão e de políticas
públicas. autores como gui bonsiepe, john heskett, victor margolin, alpay er,
brigitte borja de mozota, entre outros, chamam atenção para o tema, que na
academia surgiu inicialmente na área de história do design a partir dos anos
noventa, e em seguida também na área de gestão do design. nos últimos anos, o
crescente interesse sobre o tema parte principalmente do entendimento do design
no contexto da economia criativa – segmento da economia que vem crescendo a
taxas superiores a todos os demais, frequentemente até mesmo que a área
financeira. a convergência de interesses inclui organismos internacionais como
a conferência das nações unidas para o comércio e desenvolvimento (unctad), o
fórum econômico mundial e a comissão europeia, com o apoio de instituições
profissionais como o bureau europeu de associações de design (beda) e o
conselho internacional de sociedades de design industrial (icsid).
conferências, novos estudos, documentos encomendados por órgãos de governo tem
sido gerados em constante progressão a cada ano que passa. fala-se não mais
apenas em políticas de design, mas também no design para as políticas –
reconhecendo a importância de ferramentas do design para a construção de
entendimento e de maior clareza na formulação de políticas públicas. para citar
apenas um documento que ganhou destaque nos últimos anos, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i>design for growth and prosperity</i></b> relatório do conselho
europeu de lideranças de design editado pela comissão europeia em 2012. nele
diversas recomendações aos países-membros agrupam-se de forma interconectada os
sistemas de inovação, educacionais, de pesquisa, empresas e setor público, com
diversas diretrizes que visam promover o desenvolvimento da economia através do
design.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: left;">
<span style="font-family: inherit;"><span lang="PT-BR" style="letter-spacing: -0.2pt;">um panorama fértil e que clama à
mobilização do design – e principalmente aos designers – para ir de encontro às
classes políticas e em especial à sociedade como um todo, na busca de construir
um futuro em que o foco esteja no cidadão, e não apenas na economia e nas
finanças.</span><span lang="PT-BR" style="letter-spacing: -0.2pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: left;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: inherit;"><u>a origem há
cinquenta anos: icsid, onu, design e desenvolvimento</u><o:p></o:p></span></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: left;">
<span style="font-family: inherit;"><span lang="PT-BR">desde os anos
sessenta estava em pauta no conselho internacional de sociedades de design
industrial (icsid) a criação de um grupo de trabalho sobre países em
desenvolvimento – conhecido como o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">icsid’s
working group 4</i> (ou grupo de trabalho 4, aqui abreviado para gt4). em maio
de 1970, o professor nathan shapira, então diretor do departamento de design da
universidade de nairobi, no quenia, apresentou um “esboço de metas” para a
criação do gt4</span><sup>1</sup>,
aonde ele elencava alguns fatores que justificavam a instalação desta comissão,
dentre os quais:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: left;">
<span style="font-family: inherit;">“<i>evidências recentes de que o design
industrial torna-se um fator de aceleração do crescimento numa economia em
desenvolvimento, lado a lado com a gestão e a produtividade. (…) a necessidade
de uma orientação competente de design (por parte) de um crescente número de
países em desenvolvimento, e a falta de agências adequadas a preencher esta
lacuna.”</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: left;">
<span style="font-family: inherit;"><span lang="PT-BR" style="letter-spacing: -0.1pt;">sua experiência no continente africano, iniciada nos anos sessenta, o
habilitava para coordenar o recém-criado grupo de trabalho. sob sua
coordenação, o gt4 promoveu durante o sétimo congresso internacional do icsid
(realizado em ibiza, 1971), dois encontros para debater estratégias de promoção
do design nos países em desenvolvimento</span><sup>2</sup><span style="letter-spacing: -0.1pt;">.
no primeiro destes encontros, além da participação de representantes da
tailândia, india, filipinas e brasil, foi registrada também a presença de um
representante da organização das nações unidas para o desenvolvimento
industrial (onudi) – o engenheiro n.k. grigoriev, diretor da divisão de
tecnologia industrial daquela organização. aparentemente este é o primeiro
registro da interação entre o icsid e a onudi (ou unido, na sua sigla em
inglês).</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: left;">
<span style="font-family: inherit;"><span lang="PT-BR">esta
aproximação entre as duas instituições levou à uma parceria, e teve como
resultados iniciais dois documentos que podem ser considerados seminais na
história das políticas de design para países periféricos. o primeiro destes é
um </span><span lang="PT-BR">relatório produzido por gui bonsiepe em 1973, e que se intitula <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">desenvolvimento
pelo design</i></b></span><sup>3</sup>.
o segundo documento, intitulado <b><i>diretrizes básicas para políticas de design
industrial em países em desenvolvimento</i></b><sup>4</sup>,
foi produzido pelo secretariado da onudi em 1975, como consequência do trabalho
da comissão conjunta icsid e onudi, e reflete de forma resumida o relatório apresentado
por bonsiepe.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: left;">
<span style="font-family: inherit;"><span lang="PT-BR" style="letter-spacing: -0.4pt;">ambos os documentos são muito
pouco conhecidos – até mesmo por sua classificação pela onudi como ‘restritos’</span><sup>5</sup><span style="letter-spacing: -0.4pt;">.
apesar da sua abrangência</span><sup style="text-align: start;">6</sup><span style="letter-spacing: -0.4pt;">,
sintetizam a ideia (expressa nos títulos dos documentos) sem se propor a
prescrever uma fórmula única para a implementação de políticas de design. são
por isso mesmo referências importantes, e temos a certeza que a sua divulgação
poderia contribuir ainda hoje para a construção ou reestruturação de programas
de design ao redor do mundo. estes documentos, cedidos especialmente pela onudi
para reedição, servem como base para o livro </span><b style="letter-spacing: -0.4pt;"><i>design e desenvolvimento – 40
anos depois</i></b><span style="letter-spacing: -0.4pt;">, organizado por gabriel patrocínio e josé mauro nunes,
professores e pesquisadores da universidade do estado do rio de janeiro (lançamento
em outubro de 2015 pela editora blücher, de são paulo, brasil).</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: left;">
<span lang="PT-BR" style="letter-spacing: -0.2pt;"><span style="font-family: inherit;">o livro celebra os quarenta anos
(1975-2015) passados da publicação do documento-síntese da onudi, ao mesmo
tempo em que se procura trazer à tona como esta ideia – o design como uma ferramenta
de desenvolvimento – tem sido abordada ao longo destas quatro décadas nos
diversos países de origem dos autores e co-autores (conforme descrito a seguir).
visões sobre políticas públicas, desenvolvimento industrial, estratégias,
trajetórias convergentes e divergentes, design como ferramenta de consumo, de
competitividade e de desenvolvimento social – um amplo panorama que não se
propõe a ser completo, mas apenas dar início a um debate sobre o tema (ou
reacende-lo). <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: left;">
<span style="font-family: inherit;"><u><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="PT-BR">uma breve descrição do conteúdo do livro:</span></i></b><s><span lang="PT-BR"> <o:p></o:p></span></s></u></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: left;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: inherit;">diferentes autores foram convidados a trazer suas
contribuições a partir do brasil, índia, china, turquia, e incluindo visões
gerais do continente africano e da américa latina, além de um panorama sobre a
europa hoje. somam-se a estes a perspectiva histórica trazida por victor
margolin e os comentários de gui bonsiepe, protagonista original dos fatos que
deram origem ao próprio livro.<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><o:p></o:p></i></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: left;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit;">abrindo o livro, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">victor
margolin</b> mapeia o contexto do design para o desenvolvimento no primeiro
capítulo, seguido pelo texto clássico de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">alpay
er</b> </span><span style="font-family: inherit;">(ozyegin university, istambul) </span><span lang="PT-BR"><span style="font-family: inherit;">sobre os padrões de desenvolvimento
do design industrial nos países periféricos. a relação dialética entre o design
para necessidade e o design para o desenvolvimento é o texto que se segue, de
autoria de </span><b style="font-family: inherit;">gabriel patrocinio</b><span style="font-family: inherit;">,
discutindo especialmente as atuações de victor papanek e gui bonsiepe neste
panorama. </span><b style="font-family: inherit;">gui bonsiepe</b><span style="font-family: inherit;"> responde em
seguida às questões colocadas pelos organizadores do livro, em uma entrevista
exclusiva aonde fala sobre a sua visão sobre aqueles documentos após quatro
décadas. </span><b style="font-family: inherit;">marcos braga</b><span style="font-family: inherit;"> e </span><b style="font-family: inherit;">juan buitrago</b><span style="font-family: inherit;"> (universidade de são
paulo, usp) trazem a discussão para o contexto da américa latina, seguidos pelo
texto dos economistas </span><b style="font-family: inherit;">robson gonçalves</b><span style="font-family: inherit;">
e </span><b style="font-family: inherit;">roberto aragão </b><span style="font-family: inherit;">(fundação getulio
vargas, fgv, são paulo) abordando o novo desenvolvimentismo e o pensamento
econômico no âmbito da cepal (comissão econômica para a américa latina, órgão
ligado à onu). </span><b style="font-family: inherit;">ravi poovaiah</b><span style="font-family: inherit;"> e </span><b style="font-family: inherit;">ajanta sen</b><span style="font-family: inherit;"> (instituto de design
industrial, iit bombaim), falam sobre a perspectiva da índia, país que recebeu
a conferência de design de ahmedabad em 1979 que novamente reuniu, sob o mesmo
tema do design para o desenvolvimento, o icsid e a onudi. </span><b style="font-family: inherit;">mugendi m’rithaa</b><span style="font-family: inherit;">, presidente do icsid, fala sobre o papel do design
no continente africano em entrevista concedida aos organizadores, seguido pelos
professores </span><b style="font-family: inherit;">cai jun</b><span style="font-family: inherit;"> (universidade
tsinghua, pequim) e </span><b style="font-family: inherit;">sylvia xihui liu</b><span style="font-family: inherit;">
(politécnico de hong kong) que abordam o impressionante desenvolvimento do
design na china. </span><b style="font-family: inherit;">gisele raulik-murphy</b><span style="font-family: inherit;">,
</span><b style="font-family: inherit;">darragh murphy</b><span style="font-family: inherit;"> e </span><b style="font-family: inherit;">anna whicher </b><span style="font-family: inherit;">trazem uma perspectiva
europeia sobre o uso do design como ferramenta de desenvolvimento. o professor </span><b style="font-family: inherit;">josé mauro nunes</b><span style="font-family: inherit;"> (uerj e fgv),
especialista em consumo e comportamento, e a pesquisadora <b>izabelle vieira</b> trazem uma visão contemporânea dos impasses
enfrentados pelo design frente às mudanças de mercado – em especial o consumo
colaborativo. </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; text-align: left;">
<span style="font-family: inherit;">o livro se encerra com os dois documentos que
provocaram a sua existência<sup>3 e 4</sup>, trazidos pela primeira vez ao
conhecimento público após quatro décadas, e espera-se com o potencial de
provocar mais do que apenas debates acadêmicos, mas principalmente reflexão e
maior interação entre designers e agentes públicos.</span></div>
<span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span>
<span lang="PT-BR"><b><span style="font-family: inherit;"><u>notas</u>:</span></b></span><br />
<div style="mso-element: footnote-list;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="mso-element: footnote-list;">
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<span style="font-family: inherit; font-size: x-small;"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-US"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-US">[1]</span></span><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=2016678875348646999#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><!--[endif]--></a></span></span><span lang="EN-US"> Shapira, N. (1971 A). <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">An
Outline of Goals for the Design for Developing Countries Commission of The
International Council of Industrial Design Societies</b> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">(sic)</i>. University of Brighton Design Archives. Ref:
GB-1837-DES-ICD-6-4-5-3.</span></span></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<span style="font-size: x-small;"><span class="MsoFootnoteReference" style="font-family: inherit;"><span lang="EN-US"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-US">[2]</span></span></span></span><span lang="EN-US" style="font-family: inherit;">
</span><span lang="EN-US" style="font-family: inherit;">Shapira, N. (1971 B). <b>Design in Developing Countries – meetings
organized by ICSID’s Working Group No. 4.</b> University of Brighton Design
Archives. Ref: GB-1837-DES-ICD-6-4-2-1</span></span></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<span style="font-size: x-small;"><span class="MsoFootnoteReference" style="font-family: inherit;"><span lang="EN-US"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-US">[3]</span></span></span></span><span lang="EN-US" style="font-family: inherit;"> </span><span lang="PT-BR" style="font-family: inherit;">BONSIEPE, G. (1973) <b><i>Development through Design – A working paper
prepared for UNIDO at the request of ICSID</i></b>. Viena: UNIDO.</span></span></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<span style="font-size: x-small;"><span class="MsoFootnoteReference" style="font-family: inherit;"><span lang="EN-US"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-US">[4]</span></span></span></span><span lang="EN-US" style="font-family: inherit;"> </span><span lang="PT-BR" style="font-family: inherit;">UNIDO SECRETARIAT (1975) <b><i>Basic Guidelines for Policy of Industrial
Design in Developing Countries</i>.</b> Viena: UNIDO.</span></span></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<span style="font-size: x-small;"><span class="MsoFootnoteReference" style="font-family: inherit;"><span lang="EN-US"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-US">[5]</span></span></span></span><span lang="EN-US" style="font-family: inherit;"> </span><span lang="PT-BR" style="font-family: inherit;">Não foi
possível levantar qualquer informação que permitisse identificar a origem da
restrição à divulgação dos documentos. Apenas quanto ao primeiro, de autoria de
Bonsiepe (1973), é possível especular que por se tratar de um documento interno
de trabalho houve restrição à sua divulgação.</span></span></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<span style="font-size: x-small;"><span class="MsoFootnoteReference" style="font-family: inherit;"><span lang="PT-BR"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[6]</span></span></span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: inherit;"> </span><span lang="PT-BR" style="font-family: inherit;">O documento final (1975) está
dividido em três grupos, definindo a participação do design em políticas de
desenvolvimento industrial; os objetivos, requisitos e campos de atividade que
devem ser considerados em programas nacionais de design; e ainda especificando
possíveis componentes de programas nacionais de design de acordo com
necessidades particulares.</span></span></div>
</div>
<div id="ftn6" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: left;">
<br /></div>
</div>
</div>gabriel patrocíniohttp://www.blogger.com/profile/11721163443504396184noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2016678875348646999.post-3848362524283377352016-01-14T19:33:00.001-08:002016-01-14T19:34:27.965-08:00design & desenvolvimento: 40 anos depois [livro]<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieXEiFgSZ2h7Yu3SRP11qK5GvD8ZMIk1Qy39fihB-GDo95frAbDIIcXTPuPmYRZAekyTOL7QCsYOiKR929rXI5ZGsaAS9v3mwELR33hWH8a4kNfqMud2Yjaw55vYgyHC2v8Yh0b3Pg6jfn/s1600/File+30-10-2015%252C+12+42+55.jpeg" imageanchor="1"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieXEiFgSZ2h7Yu3SRP11qK5GvD8ZMIk1Qy39fihB-GDo95frAbDIIcXTPuPmYRZAekyTOL7QCsYOiKR929rXI5ZGsaAS9v3mwELR33hWH8a4kNfqMud2Yjaw55vYgyHC2v8Yh0b3Pg6jfn/s400/File+30-10-2015%252C+12+42+55.jpeg" width="400" /></a><br />
<br />
<br />
organizado por mim e pelo meu colega, professor <b>josé mauro nunes</b> (ifht/uerj e fgv), o livro <b>design & desenvolvimento: 40 anos depois</b>, editado pela <b><a href="http://www.blucher.com.br/" target="_blank">blucher</a></b>, foi lançado no final de outubro de 2015. seu conteúdo aborda o design como ferramenta para o desenvolvimento econômico, industrial, social e ambiental, sob diferentes perspectivas - com autores do brasil, colômbia, estados unidos, inglaterra, turquia, china, índia e áfrica do sul - e num contexto histórico dos últimos 40 anos. este recorte temporal parte de 1975, quando a organização das nações unidas para o desenvolvimento industrial, <b><a href="http://www.unido.org/" target="_blank">unido</a></b>, editou um documento contendo recomendações sobre políticas nacionais de design para países emergentes. este documento baseava-se num relatório organizado pelo professor gui bonsiepe, a pedido do <b><a href="http://www.icsid.org/" target="_blank">icsid</a></b>, e que foi concluído e entregue à <b><a href="http://www.unido.org/" target="_blank">unido</a></b> em 1973. ambos os documentos foram classificados como 'reservados' e permaneceram praticamente inéditos desde então, tendo sido liberados pela <b><a href="http://www.unido.org/" target="_blank">unido</a></b> especialmente para a edição deste livro.<br />
<br />
entre os diversos participantes do livro, encontram-se o professor <b>victor margolin</b>, historiador do design com diversas obras importantes publicadas; o professor <b>gui bonsiepe</b>, autor do relatório citado acima e que deu origem a boa parte das discussões do livro; o professor <b>mugendi m'rithaa</b>, presidente o <b><a href="http://www.icsid.org/" target="_blank">icsid</a></b>, e muitos outros autores com pontos-de-vista interessantes e inovadores.<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOX4rDsuovwURpEdrSWQR28tGiwv-mH8PZzswACHpOYIRgirdr8MM6blB5qJJYKOpa4QfGSD_SMrMfH7Ni5DnFOVVe364JzGVKpkTip7MJBHMBO_FRZYqhsC67NgfnXwu8V8WirAZ7_vgj/s1600/FullSizeRender.jpg" imageanchor="1"><img border="0" height="263" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOX4rDsuovwURpEdrSWQR28tGiwv-mH8PZzswACHpOYIRgirdr8MM6blB5qJJYKOpa4QfGSD_SMrMfH7Ni5DnFOVVe364JzGVKpkTip7MJBHMBO_FRZYqhsC67NgfnXwu8V8WirAZ7_vgj/s320/FullSizeRender.jpg" width="320" /></a><br />
<br />
diversos lançamentos já aconteceram ou estão programados para acontecer pelo brasil afora. acompanhe a agenda de lançamentos (quase sempre com debates com os organizadores) através da página do livro no <b><a href="https://www.facebook.com/DesignDesenvolvimento40AnosDepois/" target="_blank">facebook</a></b>.<br />
<br />
durante o lançamento que aconteceu na <b><a href="http://www.semanad.com.br/" target="_blank">semana d</a></b>, em novembro de 2015 em curitiba, a equipe da revista <b><a href="http://designmagazine.com.br/" target="_blank">design magazine brasil</a> </b>gravou comigo uma entrevista sobre o livro. assista abaixo o video da entrevista:<br />
<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/nsRt8wlMuB4" width="425"></iframe><br />
<br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
ficou curioso? no site da editora<b> blucher</b> pode ser baixada uma <b><a href="https://www.blucher.com.br/livro/detalhes/design-amp-desenvolvimento-1114" target="_blank">amostra do livro</a></b>, aonde constam o conteúdo, as duas apresentações (feitas respectivamente pelo diretor da <b><a href="http://www.unido.org/" target="_blank">unido</a></b> no brasil, sr. gustavo aishemberg, e pela sra. edna dos santos-duisenberg, responsável pelo relatório da <b><a href="http://unctad.org/" target="_blank">unctad</a></b> sobre economia criativa) a introdução e o primeiro capítulo (escrito pelo professor victor margolin).<br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span><span style="font-family: inherit;">para aguçar ainda mais a sua curiosidade, veja abaixo a lista dos títulos e autores de cada capítulo:</span><br />
<ul>
<li><span style="font-family: inherit;"><b style="font-family: inherit;">apresentação – a unido e o design industrial – </b><i style="font-family: inherit;">gustavo aishemberg </i></span></li>
<li><span style="font-family: inherit;"><b style="font-family: inherit;">apresentação – o papel do design na era do conhecimento – </b><i style="font-family: inherit;">edna dos santos-duisenberg </i></span></li>
<li><span style="font-family: inherit;"><b style="font-family: inherit;">introdução – por que falar de políticas de design? </b><i style="font-family: inherit;">– gabriel patrocínio </i></span></li>
<li><span style="font-family: inherit;"><b style="font-family: inherit;">design para o desenvolvimento: mapeamento do contexto – </b><i style="font-family: inherit;">victor margolin </i></span></li>
<li><span style="font-family: inherit;"><b style="font-family: inherit;">padrões de desenvolvimento do design industrial no terceiro mundo: um modelo conceitual para países recém-industrializados – </b><i style="font-family: inherit;">h.alpay er </i></span></li>
<li><span style="font-family: inherit;"><b style="font-family: inherit;">design e os países em desenvolvimento: a dialética entre o design para a necessidade e o design para o desenvolvimento – </b><i style="font-family: inherit;">gabriel patrocínio </i></span></li>
<li><span style="font-family: inherit;"><span style="font-family: inherit;"><b>40 anos depois – entrevista com gui bonsiepe – </b><i>gabriel patrocínio e josé mauro nunes </i></span></span></li>
<li><span style="font-family: inherit;"><span style="font-family: inherit;"><b>da américa latina para a américa latina: o design como ferramenta para o desenvolvimento econômico e cultural – </b><i>juan camilo buitrago e marcos da costa braga </i></span></span></li>
<li><span style="font-family: inherit;"><b style="font-family: inherit;">de prebisch ao novo desenvolvimentismo: teoria e prática das políticas industriais </b><span style="font-family: inherit;"><i>– robson gonçalves e roberto aragão </i></span></span></li>
<li><span style="font-family: inherit;"><span style="font-family: inherit;"><b>por dentro da eterna “atemporalidade” da índia – o design traz mais perguntas que respostas? – </b><i>ajanta sen e ravi poovaiah </i></span></span></li>
<li><span style="font-family: inherit;"><span style="font-family: inherit;"><b>design na áfrica: participo, logo existo – entrevista com mugendi k. m’rithaa – </b><i>gabriel patrocínio </i></span></span></li>
<li><span style="font-family: inherit;"><span style="font-family: inherit;"><b>design para o desenvolvimento: uma perspectiva da china – </b><i>sylvia liu e cai jun </i></span></span></li>
<li><span style="font-family: inherit;"><b style="font-family: inherit;">uma mudança de paradigma nas políticas: integrando o design à agenda europeia de inovação – </b><i style="font-family: inherit;">gisele raulik-murphy, darragh murphy e anna whicher </i></span></li>
<li><span style="font-family: inherit;"><b style="font-family: inherit;">consumo e desenvolvimento: perspectivas, limites e impasses do consumo colaborativo na contemporaneidade – </b><i style="font-family: inherit;">josé mauro nunes e izabelle fernanda siveira vieira </i></span></li>
<li><span style="font-family: inherit;"><b style="font-family: inherit;">anexo 1 – desenvolvimento pelo design – </b><i style="font-family: inherit;">gui bonsiepe (1973) </i></span></li>
<li><span style="font-family: inherit;"><b style="font-family: inherit;">anexo 2 – diretrizes básicas para políticas de design industrial em países em desenvolvimento – </b><i style="font-family: inherit;">secretaria da unido (1975) </i></span></li>
</ul>
<br />
<br />
<div style="color: #2d2829; line-height: normal; margin-left: 83px; text-indent: -83px;">
</div>
o livro pode ser encontrado à venda em diversas livrarias online, entre elas a <b><a href="http://www.amazon.com.br/dp/8521209711/ref=asc_df_85212097114095287" target="_blank">amazon brasil</a></b>, e até mesmo nas <b><a href="http://www.casasbahia.com.br/livros/EngenhariaTecnologia/LivrodeEngenhariaGeral/Design---Desenvolvimento---40-Anos-Depois-6851476.html" target="_blank">casas bahia</a></b> e nos <b><a href="http://www.extra.com.br/livros/EngenhariaTecnologia/LivrodeEngenhariaGeral/Design---Desenvolvimento---40-Anos-Depois-6851476.html" target="_blank">supermercados extra</a></b>!gabriel patrocíniohttp://www.blogger.com/profile/11721163443504396184noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2016678875348646999.post-6585673564955470562015-11-23T08:44:00.001-08:002015-11-23T08:44:25.410-08:00bienal de design - para quem?<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCbbOYJdTa3CodZ4rgseUPQM0o1Z-dNyopkqcx6XPrGA4nyxWIa-JIAZDVDcciA906h4dDZKaLjPjRqt9C1f141wywjBqjDggfImiTXdKqbRl882l2qP9VOylAAJBz5MAS_gG5O-S5wCXF/s1600/Pack-Shot-Bienal-2015-1170x700.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="191" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCbbOYJdTa3CodZ4rgseUPQM0o1Z-dNyopkqcx6XPrGA4nyxWIa-JIAZDVDcciA906h4dDZKaLjPjRqt9C1f141wywjBqjDggfImiTXdKqbRl882l2qP9VOylAAJBz5MAS_gG5O-S5wCXF/s320/Pack-Shot-Bienal-2015-1170x700.jpg" width="320" /></a></div>
<i><span style="font-size: x-small;">modelagem 3d do catálogo da bienal por dougrodrigues.com.br</span></i><br />
<br />
para o catálogo da <b><a href="http://www.bienalbrasileiradedesign.com.br/" target="_blank">bienal brasileira de design 2015</a> - florianópolis</b>, escrevi um texto de apresentação, compartilhado logo abaixo.<b> </b><br />
o catálogo, com projeto gráfico da <b><a href="http://www.egdesign.com.br/" target="_blank">eg design</a></b>, pode ser visto integralmente em <b><a href="http://issuu.com/drod15/docs/cat__logo_biena_brasileira_de_desig" target="_blank">edição online</a></b>.<br />
<br />
<br />
<b><i>bienal de design - para quem?</i></b><br />
<b><i><br /></i></b>
a bienal brasileira de design é hoje o maior evento de design efetivamente nacional voltado de maneira ampla para a produção dos diversos setores da nossa indústria, comércio e serviços, exibindo o alto grau de qualidade, inovação e competitividade do nosso design. consequentemente está imbuída de um significado extremamente relevante para a nossa indústria e para nossos profissionais de design – que desempenham hoje um papel que é cada vez mais estratégico e integrado aos estágios iniciais e decisórios na cadeia de desenvolvimento de produtos, de serviços e até mesmo de novos negócios e de políticas públicas. a bienal traz portanto um caráter intrinsicamente estratégico em si própria, pela sua magnitude, representatividade, e pelo registro que faz tanto para a história como para servir de benchmark para o mercado, além de plataforma de experimentação, discussão e lançamento de novas ideias e novos produtos.<br />
<br />
ao ser atribuído à esta edição da bienal brasileira de design o tema “design para todos”, procurou-se enfatizar uma série de princípios sobre os quais se assenta o bom design. não se estava portanto falando de design de uma maneira mais ampla, mas sim fazendo um recorte bastante específico. fala-se daquele design que inclui, que amplia o alcance, que estabelece conexões, que integra, que proporciona oportunidades igualitárias, que considera todo o amplo espectro de usuários - <i>“e não apenas personas”,</i> nas palavras de dan formosa (um dos participantes do seminário internacional). neste universo deve-se considerar (e incluir) ainda o design com todos, aonde o usuário assume o papel de co-participante do processo de criação de novos produtos e serviços e da atribuição de valores à estes. isto não faz com que todos sejam designers - o mundo seria insuportável se este fosse o caso - mas distribui entre todos, de forma igualitária, democrática e cidadã a responsabilidade de construir o nosso futuro através dos objetos, produtos, serviços, que consumimos e utilizamos. faz com que todos sejam chamados a pensar sobre o uso racional de recursos, de energia, sobre a vida útil dos produtos, sobre o valor econômico da produção, sobre valores culturais, sobre convivência entre diferentes.<br />
<br />
mas há outras dimensões que devem ser consideradas também dentro deste tema, e que perpassam a própria ideia de uma grande exposição representando o design nacional. como bem chamou atenção ralph wiegmann, outro dos convidados internacionais durante o seminário de abertura: design para todos, antes de mais nada, não é design para designers apenas. sabemos que um seminário internacional sobre design vai atrair principalmente um público de designers - profissionais, pesquisadores e estudantes da área - pois estes são os principais interessados em debater e fazer avançar a sua área de atuação. no entanto, é necessário que se deem passos cada vez mais efetivos para haver um melhor entendimento sobre o potencial que a disciplina do design traz para a indústria, para o comércio, para os serviços, e para o governo - e obviamente, até por extensão, à toda a sociedade. existe portanto a necessidade de estender o alcance para que mais empresários, mais governantes, mais legisladores, mais membros do poder executivo, mais estudantes de todos os níveis e de todas as áreas, mais donas de casa, mais funcionários públicos, mais operários, mais trabalhadores de todas as áreas, se interessem em saber o que é design - e que benefícios pode trazer para todos.<br />
<br />
no atual cenário político e econômico, em que caberia investir em design, inovação e aumento da competitividade, o que se tem visto na área do design é uma redução constante do apoio governamental. o papel estratégico desempenhado pelo design hoje na europa, e incentivado através de programas originados nos organismos de gestão da ce e replicados pelos seus países-membros, tem sido frequentemente desconsiderado nas esferas públicas no brasil. até mesmo programas que alcançaram relativo sucesso foram recentemente desmobilizados ou desestruturados, e sente-se a falta de um instrumento eficaz de gestão das políticas nacionais de design, como de resto existe em diversos países aonde o design é considerado uma ferramenta estratégica imprescindível – reino unido, finlândia, coréia do sul, taiwan, para citar apenas alguns.<br />
<br />
pudemos observar a mobilização e o entusiasmo com que a federação das indústrias de santa catarina abraçou o evento para torná-lo viável, junto com outros importantes parceiros do governo estadual e federal. no entanto não posso me esquecer da experiência vivida há quase vinte anos num congresso do icsid no canadá, quando a coréia do sul disputava o privilégio de sediar congresso semelhante em seul. para defender a candidatura, além do apoio (e investimento) massivo da indústria coreana, a delegação trazia dois ministros de estado. havia ali uma clara intenção política de fazer uso do design como uma ferramenta para alavancar a indústria coreana a novos patamares de inovação e competitividade, cujos resultados todos conhecemos hoje. é muito importante enfatizar este episódio: não eram funcionários graduados que haviam se deslocado de seu país para representar o governo – mas sim dois representantes do primeiro escalão do governo coreano, numa clara afirmação da importância que o presidente e seus ministros atribuíam ao design. este endosso oficial ao evento internacional fazia parte de um plano maior que tinha como objetivo alavancar economicamente o país – objetivo este plenamente alcançado. precisamos atingir no brasil este grau de entendimento e comprometimento por parte de nossos governantes. já presenciei e li declarações vindas de políticos do primeiro escalão executivo – em instâncias federais, estaduais e municipais – que comprovam existir sensibilidade ao assunto, mas ainda precisamos de maior comprometimento, de mais espaço nas agendas. cabe a nós designers – e aos empresários e políticos engajados e comprometidos com esta agenda – a responsabilidade de levar às diversas instâncias de governo o conhecimento sobre o papel estratégico do design, através de ações focadas nestes segmentos. um maior número de empresários também precisa ser atingido e sensibilizado. existem diversas possibilidades a explorar – muitas delas a partir do próprio projeto da bienal.<br />
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o brasil tem recebido uma tal quantidade de prêmios internacionais de design que isso fez com que o <i>design council</i> britânico apontasse em 2008 o nosso design como <i>“serial award-winner”</i> – um enorme elogio dentro de um relatório que apontava novas tendências internacionais que deveriam ser observadas. de lá para cá só fizemos aumentar o número de prêmios conquistados – a consequência lógica seria portanto explorar isso levando nossos produtos para serem expostos e consumidos em outros mercados. sinal de maturidade do nosso design e da nossa indústria, essa exposição a um mercado internacional extremamente competitivo produz reconhecidamente uma espiral ascendente de qualidade, posicionando nossos produtos favoravelmente no mercado internacional. a bienal brasileira de design traz nesse aspecto uma grande oportunidade: da mesma forma que temos recebido representações de países convidados (este ano, a holanda), deveria se aproveitar o enorme e custoso esforço de levantamento e fichamento da produção nacional e levar ao menos parte da mostra principal para um itinerário de divulgação no brasil e no exterior. sua itinerância no país serviria para potencializar e amplificar seus objetivos de levar à sociedade o entendimento do que é design e mostrar a significante produção do país. leva-la ao exterior, em feiras, mostras e museus, serviria para a prospecção de novos mercados, demonstrando a maturidade de nossas empresas e do nosso design. <br />
pensando localmente, os quase 150 eventos paralelos que invadiram a cidade somados aos sete eventos principais da bienal brasileira de design certamente deixarão um legado importante para florianópolis: um melhor entendimento da população, de empresários e da esfera pública sobre o que é design e qual o potencial que ele tem de transformar realidades. uma compreensão de que o design vai muito além do seu aspecto estético. que design não é um componente apenas de produtos de luxo. que design não é custo, mas investimento – e que traz um retorno bastante significativo, como diversos estudos nacionais e internacionais comprovaram nos últimos anos.<br />
<br />
esta bienal é portanto para todos – e não apenas de e para designers – mas tem ainda o importante papel de apontar caminhos para o governo, para os empresários, e para a sociedade. para que estes possam reconhecer e acreditar no poder de transformação e de promoção de crescimento econômico, industrial, e social que o design traz em sua capacidade agregadora e transdisciplinar. precisamos assegurar que se enxergue no design não apenas o seu aspecto estético, mas principalmente o seu potencial inovador e estratégico. um bem conduzido processo de design que racionaliza produção e uso de materiais, alcança mais fácil e efetivamente o mercado por reconhecer empaticamente o usuário, reduz riscos ao assimilar internamente a experimentação como método de projeto. bom design para o empresário e para o usuário, para o meio ambiente e para o desenvolvimento da sociedade. bom design para todos!</div>
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gabriel patrocíniohttp://www.blogger.com/profile/11721163443504396184noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2016678875348646999.post-75757470140513541032015-11-13T11:36:00.000-08:002015-11-23T08:40:30.682-08:00pensando o design thinking<div class="separator" style="clear: both;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsqYFGJTS4OXkj9HGnjPDAfk5xfclEcaKojaDW_at3yqEOD9_M30mQL5xFHL-HwefiOkqb_JJiugz1EwEjTlovEdxLnuC8d0jXuEwJGj4Cpkr201N4JgQpUqdMmjlGCqCI4X0h0V7OTJbm/s640/blogger-image--1681410597.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsqYFGJTS4OXkj9HGnjPDAfk5xfclEcaKojaDW_at3yqEOD9_M30mQL5xFHL-HwefiOkqb_JJiugz1EwEjTlovEdxLnuC8d0jXuEwJGj4Cpkr201N4JgQpUqdMmjlGCqCI4X0h0V7OTJbm/s640/blogger-image--1681410597.jpg" /></a></div>
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foi lançado agora em outubro outro livro que teve minha participação. escrevi o prefácio para o livro <b>design thinking & thinking design</b>, de autoria dos meus ex-alunos ricardo abelheira e adriana melo. é uma excelente obra de referência sobre o tema, que eu recomendo para designers e não-designers.<br />
<br />
compartilho aqui o texto que escrevi para o livro, com algumas reflexões sobre o design thinking - espero que apreciem:<br />
<br />
<br />
a ideia do pensamento sintético do designer como sendo complementar ao pensamento analítico do cientista é algo que já vem sendo explorado desde os anos setenta. estruturada como metodologia, a maneira pelo qual o designer pensa e desenvolve projetos é objeto de estudos anteriores a isto, sendo disciplina básica para qualquer formação na área. não basta ao designer ser criativo, ou vaguear à busca de inspiração. seguir uma metodologia sempre foi a maneira dos designers driblarem as dificuldades de lidar com problemas diversos. e na medida que esses problemas se tornam mais complexos, há a necessidade de repensar também os processos para se lidar com eles.<br />
<br />
neste contexto é que, a partir dos anos noventa, começa a ser formatado na universidade de stanford aquilo que recebeu um nome simples e objetivo: o pensamento do design(er) – design thinking. e david kelley, sócio e fundador da ideo, ajudou a transpor isso para o mundo dos negócios, aonde imediatamente alcançou enorme sucesso, numa era em que a economia se voltava para o conhecimento e para os ativos intangíveis. não sem causar desconfiança entre os designers – afinal isso não era nada além do que eles já faziam há muito tempo!<br />
<br />
em 2011, o tema já despertava um grande interesse no mundo dos negócios e entre designers, quando um grupo de jovens em taiwan decidiu produzir o filme design & thinking (dirigido por mu-ming tsai). deste filme, entre os muitos depoimentos sobre dt, destaco as falas de três entrevistados: tim brown, sara beckman e roger martin.<br />
<br />
tim brown, ceo da empresa de design ideo, e com a autoridade de um dos maiores autores e especialistas no assunto, confirma que o dt tão-somente aplica métodos e abordagens estabelecidas do design a um conjunto mais amplo de problemas nos negócios e na sociedade. ou seja: sim designers, é isso mesmo que vocês diziam, mas com uma roupagem dirigida à área dos negócios, que começava a se interessar pelo assunto e precisava de alguma forma se aproximar mais.<br />
<br />
construir uma ponte (ou não) vira quase uma parábola numa aula de sara beckman, quando ela demonstra que os problemas geralmente não são tão óbvios assim quanto parecem. por quê? para quê? quais as alternativas? numa rápida sequência de perguntas e respostas sem barreiras, percebe-se que há muitas maneiras de se alcançar o que se pretende, e nem sempre a mais óbvia ou a mais imediata é a melhor. no final a ponte a que ela se refere destinava-se, como se descobre depois de muitas perguntas, apenas a levar mensagens de um a outro lado, o que poderia ser feito de diversas outras maneiras mais simples, mais rápidas, mais baratas, e mais eficientes. re-enquadrar problemas, questionar continuamente, procurar entender a questão central - e não aquela que se oferece pronta e rapidamente - é o objetivo do dt.<br />
<br />
destaca-se ainda no filme a intervenção de roger martin, diretor da rothman school of management da universidade de toronto, que adverte sobre um dos riscos existentes na atual popularização do dt. segundo ele, o espírito do dt não sobrevive à sua redução à uma fórmula fechada, um algoritmo de processamento de inovação. o valor do design se perde quando este é reduzido à uma fórmula.<br />
<br />
por isso, - com a desculpa pela avalanche de termos em inglês - se você fizer um mashup de mindmap + moodboard + pinboard + post it wall, ao som de all together now dos beatles (também vale forró, ou pink floyd, bach, ou um podcast com tudo isso), parabéns! você entendeu o espírito da coisa. brasileiros criaram (ou reinventaram, dizem alguns) um lugar aonde você pode comer sushi com feijoada, misturando comidas, culturas e tendências e pagando por quilo! então a gente já tem os genes para entender como fazer essa mistura.<br />
<br />
outra questão que se poderia levantar é sobre as consequências do empoderamento do usuário promovido no co-design ou no uso do dt como ferramenta de resolução de problemas - isto transformaria potencialmente qualquer pessoa num designer?<br />
<br />
vamos pensar juntos então: conseguir desenhar e interpretar a planta de uma casa não faz de você um arquiteto; saber cozinhar não faz de você um chefe de cozinha; saber tratar de animais não faz de você um veterinário; da mesma forma que dominar razoavelmente bem uma ferramenta de criatividade como o dt não faz de ninguém um designer! ou como diz david kelley no filme citado acima: quando você procura um médico, você quer o melhor especialista possível, e não um curioso qualquer...<br />
<br />
em 2015, ao participar pelo segundo ano consecutivo do corpo de jurados de um concurso internacional de design (na categoria de projetos de estudantes) eu notei, em relação ao ano anterior, um crescimento do número de projetos inscritos que não passariam nem mesmo de uma primeira filtragem num processo de desenvolvimento de um novo produto. gadgets inconsequentes, uso exagerado de tecnologia embarcada em produtos que nem de longe precisariam daquilo tudo. bem, mas afinal eram trabalhos de estudantes, certo? seria somente por esta razão? o nível era elementar, e se as escolas de design estão formando designers sem essa habilidade mínima de filtragem inicial, estamos perdidos, eu pensei. para minha surpresa, observei que a grande maioria desses projetos "sem filtro" haviam sido inscritos por estudantes de cursos de gestão, e não escolas de design! ou seja, eram um "efeito colateral" do ensino massivo de dt nestas escolas...<br />
<br />
bem, pelo menos sabemos que teremos gestores mais criativos, pensando mais "fora da caixa" - mas será que eles estão efetivamente compreendendo o que é design? designers tem uma atividade profissional demarcada - embora com áreas de sombreamento com outras profissões, exatamente por seu caráter transdisciplinar - e exercem sua atividade em equipes com diversos outros profissionais que contribuem cada um na sua especialidade para o desenvolvimento de projetos cada vez mais complexos. e esta particularidade é algo que precisa ser bem compreendido – especialmente por gestores.<br />
<br />
se observamos um diagrama que representa o fluxo de desenvolvimento de ideias no dt, podemos perceber que, considerando um ciclo completo de desenvolvimento de produto, existem ali enormes simplificações. isso porque não se pretende, através de sessões de dt, desenvolver integralmente um projeto de produto - mas apenas gerar ideias inovadoras. numa dinâmica de dt, designers podem agir como catalisadores e como “filtros” de ideias, selecionadas a partir de um fluxo livre e contínuo. mas ao se afunilar o processo para se chegar a um produto com bom design, aí devem contribuir conhecimentos técnicos de diversos especialistas: administradores, engenheiros, especialistas em mercado, psicólogos, ou quem mais estiver envolvido na cadeia de desenvolvimento daquele tipo de produto.<br />
<br />
em resumo: use, leia, aprenda, inspire-se, crie – mas não transforme estes conhecimentos em fórmulas prontas. não existe fórmula para criatividade. existem maneiras de provoca-la, de estimula-la, de liberar as amarras e navegar sem um destino pré-estabelecido, apenas supondo que se vai chegar a algum lugar – e que este lugar pode ser muito mais interessante do que você esperava!<br />
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<br /></div>
gabriel patrocíniohttp://www.blogger.com/profile/11721163443504396184noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2016678875348646999.post-79616617471597883502015-11-02T14:08:00.001-08:002018-07-14T14:19:35.630-07:00design, que design?<img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOfjBdLxJBVWNw7pCzkMW5AiCsTX1VCzwetCo3sP-OFj2n8ogkJPQGHEJCe5zPsfLsMpUYSsT7AaZPwYneni_WesNP-3GOA17T-1ra9F_moHurno6tYWkybB6hNbxy0WEnTNNwSc6cJuad/s1600/design.jpg" data-original-width="400" data-original-height="210" />
<br />
<br />
na minha tese de doutorado cito algumas referências que apontam alguns sérios problemas causados pela incorreta compreensão sobre o que seja o design como atividade profissional (*). frequentemente ao ser indagado sobre este assunto, tenho dito que se deve recorrer à definição internacionalmente aceita do <b>icsid</b>, o conselho internacional de sociedades de design industrial, recentemente renomeado <b>wdo</b>, organização mundial do design.<br />
<br />
pois então - após um grande debate, eles acabam de publicar uma definição revista e atualizada, da qual eu fiz a seguinte tradução:<br />
<i><br /></i>
<i><b>"o design industrial é um processo estratégico de solução de problemas aplicado a produtos, sistemas, serviços e experiências, resultando em inovação, sucesso comercial e melhor qualidade de vida. é uma profissão trans-disciplinar que conecta inovação, tecnologia, negócios, pesquisa e usuários, fazendo uso de criatividade e visualizações para resolver problemas e criar soluções, reenquadrando problemas como oportunidades, com o objetivo de fazer melhores produtos, sistemas, serviços, experiências ou negócios, proporcionando novos valores e vantagens competitivas. o design industrial considera os aspectos econômicos, sociais, ambientais e éticos dos seus resultados, visando a criação de um mundo melhor."</b></i><br />
<br />
a nova definição pode ser encontrada no <b>site do icsid<a href="http://www.icsid.org/about/about/articles31.htm"></a></b>, assim como um excelente <b>histórico de definições <a href="http://www.icsid.org/about/about/articles33.htm"></a></b>anteriores.<br />
<br />
por sua vez, o <b><a href="http://www.ico-d.org/" target="_blank">ico-d</a></b> (conselho internacional de design - novo nome do <b>icograda</b>, o conselho internacional de associações de design gráfico), dispõe em seu site de uma definição da atividade profissional de design:<br />
<br />
<i><b>"design é uma disciplina dinâmica, em constante evolução. o designer treinado profissionalmente aplica a intenção na criação do ambiente visual, material, espacial e digital, cientes do empírico, empregando abordagens híbridas e interdisciplinares à teoria e pratica do design. eles compreendem o impacto cultural, ético, social, econômico e ecológico das suas realizações, e sua responsabilidade final sobre as pessoas e o planeta tanto nas esferas comercial e não-comercial. um designer respeita a ética da sua profissão."</b></i><br />
<br />
<br />
<i>(*) patrocinio,g. <b><a href="http://www.politicasdedesign.com/2014/10/politicas-de-design-tese.html" target="_blank">the impact of european design policies and their implication on the development of a framework to support future brazilian design policies</a></b> (página 16). cranfield university (tese de doutorado): cranfield, reino unido. 2013.</i>gabriel patrocíniohttp://www.blogger.com/profile/11721163443504396184noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2016678875348646999.post-57667892284327477302014-12-30T08:47:00.000-08:002014-12-30T08:47:03.360-08:00design no âmbito da economia e de políticas industriais<br />
[<i>transcrição da minha participação no debate promovido pelo british council em são paulo, novembro de 2013, organizado pela economista lidia goldenstein. a íntegra das discussões foi lançada em novembro de 2014 sob a forma de uma coleção com três volumes - ver link abaixo do artigo</i>]
<br />
<br />
<br />
<img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6K4xCa3dqqyvkBznTccdkvpr-S-JRL-KQrXmHk_MvAk6QY80Eo-R_LEBMcORDJAkGqNi33ZHjkF6S8CTS-PsfKAFOUj7KqDeDNdHE2KwDld64hyD2aF2eEOvXxVQUd6GsAz_zt9SQNN9p/s320/capa_debate_bcouncil.png" />
<br />
<br />
questionamentos sobre design e
inovação não são assuntos novos no brasil. há quase 140 anos, o estadista,
advogado e multifuncional rui barbosa dizia, na inauguração do liceu de artes e
ofícios, no rio, que o desenho – ele não usava o termo design – era um ofício
que devia ser incorporado pela indústria brasileira para que o país deixasse de
ser exclusivamente um exportador de matéria-prima. e mais: se conseguíssemos
unir a habilidade para o desenho, bem demonstrada naquela instituição de ensino
na época, com as riquezas naturais do brasil, seríamos altamente competitivos.
<br />
<br />
nós nos esquecemos disso por cento e
tantos anos e voltamos ao assunto no início dos anos 70, com o primeiro plano
nacional de desenvolvimento científico e tecnológico. na época, a unido [ou
onudi – organização das nações unidas para o desenvolvimento industrial, em
português] havia publicado alguns documentos sobre a importância de que países
periféricos, ou em desenvolvimento, tivessem políticas nacionais de design, que
usassem o design como uma ferramenta de desenvolvimento econômico e social. nos
anos 70, gui bonsiepe, designer alemão que se radicou na américa latina e hoje
está no brasil, dizia que havia um erro estratégico sendo cometido em termos de
políticas de design: nós, designers, estávamos preocupados em falar para os
empresários, para a sociedade e para o governo quando deveríamos falar para o
governo, para a sociedade e para os empresários; estávamos invertendo
completamente a ordem. o governo não tinha noção do que falávamos; nós,
designers, não sabemos falar com o governo, precisamos aprender essa outra
linguagem. não sabemos falar com os empresários também, outra questão mais
séria ainda.
<br />
<br />
dando outro salto, nos anos 2000
começa-se a falar em inovação, em como a sociedade pós-industrial em que
vivemos começa a carecer de outras maneiras de competição além de preços e
tecnologia. em 2008, o reino unido lançou seu planejamento de inovação, <i>inovation nation</i>, citado no ensaio da
ailbhe [mcnabola]. nas 52 páginas do documento, design como ferramenta de
inovação, como atividade, é mencionado 60 vezes. em 2010, a união europeia
publicou seu próprio documento a respeito, chamado <i>inovation union</i>, com 43 páginas, que menciona 14 vezes o design
como a ferramenta fundamental de inovação, que não deveria ser desprezada. um
ano depois, o brasil edita a estratégia nacional de tecnologia e inovação para
2012 e 2015. temos a capacidade de sermos prolixos sempre, então o nosso
documento tem 220 páginas, mas não fala em design uma única vez.
<br />
<br />
hoje percebemos que há uma abertura
para discutir design com o governo em várias instâncias e com órgãos de fomento
também. o bndes [banco nacional de desenvolvimento econômico e social] lançou não só o <b>prodesign</b>, mas o
<b>procult</b>, com r$ 1,5 bilhão de reais, que também atinge o designer. só nesses
dois programas já são r$ 2 bilhões, r$ 500 milhões para financiar design e uma
fatia de r$ 1,5 bilhão que também pode ser usada para isso. o governo do estado
do rio lançou, recentemente, um programa próprio de financiamento de r$ 80
milhões. na semana passada, tive uma reunião no rio com a presidência da finep
[agência brasileira da inovação], discutindo como ajudá-los a entender melhor o
design como ferramenta de inovação. nesses lugares, temos encontrado um
panorama muito curioso: admite-se que o design é parte do processo de inovação
que está sendo financiado, mas o julgamento é absolutamente subjetivo, não se
sabe de que design se está falando, não se sabe por que o design é uma
ferramenta de inovação.
<br />
<br />
durante a brasil design week 2013 em
são paulo, nós da abedesign [associação brasileira de empresas de design] debatemos
sobre o lançamento do programa do bndes. nossa preocupação é que parecia um casamento
para o qual se esqueceram de avisar a noiva: o programa lançado foi uma
surpresa para nós, designers. uma boa surpresa, mas, ao mesmo tempo,
preocupante, porque é um programa que estabelece um corte inicial muito elevado
– r$ 3 milhões, se eu não me engano – para entrada de projetos de design. para
o bndes, já significa abaixar bastante o patamar habitual, que acho que é de r$
10 milhões financiáveis. ainda assim, para projetos de design de uma maneira
geral, é um patamar bastante elevado.
<br />
<br />
estamos chegando lá, mas precisamos
encontrar mecanismos para capilarizar um pouco mais esses recursos. tenho até
um certo receio de falar de capilaridade de recursos, porque temos uma
tendência no brasil a sempre capilarizar, atingir todas as instituições, todos
os locais, e isso, num país de proporções continentais, é um problema sério.
acabamos não nos concentrando em nada, em nenhum programa de excelência, e
criando uma enormidade de ações das quais um percentual mínimo efetivamente
vinga. há quase dez anos, quando estava na direção da esdi [escola superior de
desenho industrial], montamos um seminário com o bndes para discutir o que
acontecia com as políticas de design no país: fazia-se alguma coisa, mas não ia
adiante. a causa apontada foi a excessiva capilaridade de recursos. <b>no brasil, às vezes há preocupação muito
grande em distribuir recursos da forma mais democrática possível e cobrir toda
essa enorme extensão territorial, mas não se consegue fazer isso</b>. fiz meu
doutorado em um programa do reino unido, cuja decisão estratégica de política
de design nacional faz o oposto disso: decidiu-se concentrar todos os esforços
em uma instituição para que essa se tornasse uma instituição de excelência.
alcançando sucesso, esse exemplo se replicará e será seguido por outras
instituições.
<br />
<br />
em 2008, organizamos um seminário
internacional sobre políticas de design no rio de janeiro e convidamos
representantes da espanha, da coreia do sul e do reino unido. eles trouxeram um
panorama bastante diverso do que acontecia no brasil. estes países tinham
centros, conselhos de design para propor, desenvolver e gerir programas de
design, com grandes equipes, números impressionantes, enquanto no brasil nós
tínhamos apenas uma pessoa no ministério do desenvolvimento tomando conta de um
programa de design junto com programas de outras áreas. era impossível essa
única pessoa gerir sozinha qualquer um daqueles programas, quanto mais diversos
programas. eram programas que existiam só no papel.
<br />
<br />
o planejamento original do programa
brasileiro de design é muito bem-feito, mas <b>não dá para querer reinventar a roda e gerir políticas públicas sem um
órgão de gestão de políticas públicas</b>. há poucas semanas, em um debate na
editora abril, disseram: “se vocês vão esperar que o governo faça alguma coisa,
esqueçam; o segmento de design não vai crescer nunca”. eu contra-argumentei:
“design é componente fundamental na promoção da inovação – e estamos de acordo
com isso. se pretendemos nos tornar mais competitivos através da inovação e sabemos
que para isso precisamos do design, basta olhar para os países mais
competitivos no mundo hoje e ver como eles gerem as suas políticas de design;
não adianta imaginar que vamos fazer de um jeito completamente diferente”.
<br />
<br />
eu vejo com muita preocupação como a
economia criativa vem sendo tratada dentro da área da cultura no brasil. <b>o produto do design pode se situar no
ambiente da cultura, mas a produção do design se estabelece no âmbito da
economia</b>. portanto, o foco maior da discussão de políticas de design não
pode ser deslocado para o produto do design, mas sim tratar das relações que
existem entre design e inovação, desenvolvimento, políticas de ciência e
tecnologia. se desconsiderarmos este contexto, vamos nos afastar do verdadeiro
papel que o design representa, ou pode representar, para a economia. aliás,
esse é o sentido original do que richard florida escreveu há tempos, a visão
macroeconômica sobre as indústrias criativas e o papel delas como fator de
competitividade. isso muito me preocupa. <b>não
podemos considerar o design apenas em relação ao seu produto final, pois isso
alimentaria a visão do design como uma casca que aparece ao final da produção,
e não como processo integral, <i>front end</i>
da inovação</b>.
<br />
<br />
em um artigo de 2009, o deputado
antonio palocci [ex-ministro da fazenda] disse que o design fez mais pela
economia brasileira do que qualquer medida protecionista. essa percepção dele
tinha origem e se ampliava a partir do segmento da moda. existe, entre os
economistas, uma vaga percepção sobre a importância do design, mas esse desvio
de rota que se está fazendo é muito preocupante.
<br />
<br />
job rodrigues [bndes] questionou como
ir além dos prêmios e da promoção no design, afirmando que uma política de
design tem de ir além disso. isso vem sendo discutido há pelo menos 70 anos,
que é a idade do design council. os historiadores remetem a história das
políticas de design até o século 19, pelo menos; antes ainda, como uma
pré-história, as políticas de design teriam surgido associadas às políticas
mercantilistas e depois às feiras universais etc. uma das grandes críticas dos
teóricos e historiadores do design ao próprio design council é que, muitas
vezes, ele tomou o caminho da evangelização pelo design, como a ailbhe
mencionou, por ser mais fácil fazer isso do que intervir no mercado. a
intervenção no mercado é muito mais difícil de ser feita; falar dos aspectos
positivos do design é muito mais fácil. aqui cabe uma grande autocrítica: <b>nós, designers, temos a
tendência de só falar, fazer esse papel de evangelistas de nós (e para nós) mesmos.</b>
nisso somos muito semelhantes, possivelmente, aos médicos que, quando lidam com
a vida humana, têm a tendência de se verem como super-homens. designers têm a
tendência de ser super-homens - afinal, designer é a profissão de deus - isso é muito perigoso.
<br />
<br />
quando falam que as políticas de
design não estão inseridas em políticas tradicionais industriais e de inovação,
eu discordo. usando o exemplo do design council: ele foi criado em 1944,
durante a segunda guerra, para contribuir para que a indústria britânica
crescesse depois que terminasse a guerra. um dos seus objetivos era fornecer
mobiliário, acessórios de casa etc. para os bombardeados da guerra e para a
grande quantidade de novos casamentos esperados com o retorno dos jovens que
tinham ido para a guerra. eles iam formar novas famílias e precisavam mobiliar
e montar casas. isso poderia alimentar a indústria britânica, que precisava
voltar a crescer. é difícil haver maior inserção do design em uma política
industrial do que isso!
<br />
<br />
outra coisa da qual eu também
discordo é que as políticas de design surgem a reboque da indústria. as
políticas de design têm sido usadas muitas vezes para intervir na indústria. a
indústria coreana, por exemplo, fez uma opção de investir num segmento bastante
incomum, o setor da indústria automobilística. o carro coreano há 10, 20 anos,
para nós, no brasil, era a towner, da kia, aquele carro horroroso. hoje, os automóveis
coreanos competem com a bmw, num patamar completamente diferente. foi uma opção
de intervenção num segmento da indústria, sofisticado, totalmente diferente de
uma ação em indústria de pequeno porte. foi uma ousadia em termos de política
pública o que a coreia fez naquele momento.
<br />
<br />
sobre política intervencionista no
mercado para corrigir falhas sistêmicas, esses documentos da unido dos anos 70
que mencionei previamente sugeriam exatamente esse caminho, que as políticas de
design deveriam surgir para apoiar políticas industriais e de ciência e
tecnologia, e mostravam como fazer isso. tinham fórmulas prontas que poderiam
ser adotadas. no brasil, algumas foram seguidas. o departamento de design do
int [instituto nacional de tecnologia] no rio foi criado nessa época, nos anos
70, dentro de uma política industrial. o cetec [fundação centro tecnológico de
minas gerais], de belo horizonte, também foi criado nessa época para dar apoio
à indústria moveleira local como parte de uma política industrial e
tecnológica. existem exemplos práticos no brasil e há outros exemplos de
intervenção de políticas de design hoje em dia na coreia, finlândia, dinamarca,
suécia e, mais perigosamente, falando de nossa competição direta, em cingapura,
na índia e na china.
<br />
<br />
<br />
<br />
[<i>a série completa com as três publicações do british council está disponível online, na página "<a href="http://transform.britishcouncil.org.br/pt-br/content/dialogos-de-economia-criativa-entre-o-brasil-e-o-reino-unido" target="_blank">diálogos de economia criativa entre o brasil e o reino unido</a>"</i>]gabriel patrocíniohttp://www.blogger.com/profile/11721163443504396184noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2016678875348646999.post-61258980254121059802014-12-29T11:58:00.000-08:002018-07-14T14:41:00.877-07:00design, política, políticas, políticos…<img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtTvhmLHPh9HWwHjikQFulFFz9koAXufQXeheRAggKk_BRyA_hed0REspZ6hfVBwbC1oYG6sSg_-5HpmzyDYNdWSoeFhQz4fyIbhyphenhyphenmfTJH-Nrozdo4ZTZAsgDQ_1F2XgMh-bwAC0VOYE95/s1600/DPolicies.png" data-original-width="400" data-original-height="152" />
<br />
<br />
ao longo dos últimos meses tenho repetido, com algumas variações e adaptações aos propósitos e às diferentes platéias, uma palestra sobre políticas de design. nela eu falo de definições, de problemas relacionados ao desconhecimento, do panorama mundial (com frequência focando apenas no reino unido, para abranger questões típicas), da situação no brasil e suas potencialidades e perspectivas.<br />
<br />
consigo enxergar com otimismo o cenário e as perspectivas do design no brasil, especialmente pelas potencialidades que percebo tanto na nossa índole criativa e adaptadora, quanto nas carências do governo (em todas as suas instâncias) por uma ferramenta como o design para desenvolver políticas e serviços públicos mais efetivos e eficientes.<br />
<br />
compartilho aqui uma das versões desta palestra, que contém ainda algumas questões relacionadas à propriedade intelectual, já que foi apresentada no <b>seminário internacional de desenho industrial</b> promovido na <b>puc de porto alegre</b> pelo <b>inpi (instituto nacional de propriedade intelectual)</b> e pela <b>ompi (organização mundial de propriedade intelectual)</b>. aqueles que me assistiram no rio de janeiro no dia 9 de novembro (semana design rio, no jóquei) ou em goiânia no dia 17 de dezembro (na incubadora goiás criativo) vão reconhecer o conteúdo da primeira parte!<br />
<br />
pois bem, que 2015 seja um ano repleto de realizações para o design brasileiro!<br />
<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="355" marginheight="0" marginwidth="0" scrolling="no" src="//www.slideshare.net/slideshow/embed_code/42875539" style="border-width: 1px; border: 1px solid #CCC; margin-bottom: 5px; max-width: 100%;" width="425"> </iframe> <br />
<div style="margin-bottom: 5px;">
<strong> <a href="https://www.slideshare.net/gabrielpatrocinio/propriedade-intelectual-polticas-de-design" target="_blank" title="propriedade intelectual & políticas de design">propriedade intelectual & políticas de design</a> </strong> from <strong><a href="https://www.slideshare.net/gabrielpatrocinio" target="_blank">Gabriel Patrocinio</a></strong> </div>
<br />
<br />gabriel patrocíniohttp://www.blogger.com/profile/11721163443504396184noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2016678875348646999.post-53120574110355967112014-10-31T14:16:00.000-07:002016-05-25T10:51:40.901-07:00políticas de design: a tese<br />
<img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrNgmAmB1x3Lrsi-KIJf_ZRHSsESd3tczyoZYuE37-TDmFKwwmbqunj6yNRXUJykx_OWtpVH4Tqc8oLuvewxnjY0l6JipoTGRTxOtF1flwwyaaoEzqv98fhtT7bnDfXjjACDYEf7gVwYRQ/s400/TesePhD_GPatrocinio.jpg" />
<br />
<br />
<div>
de outubro de 2009 a maio de 2013 dediquei-me integralmente a pesquisar, discutir, e escrever sobre políticas de design. este foi o período que passei na universidade de cranfield, reino unido, desenvolvendo o meu doutorado. finalmente em novembro de 2013 passei pela minha banca e fui aprovado após fazer algumas correções solicitadas.</div>
<br />
<div>
a pesquisa recebeu o título: the impact of european design policies and their implications on the development of a framework to support future brazilian design policies.</div>
<br />
<div>
recentemente foi disponibilizado pela biblioteca da universidade o link para a tese, que compartilho agora com vocês:</div>
<br />
<div>
<a href="https://dspace.lib.cranfield.ac.uk/handle/1826/8565" target="_blank">https://dspace.lib.cranfield.ac.uk/handle/1826/8565</a></div>
<br />
<div>
a tese está disponível também através do sistema <a href="http://ethos.bl.uk/" target="_blank"><b>ethos</b></a> (electronic theses online service), da <b>british library</b>:</div>
<br />
<div>
<a href="http://ethos.bl.uk/OrderDetails.do?did=3&uin=uk.bl.ethos.613507" target="_blank">http://ethos.bl.uk/OrderDetails.do?did=3&uin=uk.bl.ethos.613507</a></div>
<br />
<div>
espero que vocês gostem a façam bom proveito!</div>
<br />
<br />
<b>atualização:</b>
<br />
<br />
<img border="0" height="222" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvjT99ZuINwfWRizGrqe3xssnsxc1ge-lnJX_nfz2ksx0_UXSRyOjxuygJH0-3LKW6c1RL2QQQHaXZQ9AyuvCAkOBhYUID0kAckohHY5X30f7BKBRmmx89kdsu0HPP_1OuyZH7NQxxePJK/s320/livro-premio.png" width="400" />
<br />
<br />
em cerimônia no dia 27.11.2014, minha tese foi agraciada com o primeiro lugar na 28ª edição do prêmio design do <a href="http://www.mcb.org.br/" target="_blank">museu da casa brasileira</a>, na categoria de trabalhos escritos não-publicados. o <b>prêmio design mcb</b> é a mais tradicional premiação de design no brasil, sendo atribuído desde 1986.
<br />
<br />
<b>atualização 2:</b>
<br />
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<img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_qZk0VrU8bQRD7XD0gZHC78C4cqDqfJg9bSpKNZhcT5pGx5qNpqktzDcn4GhNV3W-bFUiilAgpqGn4JI9HaigbzWNmG_7spiKyn9uZE9ScXhuDCmoXpf77iRkJdYOVIuMxAxYACcJ_b9T/s320/IMG_8299.JPG" width="320" />
<br />
<br />
no dia 23.05.2016, tive a honra de receber o troféu máximo (categoria ouro) do <a href="http://www.premioobjetobrasil.com.br/" rel="nofollow" target="_blank">prêmio internacional objeto:brasil</a>, tornando-se assim o segundo prêmio máximo a ser concedido à tese.
<br />
<br />gabriel patrocíniohttp://www.blogger.com/profile/11721163443504396184noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2016678875348646999.post-30437312893914457652014-09-30T10:00:00.000-07:002014-12-31T11:02:32.998-08:00diagnóstico do design brasileiro – uma resenha <br />
<img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXXZYGO6Iezouhz8My0noucI9dZ8bFEpuJr2DsMiXhcySc6AQF5DRGMrmiXHlv5MozFIDg9xo7G28mEV8y384JKiOytWv2dPEtGrZBbnUAiBFqeYhOo5rllx5ISErIS2DhGSExtNDnFfz9/s400/DIAGNOSTICO.png" />
<br />
<br />
o ministério do desenvolvimento (<b>mdic</b>) lançou no início de junho de 2014 o <b><a href="http://www.cbd.org.br/downloads/" target="_blank">diagnóstico do design brasileiro</a></b>, estudo encomendado através da <b>apex</b> ao <b>centro brasil design</b>. não é a primeira vez que se tenta fazer um mapeamento da atividade de design no país – há antecedentes do próprio centro de design paraná para o <b>programa brasileiro de design</b> (1,2) (do próprio <b>mdic</b>) e também do <b>sebrae</b> (3), entre outras iniciativas. desta vez no entanto, ao invés de mapear a demanda ou as instituições e ações promocionais, a iniciativa do <b>mdic</b> aprofundou-se mais, pretendendo fazer um diagnóstico amplo do setor que permitisse iniciar um processo de construção de políticas nacionais de design.
<br />
<br />
um diagnóstico deste porte, de um setor praticamente virgem em termos de estatísticas e estudos, e com a dificuldade de ser precisamente definido e encontrado será sempre parcial, sem nenhum demérito para o estudo ou para a equipe. parcial pela impossibilidade de se fazer um diagnóstico com 100% de abrangência de um segmento fragmentado e difuso, inclusive pela enorme extensão territorial do nosso país. parcial por ainda estarem sendo construídas, em todo o mundo, as métricas para se avaliar o setor. parcial por ter a ousadia de ser o primeiro, por propor e experimentar novas métricas para se buscar entender o segmento.
<br />
<br />
em se entendendo essas limitações, é preciso que se diga que nunca foi feito estudo com tamanha abrangência e profundidade sobre o design brasileiro. a equipe do <b>centro brasil design</b>, que vem se especializando e se notabilizando no país e internacionalmente há cerca de quinze anos (desde 1999), certamente era a mais habilitada instituição brasileira para realizar esta tarefa. o empenho, a dedicação e a capacidade desta equipe resulta num trabalho de referência histórica para o design brasileiro, que servirá de base a muitos outros estudos que certamente virão.
<br />
<br />
no que diz respeito às suas intenções originais, sabe-se que o trabalho deverá servir como base para estudos mais específicos, que deverão propor estratégias e caminhos para uma política nacional e para políticas regionais de design.
<br />
<br />
<b>qual a importância de politicas de design para o brasil?</b>
<br />
<br />
o design é reconhecido hoje por governos de diversos países pelo seu potencial de fomentar inovação e desenvolvimento. a união europeia nestes últimos anos tem apontado aos seus países membros a importância de se investir em políticas de fomento ao design e inovação. design passou a ser uma palavra-chave para estes países. no brasil, este potencial vem sendo percebido (ainda que lentamente), e começam a tomar forma ações para melhor compreender e fazer uso desta ferramenta.
<br />
<br />
o potencial do design vai além do seu uso tradicional para promover a competitividade industrial. contribuir para a solução de problemas sociais, nas áreas de saúde, segurança, educação, meio ambiente – tudo isso está no escopo das habilidades transdisciplinares e catalizadoras de soluções que são características do design. essa ‘descoberta do design’ desponta como um importante resultado oferecido à sociedade pelo estudo apresentado pelo centro brasil design.
<br />
<br />
o estudo aponta ainda o papel do governo em continuar promovendo estudos e levantamentos de dados sobre o setor, que venham alimentar o planejamento e a sistematização de ações na área, aproveitando todo esse potencial. trata-se antes de tudo de uma forma de gestão de design centralizada numa agência nacional, nos moldes do que fazem os países que vêm investindo em políticas de design a décadas, e adaptado às características e dimensões continentais do nosso país. este organismo deverá permitir alinhamento de agendas, atendimento ordenado a demandas, exploração de atributos de excelência e encaminhamento de demandas e correções necessárias – como por exemplo, no atendimento mais objetivo pela academia de demandas efetivas e atuais da indústria e da sociedade em geral.
<br />
<br />
<b>qual o conteúdo do estudo?</b>
<br />
<br />
estruturado em quatro partes, o estudo faz inicialmente uma avaliação sobre como as indústrias brasileiras estão entendendo e utilizando o design, traçando a seguir um panorama do setor de design no país, seguindo com um apanhado de referências internacionais para o setor, e finalizando com o estabelecimento de um conjunto de cenários possíveis para o futuro do setor.
<br />
<br />
partindo de uma proposta metodológica simples e clara – até mesmo para poder enfrentar as dificuldades esperadas em se conseguir dados sobre o setor – o estudo utiliza ferramentas avançadas de análise de gestão de design e inovação (como o <i>international design scoreboard</i> e a <i>design management staircase</i>) para traçar o retrato do design na indústria brasileira, a partir de nove segmentos selecionados. isso permite estabelecer um entendimento inicial sobre o uso do design por esses diversos setores, e por extensão, pode-se falar no uso geral do design pelas empresas brasileiras. a análise dos dados permite ainda comparar a situação do nosso país com outros dois países da américa latina sobre os quais existem alguns dados disponíveis (uruguai e colômbia) e com outros países do mundo, permitindo uma avaliação preliminar da nossa competitividade em design.
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLSJnILT1EOOHwR51deH1tPiJFy9qeQ3g9Z30EecyzD74DDp4aEb5gSeZuhO2MM2vsDvRNnB_X5083B_OQ7YWK49Wd2A9Wwe3jmieZ90jPTk33_cPbRjNzAaq9VbxObSTLXHeFNl9GRLzE/s1600/diagnostico-71.jpg" imageanchor="1" target="_blank">
<img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg92wpJ7eKaMcfzGR-e4hDnRnj9boZpe1uBbvi57n_63LpRL3XIOigavKr7WT3EutmvjKYruw6vg7Ml6f1FlTAuHexSpQZ1AxU9XNHoxboL5C65OTmqtuUZr7purCnwEsepJES9O1Qbmi-Y/s320/diagnostico-71.jpg" />
</a>
<br />
<br />
ao analisar o mercado de design brasileiro, o estudo aponta fragilidades na “baixa formalização e falta de organização do setor”. aponta-se ainda a falta de estudos sobre o design agindo sobre o mercado, resultando numa aguda falta de dados para que se possa refletir adequadamente sobre o setor. ainda assim o estudo traça um excelente panorama da inserção do design no país, o crescimento apresentado pelo setor nos últimos anos, e as ações governamentais que procuram dar suporte à este crescimento. os modelos de negócios adotados pelo mercado de design no brasil, as relações entre design e novas tecnologias, e os componentes da cadeia produtiva do design são também pormenorizados no estudo. ao analisar as patentes depositadas no país, o estudo levanta dados preocupantes no que diz respeito ao baixo número de registros feitos por empresas brasileiras frente ao elevado número de depósitos de patentes feito no brasil por empresas estrangeiras – entre os dez maiores depositantes de registros de desenho industrial no país, há somente duas empresas brasileiras.
<br />
<br />
outra grande contribuição do estudo está no tema do perfil do designer, sua formação e habilidades demandadas pelo mercado atual e futuro. formação profissional, publicações, relações entre academia e mercado, produção de conhecimento, analise de distribuição regional no território nacional, são alguns dos temas abordados. contribuições trazidas de programas como o <i>defining the designer of 2015</i> (<b>aiga</b> e <b>adobe</b>) e reflexões de pensadores como john maeda pontuam o texto. vale uma boa leitura e reflexão sobre o tema.
<br />
<br />
outro quadro que demanda reflexão é o tema das estruturas de financiamento ao design existentes no país – que sem dúvida superam as expectativas de leitores designers. certamente é mais do que imaginamos, e demonstra que talvez o segmento deva se preparar melhor para fazer uso dos recursos que estão sendo mobilizados, além de cobrar muitas vezes maior clareza ou adequação dos programas às realidades nacionais ou regionais. comparar as demandas do mercado, a oferta de profissionais, e a disponibilidade de recursos é um interessante exercício a ser feito, e para o qual o estudo fornece dados amplamente. todos esses dados são considerados à luz do conceito de sistema nacional de design, introduzido pelo estudo a partir de conhecimento gerado recentemente sobre o tema em outras regiões do mundo. o estudo destaca ainda a importância do reconhecimento da profissão de designer nesse contexto, e da criação de uma agência nacional que continuamente desenvolva estudos, estruture e implemente políticas para o setor, centralizando e distribuindo dados e recursos.
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfGpAPRxYCO7qA37S-33WFpXXku3yOjOHO56_tQnzClhz7sllSuhpux2HP5WVfutlGKBwlxjjqLseXKJDMgx7A1ChvwVvJY5HbIn9anYuneKtylyA5GCURK2Ql8TBBt3zCwVeEErYlYgc_/s1600/diagnostico-221.jpg" imageanchor="1" target="_blank">
<img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfGpAPRxYCO7qA37S-33WFpXXku3yOjOHO56_tQnzClhz7sllSuhpux2HP5WVfutlGKBwlxjjqLseXKJDMgx7A1ChvwVvJY5HbIn9anYuneKtylyA5GCURK2Ql8TBBt3zCwVeEErYlYgc_/s400/diagnostico-221.jpg" />
</a>
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<br />
toda a extensão dos dados coletados a analisados e das informações oriundas de diversas fontes permite traçar, ao final do estudo, três cenários hipotéticos para o design no brasil – conservador, moderado e otimista. o primeiro, mais do que conservador, é na verdade um cenário bastante pessimista, até porque o estudo permite enxergar a clara evolução do setor de design ao longo dos últimos anos, e seria extremamente negativo considerar que poderíamos regredir após tantas conquistas. que seja então o cenário otimista a prevalecer, com um crescimento que nos permita alcançar posições maiores e melhores tanto internamente quanto no âmbito da competitividade comercial e do desenvolvimento do país.
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<br />
<b>como esse estudo pode ser utilizado?</b>
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<br />
universidades, associações, instituições ligadas ao design devem especialmente fazer uso do conhecimento, das ferramentas, e dos resultados deste estudo. governos locais – estados e municípios – devem usar este estudo como motivador para estabelecer mecanismos que permitam usar com maior frequência o design como ferramenta de transformação econômica, política e social. um bom começo seria promover debates sobre o seu conteúdo e sobre como aperfeiçoar os indicadores que aparecem no estudo. o que queremos? para onde queremos caminhar? qual o papel que o design pretende exercer na sociedade? estamos preparados para exercer esse papel transformador? o que nos falta para isso?
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<br />
eu particularmente acredito que nos falta bastante. <b>gui bonsiepe diz desde os anos setenta que os designers precisam aprender a se comunicar com o governo, e john heskett diz que nós precisamos aprender a produzir em termos políticos – e política é completamente diferente de projetos de design</b>. produzir em termos políticos significa entender que precisamos ceder, precisamos buscar consenso, precisamos buscar realizar o possível, sem que seja necessário deixarmos de ter um ideal. mas é necessário entender que não podemos, em termos políticos, rejeitar tudo que não seja o nosso ideal. até mesmo porque o nosso ideal pode não ser o ideal de todos.
<br />
<br />
finalizando, o <b>diagnóstico do design brasileiro</b> inaugura uma nova era para o entendimento do design como ferramenta de desenvolvimento e inovação no brasil. cabe a nós designers aprender a usar estas novas ferramentas de gestão que passamos a dispor para estabelecer processos de colaboração com o governo, o mercado e a sociedade. não podemos esperar que apenas o governo faça a sua parte – precisamos entender muito bem qual a nossa responsabilidade deste processo, e nos engajarmos proativamente para promover as transformações que acreditamos que o design pode trazer para a sociedade.
<br />
<br />
<br />
1. miasaki,d.; pougy,g. (2006), <a href="http://www.designbrasil.org.br/downloads/DEMANDAporDESIGN_v2.pdf" target="_blank"><b>demanda por design no setor produtivo brasileiro</b></a>, centro design paraná, curitiba.
<br />
2. miasaki,d.; pougy,g.; saavedra,j. (2006), <b><a href="http://www.designbrasil.org.br/sites/default/files/arquivos_usuarios/7471/Panorama%20Nacional.pdf" target="_blank">panorama das ações de design no brasil</a></b>, centro design paraná, curitiba.
<br />
3. malaguti,c.; scapin,a. (2011), <b><a href="http://sebr.ae/sp/trdesign" target="_blank">termo de referência para atuação em design</a></b>, sebrae-sp, são paulo.
<br />
<br />
<br />
<br />
[<i>este post foi publicado originalmente no <b><a href="http://www.adg.org.br/opiniao/diagnostico-do-design-brasileiro" target="_blank">blog da adg</a></b></i>]
<br />
<br />gabriel patrocíniohttp://www.blogger.com/profile/11721163443504396184noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2016678875348646999.post-40168925357643210852014-08-21T16:44:00.004-07:002014-08-21T16:44:53.540-07:00 design & economia<b>(as aventuras de um designer no mundo dos economistas)</b>
<br />
<br />
<img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEJmLRvyLiZBX5cg4zrrMq6Q-OrysKRx8yteL2uvGfY1BVwJsMlF9GuLhFQXU8lToAl2c2aNtPyt784LO_OcBrYy66drcPY15O5sSNre7n9SbuBP8EPC0YcmwPizd40dCqzxCkrJ0dvhBo/s1600/economiaverde.jpg" />
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<br />
<div>
há cerca de seis anos, quando decidi fazer o meu doutorado sobre políticas de design, uma das primeiras pessoas com quem conversei a respeito foi o economista e professor da esdi, <b>wandyr hagge</b>. eu acreditava (e continuo acreditando), que políticas de design são uma ferramenta de promoção do desenvolvimento, e portanto dizem respeito sobretudo à economia. ao ser convidado para fazer meu doutorado na <b>universidade de cranfield</b>, pesou na decisão o fato da <b><a href="http://www.som.cranfield.ac.uk/" target="_blank">escola de negócios de cranfield</a></b> ser uma das maiores referências mundiais na área de gestão, e que esta escola teria (tem) uma interação contínua com o <b><a href="http://www.centrefordesign.com/" target="_blank">centro de design competitivo e criativo</a></b>, o <b>c4d</b>. finalmente, duas das maiores referências na construção da minha pesquisa e do meu pensamento sobre políticas de design foram um designer que sempre enfatizou o papel relevante do design dentro da economia e da promoção do desenvolvimento (<b><a href="http://www.guibonsiepe.com/" target="_blank">gui bonsiepe</a></b>) e um economista britânico com quem tive a grata satisfação de discutir mais de uma vez o conteúdo do meu trabalho, o professor<b> <a href="http://www.johnheskett.com/" target="_blank">john heskett</a></b>. ao voltar para o brasil, em 2013, fui convidado pela economista <b>lídia goldenstein</b> para participar de um debate fechado no <b>british council</b>, em são paulo, sobre economia criativa assunto sobre o qual escrevi recentemente aqui no blog (este debate deve virar livro em breve). tenho encontrado ainda alguns bons interlocutores na área da economia, dispostos a considerarem do design para além do óbvio, e isso me conduziu a excelentes diálogos e descobertas, que eu gostaria de explorar ainda mais e melhor futuramente.</div>
<br />
<div>
coerente com essas experiências, decidi ir mais fundo na semana passada, e assistir a um seminário de e para economistas, que tratava sobre economia e desenvolvimento, e foi promovido pelo <b>centro de altos estudos brasil século xxi</b>, que é um programa do <b>centro de gestão e estudos estratégicos </b>(<b><a href="http://www.cgee.org.br/" target="_blank">cgee</a></b>). o seminário <b>brasil em perspectiva</b> reuniu no rio de janeiro, nos dias 14 e 15 agosto de 2014, economistas do quilate de <b><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_da_Concei%C3%A7%C3%A3o_Tavares" target="_blank">maria da conceição tavares</a></b>, <b><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Samuel_Pinheiro_Guimar%C3%A3es_Neto" target="_blank">samuel pinheiro guimarães neto</a></b>, e <b><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Ricardo_Bielschowsky" target="_blank">ricardo bielschowsky</a></b>, para citar apenas alguns (para ser justo, havia também alguns poucos geógrafos, planejadores públicos, e talvez uma ou outra especialidade). estruturado em cinco mesas, o seminário abordou os seguintes temas:</div>
<br />
<div>
<b>• geopolítica do desenvolvimento</b></div>
<div>
<b>• construção do estado de bem estar social</b></div>
<div>
<b>• frentes estratégicas de expansão econômica</b></div>
<div>
<b>• marco macroeconômico do modelo de desenvolvimento brasileiro</b></div>
<div>
<b>• a questão urbana e o ordenamento do espaço econômico</b></div>
<br />
<div>
devo dizer que, antes de mais nada, aprendi bastante com as magníficas aulas recebidas de tantos mestres. desde a abertura do evento com o economista samuel guimarães, com o seu discurso extremamente cético e quase fatalista (para dizer pouco), que ao final fez a platéia rir quando tentou explicar que sua apresentação encobria na verdade uma visão otimista de futuro! tanto ele como josé carlos braga e outros palestrantes destacaram que a herança de <b><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Acordos_de_Bretton_Woods" target="_blank">bretton woods</a></b> (o chamado "<b>consendo de washington</b>") está em xeque e caminha para uma mudança significativa. o <b>banco mundial</b> (bm) e o <b>fundo monetário internacional</b> (<b>fmi</b>), criados a partir de bretton woods respectivamente para prover recursos para investimento em infraestrutura (bm) e para restabelecer o equilíbrio interno das economias dos países periféricos (fmi), tem hoje os seus papéis questionados com a recente proposta da criação do chamado banco dos <b><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/BRICS" target="_blank">brics</a></b>. o <b><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Novo_Banco_de_Desenvolvimento" target="_blank">novo banco de desenvolvimento</a></b> foi criado agora em julho de 2014, durante a conferência dos brics em fortaleza. segundo os palestrantes, o grande diferencial e vantagem do <b>banco dos brics</b> é seu desatrelamento das condicionantes políticas que sempre caracterizaram a atuação do banco mundial e do fundo monetário internacional. embora as relações econômicas entre os países dos brics seja considerada ainda no nível das relações bilaterais (ou até tênues, como foi dito em relação às relações do brasil com a rússia e africa do sul), esta ação conjunta deverá <i>"preservar a capacidade soberana de desenvolver as políticas internas"</i>.</div>
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<b>clemente ganz lucio</b>, do <b>dieese</b>, chamou a atenção para o déficit estrutural da qualificação da força de trabalho no brasil. segundo dados que ele citou, as pequenas e médias empresas (pme) brasileiras atingem apenas 10% da produtividade das grandes empresas, enquanto em países como a frança e alemanha as pequenas empresas atingem índices de produtividade de 50% e 60% respectivamente. além disso, cerca de 80% dos empregos gerados nas nossas pme tem faixa salarial média de 1,5 salário mínimo. define-se com isso uma verdadeira crise de produtividade vivida em nossas pequenas empresas, em que pese a nossa vivência atual de uma melhor articulação do crescimento econômico com os objetivos sociais, segundo destacou <b>eduardo fagnani</b> (instituto de economia da unicamp). com nosso crescimento puxado pela demanda doméstica (segundo <b>esther dweck</b>, citando thomas palley, 2002), vivemos no que <b>ricardo bielschowsky</b> identifica como a terceira fase do desenvolvimento brasileiro desde os anos cinquenta, aonde o nosso desafio maior está na indústria de transformação. </div>
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a extrema concentração da nossa indústria foi exemplificada por <b>rodrigo simões</b> (ufmg e ipea) como o que ele chamou de "<i>fordismo periférico</i>": na década de setenta, 6 entre cada 10 produtos consumidos no brasil eram produzidos no estado de são paulo, sendo 4 destes produzidos na cidade de são paulo. simões chamou a atenção também para o abuso do modelo de <b><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Arranjo_produtivo_local" target="_blank">arranjos produtivos locais</a></b>, ou <b>apls</b>, dizendo que muitas vezes ocorre a montagem forçada de arranjos artificiais e ineficientes, bem pouco produtivos e sem tanta identidade local.</div>
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<b>josé eduardo cassiolato</b> (ufrj) tratou de alguns assuntos especialmente relevantes para designers, a começar pela comoditização da produção, citando como exemplo a produção de roupas em bangladesh e os malefícios enormes que decorrem desse processo - alimentados pela voracidade do consumo na indústria da moda de baixo custo. falou ainda das políticas de estímulo industrial, aonde o papel do estado deve se fazer presente também nas compras públicas, como um importante instrumento de desenvolvimento de setores industriais. segundo ele, estamos vivendo a emergência de um novo paradigma produtivo ancorado na sustentabilidade - o <i>"green new deal"</i>. estimativas feitas pelo <b>hsbc (</b><i>climate for recovery - the colour os stimulus goes green, 25 february 2009</i>) avaliam que os estímulos econômicos regionais para desenvolvimento sustentável ("<i>green stimulus"</i>) alcançavam 430 bilhões de dólares em 2009, sendo que somente a china contribuía com 221 bilhões desse montante, e os estados unidos com 112 bilhões. toda essa disponibilidade deve ser utilizada com propriedade, evitando-se por exemplo a importação de tecnologias inadequadas (qualquer semelhança com o que o designer gui bonsiepe diz desde os anos setenta não deve ser mera coincidência!). foi mencionada como exemplo a importação de captadores eólicos para o nordeste brasileiro a um custo desnecessariamente alto, uma vez que estavam projetados para enfrentar ventos multidirecionais em rajadas e temperaturas muito baixas (padrão europeu) ao invés de considerar os ventos mais direcionados e altas temperaturas do nordeste brasileiro. não houve, segundo cassiolato, a necessaria interação entre as empresas transnacionais e os institutos de pesquisa e universidades brasileiras, nem a correta aplicação dos recursos disponíveis para cti (ciência, tecnologia & inovação), a não ser como mecanismo de suporte ao repasse de lucros para as matrizes dessas empresas. cassiolato aponta ainda os baixos recursos disponíveis para a inovação social - frente à ampla disponibilidade para indústrias de base científica e tecnológica, e até mesmo ao volume de recursos repassados às indústrias automobilísticas no país. </div>
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enfim, são muitos temas para o design atuar e para designers debaterem e se envolverem na busca de soluções para o desenvolvimento econômico nacional, regional e local! e muitas oportunidades para dialogarmos mais com o pensamento econômico na construção de políticas públicas. certamente o design pode ser uma ferramenta efetiva e eficaz para tratar dos muitos passivos decorrentes dos desafios sociais e ambientais gerados pelo desenvolvimento econômico, agregando estratégias de enfrentamento dos problemas e da construcão coletiva de soluções sustentáveis.</div>
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obviamente não perdi a oportunidade de lembrar aos participantes do seminário que já em 1882 ruy barbosa, em discurso da inauguração do liceu de artes e ofícios no rio de janeiro, falava do enorme potencial competitivo do nosso país, além de condenar a economia baseada exclusivamente na exportacão de recursos naturais não-manufaturados e outras commodities. melhor ainda, <b>ruy barbosa apontava a importância do design</b> para construir um caminho de industrialização e de competitividade associada ao nosso potencial inovador e os recursos naturais disponíveis, que podem gerar produtos com alto valor agregado para exportação. </div>
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exemplos não nos faltam, competência também não - mas talvez estejamos com muita frequência errando o alvo na nossa atuação profissional. certamente nos falta dialogar muito mais com a área da economia, assim como interagir com muito mais frequência e intensidade com o governo em todos os níveis.<br />
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<i>(...e que me desculpem os economistas pelo excesso de simplificação, mas foi o pouco que pude absorver de tanta informação de qualidade concentrada em dois dias intensos)</i><br />
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ps: ao final do evento, houve a exibição do excelente documentário "<b>um sonho intenso</b>", seguida de debate com o diretor <b>josé mariani</b>, o economista <b>ricardo bielschowsky</b> e o jornalista <b>luis nassif</b>. excelente filme que eu recomendo a todos que queiram entender um pouco sobre economia no brasil do século vinte ao vinte e um. leia aqui um <b><a href="http://www.cartamaior.com.br/?%2FEditoria%2FCultura%2FUm-sonho-intenso-a-economia-brasileira-segundo-o-cinema-cientifico-de-Jose-Mariani%2F39%2F30697" target="_blank">artigo sobre o filme</a></b> e assista o <b><a href="http://youtu.be/uA2jPz02Aaw" target="_blank">trailer</a></b>.<br />
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gabriel patrocíniohttp://www.blogger.com/profile/11721163443504396184noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2016678875348646999.post-50051821020393056052014-07-10T21:45:00.000-07:002018-07-14T14:44:39.145-07:00design - produto e processo<b>sobre design, cultura e economia</b>
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<img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1vRlui6L1SWZ8MJd_Ux-D4_EzcpUrWAA7ijYd_3i13hBF_X9InFt33x_ws2qzGA6w00jfHTmjQxP0dgHtsJLT3yU29Fs-OUAXJgDk5XTfM7MYWdByd1ig6U0W2hp3y4Wl3F26O9NKQwir/s1600/DESIGN_VALOR_400.png" data-original-width="400" data-original-height="206" />
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faz alguns (poucos) anos que um segmento da economia passou a chamar muita atenção pelas suas elevadas taxas de crescimento. pesquisa divulgada em janeiro de 2014 pelo governo britânico reforça ainda mais o que vinha sendo observado anteriormente: o segmento das chamadas indústrias criativas alcançou uma taxa de crescimento superior ao setor financeiro no reino unido. as indústrias criativas britânicas faturam oito milhões de libras (mais de trinta milhões de reais) por hora, ou quase setenta e dois milhões de libras por ano, respondendo por 5,2% da economia britânica [ver link <a href="https://www.gov.uk/government/news/creative-industries-worth-8million-an-hour-to-uk-economy" rel="nofollow" target="_blank">aqui</a>]. isso certamente é algo que salta aos olhos e impressiona. diante de resultados semelhantes, governos de diversos países tem buscado incentivar este segmento tão heterodoxo entendido como <i>"criativo"</i> [ver <a href="http://www.creativeeconomyreport2013.com/" rel="nofollow" target="_blank">site das nações unidas</a> sobre este tema].<br />
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de acordo com a definição aceita internacionalmente, o design é uma dessas indústrias cuja performance tem sido celebrada. no brasil, o ministério da cultura passou a ter uma secretaria da economia criativa, e o design foi incorporado neste programa, além de passar a fazer parte do conselho federal de cultura.<br />
<br />
neste contexto, ao mesmo tempo que celebramos mais uma porta que se abre para a promoção e o crescimento da atividade de design, existe uma questão a ser observada: a existência de uma secretaria de economia (ainda que <i>criativa</i>) no ministério da cultura. isso significa que questões ligadas à economia estão sendo tratadas sob a ótica da cultura. no entanto não há notícia do caminho oposto - das indústrias criativas serem consideradas com esta mesma importância dentro da área da economia.<br />
<br />
<b><u>no que diz respeito ao design, embora o seu produto possa ser considerado como elemento da cultura nacional, o seu processo (enquanto estratégia) deveria ser considerado no contexto da economia.</u></b><br />
<u><b><br /></b>
<b>simples assim: produto => cultura; processo => economia.</b></u><br />
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deslocado desse contexto da economia, o design volta a ser tratado como arte industrial, retorna ao século dezenove. dissocia-se da indústria, da tecnologia, da inovação e da competitividade - a não ser como um insumo criativo. deixa de ter a importância que lhe é atribuída hoje como motor da inovação exatamente por estabelecer a liga indispensável entre a tecnologia, a indústria e o usuário. observe-se que esse papel estratégico não é atribuído ao design por suas qualidades criativas, ou meramente estéticas, mas antes por sua capacidade transdiciplinar de traduzir e aplicar o conhecimento proveniente de diversas fontes. no reino unido o design está sendo promovido como a ferramenta ideal de transformação do conhecimento científico desenvolvido em laboratórios de ponta em produtos e aplicativos capazes de serem industrializados e comercializados, trazendo benefícios para a sociedade como um todo ao transformar conhecimento científico em crescimento econômico [links <a href="https://www.innovateuk.org/-/uk-science-and-design-communities-provide-government-with-collaboration-checklist" rel="nofollow" target="_blank">aqui</a> e <a href="http://www.designcouncil.org.uk/our-services/business-growth#section2" rel="nofollow" target="_blank">aqui</a>]. essa é uma função econômica antes de tudo, e não apenas <i>"criativa"</i>. isso sem falar no design de estratégias, de serviços, do papel que as ferramentas do design tem representado na gestão das empresas.<br />
<br />
embora alguns designers possam escolher este caminho, o design não é arte - pois ele vai muito além dos atributos estéticos do produto. nos dias atuais o papel do designer não é mais o de autor, mas de membro de uma equipe, e muitas vezes até mesmo um líder de equipe, fazendo uso de ferramentas trazidas da metodologia de projeto para gerir processos complexos. hoje o design está presente desde o momento em que se pensa o próprio negócio, em como este se comunica, e obviamente quando se planejam os produtos. desenvolver o produto é juntar os interesses, necessidades e aspirações dos usuários com as limitações da produção, distribuição e comercialização, com os materiais adequados, considerando o impacto ambiental envolvido na fabricação e no descarte, e ainda contemplar os objetivos do empresário, gerando lucro e outros benefícios.<br />
<br />
no brasil, pela forma com que o design tem sido associado às indústrias criativas, corre-se o risco de se entender que uma vez que o design já está sendo contemplado entre as politicas culturais, não haveria necessidade de considerá-lo também entre as políticas econômicas, industriais e tecnológicas. esse é um sério risco que não podemos correr.<br />
<br />
não se trata portanto de negar a presença do produto do design como parte do ambiente cultural do país, nem de negar a forma como o design interage com as demais indústrias criativas, mas sim de reivindicar o seu entendimento dentro do contexto da economia e das políticas industriais, de inovação, e de ciência e tecnologia - como aliás vem acontecendo em países altamente competitivos.<br />
<br />
<i>"it's the economy, stupid!"</i> - foi um slogan amplamente utilizado na campanha presidencial de bill clinton em 1992. sem pretender usá-lo aqui de maneira ofensiva ou indelicada, acho que vale a sua citação como um lembrete para situarmos o design aonde este deve realmente estar.gabriel patrocíniohttp://www.blogger.com/profile/11721163443504396184noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2016678875348646999.post-56810890689848027472013-05-08T12:08:00.000-07:002013-05-08T12:08:37.844-07:00porque se associar?<img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgngxwItIxAgTE1qWotRzkp8PVFQQyikt4O6ADWgVFgKpzxf1_RPhJabw0W3qdV1DjVgsmZ4B4U3_vGiTqVLgKTG30g8qiL5J8AJKyvuhZJyEEW8nx74gXxzCedaNauCUakZaUHzhyW1B1o/s320/adp-adg.jpg" width="316" />
<br /><br />
recentemente resolvi tornar pública minha filiação à duas associações profissionais: a <a href="http://www.adg.org.br/" rel="nofollow" target="_blank"><b>adg</b></a> e a <a href="http://www.adp.org.br/" rel="nofollow" target="_blank"><b>adp</b></a>. como isso despertou alguns comentários de colegas e amigos sobre a validade de se pertencer a uma associação, resolvi esclarecer os
meus motivos para me filiar – e porque me filiei somente agora, já que advogo há muito tempo a importância de que todos os designers se filiem às associações existentes.
<br /><br />
antes de mais nada: fui associado ativo da apdins-rj num passado remoto (anos 1980). o fim da apdins-rj <i>(1)</i> e a derrocada da nossa organização profissional mais ou menos coincidiu com a minha dedicação crescente à atividade acadêmica na esdi. isso no entanto não chegou a me aproximar da associação de ensino, pois a aend-br (associação de ensino e pesquisa de nível superior em design do brasil) estava mais ligada à pesquisa acadêmica enquanto eu, tendo apenas a formação básica - graduação em design de produto e programação visual pela esdi - não estava engajado em atividades desta natureza. houve portanto um (grande) hiato na minha história de “associado”, apesar da minha atividade, por exemplo, na articulação do fórum brasil design <i>(2)</i> em 2008/2009 – fórum reunindo quase todas as associações brasileiras de design para discutir as questões que afetam a atividade <i>(3)</i> como um todo.
<br /><br />
em 2009, quando saí do brasil para fazer meu doutorado no reino unido, não havia ainda a opção de se filiar às associações de designers gráficos e de produto na categoria <i>'professor'</i>, como existe agora, e minha atividade profissional na época se
resumia à atividades acadêmicas e algumas consultorias, principalmente na área de interface entre design e propriedade intelectual. por outro lado, minhas tentativas de me filiar à entidade que me representaria talvez melhor atualmente, a associação de ensino e pesquisa de design, frustraram-se porque esta se encontrava numa fase <i>'retraída'</i>. como diz o professor marcos braga, que pesquisou a atividade profissional do design no brasil, as associações tem um comportamento cíclico, de picos e vales, sendo muito difícil manter-se estáveis ao longo do tempo.
<br /><br />
sobre porque se associar:
<br /><br />
sendo o associativismo a forma básica de organização da sociedade civil, ao exercermos uma atividade profissional complexa e de efeitos políticos e sociais tão óbvios como o design não podemos nos manter isolados e à margem dessa organização. precisamos
debater as questões da nossa atividade como classe, e sempre estendendo esse debate à sociedade como um todo. precisamos nos comprometer com o debate, e não achar que é possível ficar à margem, como observadores isolados. não existe observador isolado. o facebook não é o mundo. podemos pensar novas formas de ação e de associação, mas não podemos querer reinventar a roda sempre (ou
rediscutir o significado da palavra design a cada vez que nos reunimos...), assim como não podemos criar mais e mais associações, esgarçando, diluindo e fragilizando cada vez mais a nossa atividade.
<br /><br />
por isso eu convido a todos: associem-se, reúnam-se, debatam, participem, contribuam para o crescimento da atividade que exercemos com tanta paixão. somem-se a outros associados para que nossa atividade, lado a lado com outras tantas áreas próximas e complementares, traga uma contribuição efetiva para a sociedade. não se trata apenas de quais vantagens pessoais a associação pode trazer para você, mas sim
de qual a importância coletiva da sua participação nas associações. somente associações fortes podem trazer boas vantagens para os associados. e somente através de uma significativa representatividade conseguiremos finalmente fazer da atividade do design uma mola propulsora para o desenvolvimento econômico e social do país.
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____
<br /><br />
<i>(1) saiba mais sobre a apdins-rj no livro do professor marcos braga (link <b><a href="http://www.blucher.com.br/produto/90346/abdi-e-apdins-rj" rel="nofollow" target="_blank">aqui</a></b>)</i>
<br /><br />
<i>(2) leia mais sobre o fórum em posts antigos <b><a href="http://www.politicasdedesign.com/2008/11/criao-do-frum-brasileiro-de-design.html" target="_blank">aqui</a></b> e <b><a href="http://www.politicasdedesign.com/2009/03/manifesto-por-um-design-brasileiro.html" target="_blank">aqui</a></b></i>
<br /><br />
<i>(3) <u>nota</u>: prefiro me referir à 'atividade' e não à 'classe', pois me é mais importante o que diz respeito de forma ampla à atividade do design, e não apenas as questões restritas à classe profissional e suas demandas, digamos assim, mais trabalhistas e sindicais.</i>
gabriel patrocíniohttp://www.blogger.com/profile/11721163443504396184noreply@blogger.com2Cranfield, Central Bedfordshire MK43, UK52.067105 -0.6094370000000708447.105768499999996 -10.936585500000071 57.0284415 9.717711499999929tag:blogger.com,1999:blog-2016678875348646999.post-7813330482837838282011-11-18T07:33:00.001-08:002014-07-10T21:58:39.015-07:00influências européias em políticas públicas de design no brasilestabelecer conexões entre políticas públicas de design no brasil e na europa faz parte da minha pesquisa de doutorado. uma pequena parte da pesquisa foi apresentada em outubro de 2011 no sexto <b>congresso internacional de pesquisa em design - ciped 2011</b>, em lisboa. trata-se mais de um exercício do que uma antecipação, afinal uma das exigências do doutorado é exatamente a produção de artigos tanto para conferências como para publicação em revistas acadêmicas.<br />
<br />
este é portanto um desses exercícios. o texto integral, de minha autoria em conjunto com o professor <b>simon bolton</b>, pode ser encontrado <b><a href="https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=explorer&chrome=true&srcid=0B19xmOjqOcYgZmQyZmI1ODQtYTYwNi00MjhmLWE1ZmQtYmQ0MGIwMTJkNTFh&hl=en_US" target="_blank">aqui</a></b>.<br />
<br />
abaixo segue a apresentação feita durante o congresso:<br />
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<br />
<iframe src="//www.slideshare.net/slideshow/embed_code/10219708" width="427" height="356" frameborder="0" marginwidth="0" marginheight="0" scrolling="no" style="border:1px solid #CCC; border-width:1px 1px 0; margin-bottom:5px; max-width: 100%;" allowfullscreen> </iframe> <div style="margin-bottom:5px"> <strong> <a href="https://www.slideshare.net/gabrielpatrocinio/ciped-2011-lisboa-influencias-europeias-em-politicas-publicas-brasileiras" title="CIPED 2011 Lisboa - Influencias Europeias em Politicas Publicas Brasileiras" target="_blank">CIPED 2011 Lisboa - Influencias Europeias em Politicas Publicas Brasileiras</a> </strong> from <strong><a href="http://www.slideshare.net/gabrielpatrocinio" target="_blank">Gabriel Patrocinio</a></strong> </div>
<br />
<br />gabriel patrocíniohttp://www.blogger.com/profile/11721163443504396184noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2016678875348646999.post-13149044680400410152011-05-18T17:13:00.000-07:002011-05-20T14:34:47.788-07:00regulamentação. um caso sério.foi apresentado hoje, dia 18 de maio de 2011, na câmara dos deputados em brasília, o projeto de lei 1391/2011 que dispõe sobre o exercício profissional de design (ok, o projeto diz "de designer", mas diante de tantos problemas enfrentados até aqui, digamos que esse é um problema menor, que poderá - espero - ser corrigido a tempo). o projeto foi apresentado pelo deputado josé luiz penna (pv-sp) e pode ser encontrado no <a href="http://www.deputadopenna.com.br/site2011/?p=376" target=_blank>site do deputado</a>. <br />
<br />
para acompanhar a tramitação do projeto, cadastre-se no <a href="http://www.camara.gov.br/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=502823" target=_blank>site da câmara dos deputados</a>. <br />
<br />
a adegraf colocou há algum tempo em seu site <a href="http://www.adegraf.org.br/downloads/regulamentacao.pdf">uma apresentação</a> sobre regulamentação profissional. e eu mesmo já fiz um longo post sobre o assunto (<a href="http://www.politicasdedesign.com/2010/03/regulamentacao-ou-design-e-o-seu-ze-da.html" target=_blank>regulamentação, ou design e o seu zé da venda</a>), com diversos links e seguido por muitos comentários interessantes. e tem ainda dois excelentes textos, dos professores <a href="http://www.designbrasil.org.br/portal/regulamentacao/artigo2.jhtml" target="_blank">freddy van camp</a> e <a href="http://www.feiramoderna.net/2007/04/25/sobre-a-regulamentacao-do-design-no-brasil/" target="_blank">mauro pinheiro</a>. não deixem de ler!<br />
<br />
a regulamentação profissional é apenas um passo num processo de reconhecimento pela sociedade da atividade de design. faz parte da cultura do nosso país regulamentar. então, sem regulamentação não há reconhecimento.<br />
<br />
e por favor colegas - já discutimos essa questão há mais de trinta anos - é hora de nos unirmos em apoio ao projeto, que significará um grande avanço para a atividade de design no país. não é um projeto que traz vantagens pessoais, mas sim uma contribuição significativa para o efetivo reconhecimento da importância da atividade para a nossa sociedade.<br />
<br />
vamos todos apoiar!<br />
<br />
<b>updates 1 e 2</b> (20.5.2011) <br />
<br />
<b>1. algumas considerações adicionais:</b><br />
<br />
precisamos ter limites à nossa atividade, limites éticos, por exemplo, responsabilidade sobre a péssima qualidade de muitos projetos que vemos por aí que desabonam a atividade profissional. <br />
<br />
para um empresário, especialmente para o pequeno empresário, uma primeira experiência ruim com um designer significa uma experiência ruim com o design como atividade, como solucionador de problemas. <br />
<br />
regulamentação traz reconhecimento da sociedade, do governo, e de outros campos profissionais. reconhecimento e respeito. é lógico que isso não se faz somente através da regulamentação, mas esta é um passo importante nesse sentido, pelo qual debatemos e lutamos há trinta anos pelo menos. <br />
<br />
<b>2. esclarecimento:</b><br />
<br />
somente hoje soube da origem e encaminhamento do projeto. afinal, como estou residindo fora do brasil, não tenho acompanhado de perto o assunto, apesar de fazer parte virtualmente, por skype, de uma comissão da <b>abedesign</b> que discute outros aspectos da regulamentação como classificação estatística, fiscal e trabalhista.<br />
<br />
então, vale o esclarecimento: o encaminhamento deste projeto, feito pela associação de designers de produto, <b>adp</b>, através do ernesto harsi, faz parte da agenda discutida no <b>forum design brasil</b>, entidade que reune todas (ou a quase totalidade) das associações representativas do design no país. lá, discutiu-se que a <b>adp</b>, por já estar trabalhando nessa questão, continuaria a encaminhá-la. isso reforça o caráter de legitimidade e representatividade do projeto e, como o ernesto harsi lembrou, esta formatação do projeto foi discutida em associações profissionais e de estudantes. não havia possibilidade de discussão mais ampla do que essa. porque? porque não temos nenhum congresso ou encontro nacional que reúna a classe como um todo (do porte dos antigos <b>endi</b> - encontro nacional de desenho industrial); muito poucos dos nossos profissionais são membros regulares de alguma associação, que são a única forma organizada de representação da classe (nesse aspecto, os estudantes estão muito mais organizados e tem maior representatividade, a partir da organização dos <b>ndesign</b> e da forma de representatividade adotada). quero com isso dizer que a ampliação do debate - deste ou qualquer outro que intesse à classe - passa por cada um de nós: ou nos associamos, ou perdemos voz. e se não fizermos esse movimento, não teremos nenhuma, absolutamente nenhuma, legitimidade para protestar depois sobre o que foi feito pelas associações em nome da categoria. pois esse é exatamente o papel das associações - representar a categoria como um todo, e não apenas um pequeno grupo de associados. <br />
<br />
por sinal, a <b>adg</b> colocou nota hoje no facebook e no <a href="http://adg.org.br/blog/blog/regulamentacao-da-profissao-projeto-de-lei-nº1391" target="_blank">website</a> lembrando que o projeto é <i>"fruto da discussão em um comitê onde participaram as principais associações no país."</i><br />
<br />
em resumo, esse é o meu recado: faça sua parte antes que alguém faça por você e em seu nome - procure uma das associações profissionais e <b>associe-se agora!</b>gabriel patrocíniohttp://www.blogger.com/profile/11721163443504396184noreply@blogger.com19tag:blogger.com,1999:blog-2016678875348646999.post-45916023284684103982011-01-02T06:21:00.000-08:002011-01-13T09:38:58.015-08:00a história de dois logos<b>o primeiro: jogos olímpicos rio 2016</b><br />
<br />
<img border="0" height="320" width="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAsPmH8RUmw2iSr_i5KaNkBjGl6kpInwtqvCWyUtojsG-TaY_m5r5fZYODXtraTUVN1Iz0VjP3EhKKXIOCQYdaiTyBfRNW7H5m99ATAKCLF1idrPKkcKhk3kQqP0L1e0ATSK26Rgqzzwap/s320/logo_rio2016.jpg" /><br />
<br />
o logo para <b><a href="http://www.rio2016.com.br" target="_blank">jogos olímpicos rio 2016</a></b> foi lançado durante a festa de dois milhões de pessoas no reveillon da praia de copacabana, no rio de janeiro. com design da <b><a href="http://tatil.com.br" target="_blank">tátil</a></b> (uma das melhores empresas de design brasileiras), é consequência de um processo que começou há vários meses, numa concorrência promovida pelo comitê olímpico brasileiro com assessoria da associação de designers gráficos, <b><a href="http://www.adg.org.br/" target="_blank">adg brasil</a></b>, da associação brasileira de empresas de design, <b><a href="http://www.abedesign.org.br" target="_blank">abedesign</a></b>, da associação brasileira das agências de propaganda, <b>abap</b>, e do conselho executivo de normas-padrão, <b>cenp</b>. o edital foi elaborado com base nas recomendações do <b><a href="http://www.icograda.org" target="_blank">icograda</a></b>, conselho internacional de associações de design gráfico, e todo o processo foi supervisionado pela <b>adg</b>, com regras claras e justas. 139 agências de design participaram, das quais oito foram selecionadas e contratadas para desenvolver conceitos. o logo vencedor foi escolhido (e posteriormente desenvolvido para o lançamento) por um time de 15 pessoas que incluía representantes das instituições envolvidas e diversos experts. um processo transparente e bem gerenciado.<br />
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o resultado: conceitualmente bom, equilibrado, com desenvolvimento cuidadoso do lettering, inquestionavelmente um trabalho de alto profissionalismo, e que sugere um número de boas aplicações - inclusive uma belíssima versão tridimensional apresentada na festa de lançamento.<br />
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antes de ler sobre o próximo logo, assista os dois videos inspiradores abaixo - o lançamento oficial do logo e um documentário sobre o processo criativo:<br />
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<object width="400" height="244"><embed src="http://www.youtube.com/v/UdmgHnqxyBo&rel=0&hl=en_US&feature=player_embedded&version=3" type="application/x-shockwave-flash" allowfullscreen="true" allowScriptAccess="always" width="400" height="244"></embed></object><br />
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<iframe src="http://player.vimeo.com/video/18331485" width="400" height="225" frameborder="0"></iframe><br />
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<b>o segundo: copa do mundo de futebol da fifa - brasil 2014</b><br />
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<img border="0" height="320" width="284" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVlINsP3JEgyE0Pt5kMKt3F-_aR1F99V4hj5QQMshPe9JRayjzvyWBeiwE245ZUQ1OU4zWiL_7eQUG7NK-rwfr5sOC29bzXNMjA1q4paAujzGYvCPar8SEkMimJ0tPw56BL2ZgvciUj3qc/s320/FIFA2014logo.jpg" /><br />
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o logo da <b>copa do mundo de futebol da fifa - brasil 2014</b> foi lançado no final da copa do mundo na áfrica do sul, em julho passado. no entanto, havia vazado para a imprensa há pelo menos dois meses - outro tropeço num processo bem menos transparente do que o da concorrência para a marca dos jogos olímpicos do rio.<br />
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inicialmente a mesma <b>adg brasil</b> foi convidada para assessorar o processo da concorrência, mas aparentemente se retirou por discordâncias nunca bem esclarecidas, obscurecidas por um acordo de confidencialidade. a marca final foi desenvolvida pela agência de publicidade que já atendia a fifa no brasil, a agência áfrica. de acordo com a fifa, outras sete empresas participaram da concorrência, mas nunca se soube quais novamente em virtude de acordos de confidencialidade. a escolha final ficou a cargo de uma "comissão de notáveis" composta pelo presidente da confederação brasileira de futebol, pelo secretário geral da fifa, pelo escritor paulo coelho, a cantora ivete sangalo, a top-model gisele bundchen, o arquiteto oscar niemeyer (aos 102 anos) e o designer pop-star "brasileiro" (nascido na alemanha) hans donner. sem dúvida não era um comitê com enfoque técnico.<br />
<br />
o logo foi apresentado sob severas críticas, especialmente dos designers brasileiros, que se sentiram mal representados especialmente quando a qualidade do design brasileiro conquista espaços - e muitos prêmios - no mundo inteiro. foram apontados o desenho infantilizado, vários problemas construtivos, um péssimo lettering e até mesmo o uso desproporcional dos símbolos de marca registrada e copyright, todos considerados sinais claros de uma criação não-profissional. e a marca tornou-se conhecida como um rosto escondido pela palma da mão numa atitude envergonhada.<br />
<br />
<b> e qual a relação disso com políticas de design?</b><br />
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muito simples: concorrências públicas e licitações de design devem ser conduzidas por associações profissionais de designers, ou com seu contínuo assessoramento. existem regras claras e internacionalmente aceitas para gerenciar esses processos, desenvolvidas após décadas de experiência por instituições como o conselho internacional de associações de design gráfico, <b>icograda</b>, e o conselho internacional de sociedades de design industrial, <b>icsid</b>. ignorar isso expõe ao risco o processo e os resultados.<br />
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<i>(versão em inglês deste post: <b><a href="http://designpolicies.blogspot.com/2011/01/tale-of-two-logos.html" target="_blank">www.designpolicies.com</a></b>)</i>gabriel patrocíniohttp://www.blogger.com/profile/11721163443504396184noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2016678875348646999.post-73434243503646167232010-12-17T03:50:00.000-08:002010-12-17T16:42:02.434-08:00apoio ao design no rio de janeiroa <b>faperj</b>, em conjunto com a <b>firjan</b> e o <b>sebrae/rj</b>, acaba de lançar <a href="http://www.faperj.br/interna.phtml?obj_id=6889" target="_blank"><b>edital</b></a> de 2,7 milhões de reais para apoiar o desenvolvimento de design de produto e embalagens. é uma iniciativa que acredito ser inédita, que vem se somar aos esforços promovidos pelo estado do rio de janeiro para consolidar de uma cultura regional de design criativa e inovadora. <br />
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o estado tem uma capacidade instalada única de ensino e pesquisa, aliados a um mercado profissional altamente qualificado. no entanto, necessita ainda de melhor interagir com o interior, que tem um rico potencial a ser explorado com a contribuição do design. <br />
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são dez escolas de graduação; dois mestrados e um doutorado; laboratórios de pesquisa em design instalados na esdi e na puc; um extraordinariamente bem aparelhado laboratório da divisão de desenho industrial do int; o centro design rio e o centro carioca de design; e ainda os resultados cada vez melhores apresentados pelo setor profissional. <br />
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tudo isso, aliado ao desenvolvimento econômico (e social) do estado, nos permitem ter uma visão otimista neste final de ano. <br />
<br />
que continue melhorando mais em 2011!gabriel patrocíniohttp://www.blogger.com/profile/11721163443504396184noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2016678875348646999.post-2184569903638555902010-12-11T00:00:00.000-08:002010-12-11T00:00:01.058-08:00políticas de design - entrevista ao garatuja digital<i>há poucas semanas, o <b>rodrigo schoenacher</b> me perguntou se eu poderia responder a algumas perguntas para o seu - excelente - blog <b><a target="_blank" href="http://garatujadigital.blogspot.com">garatuja digital</a></b>. "apenas três perguntas" - disse ele - mas que me deram a oportunidade de discorrer um bocado, ainda que superficialmente, sobre o assunto que tenho pesquisado tanto no meu doutorado. com a autorização do rodrigo, reproduzo abaixo o conteúdo dessa entrevista: </i><br />
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<b>1) você tem um blog chamado "políticas de design". poderia explicar um pouco mais o que significa o termo "políticas de design"?</b><br />
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na minha pesquisa me refiro a <i>"políticas de design"</i>, ou melhor, <i>"políticas públicas de design"</i> como sendo princípios estabelecidos pelo governo para fazer uso do design como ferramenta estratégica de desenvolvimento social, econômico, industrial e regional. estas políticas são geralmente pública e explicitamente estabelecidas, para que possam ser conhecidas e acompanhadas na sua implementacão. <br />
<br />
<b>2) como você vê a atual situação das políticas relacionadas ao design no brasil em comparação a outros países?</b><br />
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o brasil tem uma aproximação recente e ainda esparsa nesta área. não temos, como alguns países, uma <i>"política nacional de design"</i>, nem tampouco uma entidade articuladora de políticas públicas nos moldes do <b><a target="_blank" href="http://www.politicasdedesign.com/2009/03/o-design-council-e-o-cenario-atual-do.html">design council</a></b> britânico ou do <b><a target="_blank" href="http://www.politicasdedesign.com/2009/03/kidp-bom-design-e-um-bom-negocio.html">kidp</a></b> da coréia do sul. ambos atuam com suporte direto do governo, e desenvolvem projetos, programas e ações de interesse do governo e da sociedade. ambos contam com equipes especializadas e bem montadas, parcerias com universidades, associações profissionais e empresas. o <b>design council</b> foi criado pelo governo do reino unido ainda durante a segunda guerra, em 1944, para promover o desenvolvimento da indústria britânica e impulsionar a economia quando acabasse a guerra. mas iniciativas neste sentido já se manifestavam desde o século dezenove, com as grandes feiras mundiais - especialmente a partir da <b><a target="_blank" href="http://en.wikipedia.org/wiki/The_Great_Exhibition">exposição internacional</a></b> de londres, em 1851. e organizações profissionais de designers surgiram no reino unido, nos estados unidos e em outros países ainda nas primeiras décadas do século vinte. assim, mesmo com golpes como a recente crise econômica, que fez com que o governo britânico cortasse o aporte direto de recursos para o design council (anunciado agora em outubro), este ainda consegue se articular para manter-se atuante e encontrar recursos para sobreviver.<br />
<br />
no brasil, podemos falar de intenções pioneiras desde o final do século dezenove. no entanto foi nos anos cinquenta, nos estados de são paulo e rio de janeiro que foram feitas as primeiras iniciativas de trazer o design como era visto então na europa, através de cursos livres e workshops com designers de renome internacional. e no início dos anos sessenta o governo do recém criado estado da guanabara inaugurava a <b><a target="_blank" href="http://www.esdi.uerj.br">esdi</a></b>, trazendo o design para dentro da universidade e pretendendo formar adequadamente os profissionais necessários para alavancar a indústria nacional. podemos falar que hoje temos na escala federal inserções ainda pequenas mas significativas no ministério do desenvolvimento - o <b><a target="_blank" href="http://www.designbrasil.org.br/designemacao/pbd">programa brasileiro de design</a></b>, e no ministério da cultura. e ainda alguns estados tem estabelecido mecanismos de colaboração continuada, como é o caso do <b><a target="_blank" href="http://www.desenvolvimento.rj.gov.br/sup_projesp2.asp">grupo consultivo de design</a></b> que assessora o governo do estado do rio de janeiro desde 2007, através da secretaria de desenvolvimento. a colaboração do segmento de design com o governo do rj já havia gerado, desde o início da década, o programa <b>rio faz design</b>, com exposições, premiação e outros pequenos eventos. o estado do paraná tem também oferecido suporte ao design, com o <b><a target="_blank" href="http://centrodedesign.org.br">centro de design paraná</a></b>, o mais ativo do país, e que tem oferecido apoio estratégico ao <b>programa brasileiro de design</b>.<br />
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ainda temos muito espaço para crescer, portanto, apesar de algumas importantes iniciativas estarem se sedimentando nos últimos anos. a <b><a target="_blank" href="http://www.bienalbrasileiradedesign.com.br">bienal brasileira de design</a></b> e a <b><a target="_blank" href="http://www.bdw10.com.br">brazil design week</a></b> são exemplos disso, e a iniciativa do <b><a target="_blank" href="http://www.forumbrasildesign.org.br">fórum brasil design</a></b> (reunindo todas as associações profissionais e acadêmicas brasileiras), trazem contribuições fundamentais. A <b>bienal de design gráfico</b> da <b><a target="_blank" href="http://www.adg.org.br">adg</a></b> e o <b><a target="_blank" href="http://www.salaodesign.com.br">salão design</a> movelsul / casa brasil</b>, em bento gonçalves, são iniciativas que já alcançam maturidade e projeção internacional, mostrando para a sociedade a importância do bom design. e temos um mercado editorial crescente, editando bons livros e boas revistas, apoiado na grande quantidade de escolas de design e profissionais atuantes. muitas outras iniciativas contribuem para promover o design no país, embora muitas vezes de forma cíclica e desconexa. mas falta ainda esse elemento articulador, que possa circular entre as iniciativas de origens variadas, formatando, planejando, estabelecendo equilíbrio e fazendo a ligação com as diversas instâncias de governo e da sociedade. e mecanismos de avaliação e controle de qualidade, pois o design desprovido de qualidade pode ser extremamente prejudicial. falo de qualidade no contexto internacional, num patamar que permita e facilite trocas comerciais, profissionais e acadêmicas. desprezar a qualidade pode significar hoje ficar exposto à exploração do mercado local por grandes empresas internacionais de design, por exemplo. e essa qualidade passa inevitavelmente pela formação. nossas escolas precisam se aperfeiçoar bastante para alcançar esse patamar. não adianta ficarmos iludidos que a criatividade brasileira supera tudo - ela é um elemento forte com o qual contamos, mas está longe de ser a solução única.<br />
<br />
poderia dizer muito mais sobre o momento atual, que eu vejo como muito positivo, e sobre o futuro que acredito ser promissor, mas como esse é um dos tópicos da minha pesquisa, posso dizer que responderei melhor daqui a dois anos, em 40.000 palavras...<br />
<br />
<b>3) o que você acha que os profissionais e estudantes em design podem fazer em relação ao desenvolvimento dessas políticas em nosso país?</b><br />
<br />
em primeiro lugar, se organizar de forma consistente nas associações existentes. se não dermos suporte às associações, não poderemos cobrar que a nossa atividade seja melhor reconhecida. e por falar em reconhecimento, a <b><a target="_blank" href="http://www.politicasdedesign.com/search/label/regulamentação">regulamentação profissional</a></b> é, no contexto atual, uma necessidade. não dá para se acreditar que, no mar agitado das profissões regulamentadas, iremos sobreviver com um projeto inovador de desregulamentação. chega uma hora em que precisamos, apesar das opiniões diferentes, demonstrar união - senão nunca seremos considerados seriamente. dar suporte às associações significa filiar-se, pagar as taxas regularmente, e contribuir voluntariamente na gestão e nas atividades da sua associação. associações sem associados são cronicamente fracas. e cobrar das escolas uma melhora contínua na qualidade da formação profissional, inclusive a formação continuada, seja esta através de cursos rápidos, especializações, mestrados profissionalizantes. isso deve ser feito em sintonia com as necessidades do mercado regional e buscando apoio de empresas, federações comerciais e industriais, e do governo. se fizermos a nossa parte, poderemos cobrar do governo que faça melhor a parte dele também.gabriel patrocíniohttp://www.blogger.com/profile/11721163443504396184noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2016678875348646999.post-54405068884740382342010-11-11T20:00:00.000-08:002010-11-12T07:53:56.469-08:00sobre biônica & design sustentávelno ano passado eu havia prometido postar aqui reproduções dos cartazes e convites de duas exposições que ajudei a organizar em dezembro de 1979 e janeiro de 1980, respectivamente. pois bem, finalmente achei esse material e processei as imagens (ver post de 08.04.2009 <a href="http://politicasdedesign.blogspot.com/2009/04/design-nos-arquivos-da-revista-veja_08.html" target="_blank">aqui</a>). mas achei que devia fazer um post novo sobre isso, afinal o tema é atualíssimo, e é curioso ver o que se falava sobre isso há 30 anos.<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjdaNDSLZCmFXy-U4ZSLjHu96WilOqh2to5gkonB7gfSer5GIFCiW-y4nM_rqzuzUf8wPyA7xEBpElcIq2Nd5E1qYhWGp31ui0Ne8-uMkiA1iGC9mGnTw84Kp4PlTU7wmp5qqcX9P8Kg4j/s1600/1979_CARTAZ_small.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" target="_blank"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5538369133117933602" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjdaNDSLZCmFXy-U4ZSLjHu96WilOqh2to5gkonB7gfSer5GIFCiW-y4nM_rqzuzUf8wPyA7xEBpElcIq2Nd5E1qYhWGp31ui0Ne8-uMkiA1iGC9mGnTw84Kp4PlTU7wmp5qqcX9P8Kg4j/s400/1979_CARTAZ_small.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; height: 280px; width: 200px;" /></a> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_3MA9a6ZGCQnsLfr1KIMWnJgl2EmOzi0kR7G-O5qKFXA5n3Y7-5k7bajxY3rFZfBkm1FWeXOxgSzN-qMzHEHBI_pM8cjY5qKBvR3zKlmEeq_eeBtjsBDKa5ZPEDvonkyx-sp3VslaBCly/s1600/1979_CONVITE_small.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" target="_blank"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5538363281682111298" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_3MA9a6ZGCQnsLfr1KIMWnJgl2EmOzi0kR7G-O5qKFXA5n3Y7-5k7bajxY3rFZfBkm1FWeXOxgSzN-qMzHEHBI_pM8cjY5qKBvR3zKlmEeq_eeBtjsBDKa5ZPEDvonkyx-sp3VslaBCly/s200/1979_CONVITE_small.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; height: 200px; width: 199px;" /></a><br />
<br />
a <span style="font-weight: bold;">primeira exposição</span> (acima), <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2mVyXIjndDk2zbdjOJqagvv3hlple9MXyb8yXyZjm4pGkkb_eIq-ZvKq_DjdX3A32ePJFLVpHahKiihEFGoCSj7K5x8hhyPTW6qaQga4Jltrb3tOcB1P03AL4F-GKmS0C6UdGqhubGUIf/s1600-h/19791212_veja_esdi.jpg" target="_blank">anunciada</a> pela revista veja em dezembro de 1979, reunia trabalhos dos cursos de desenho industrial da <b><a href="http://www.esdi.uerj.br/" target="_blank">esdi</a></b> e da <b><a href="http://www.eba.ufrj.br/index.php?option=com_content&task=view&id=43&Itemid=97" target="_blank">escola de belas artes da ufrj</a></b>. os cartazes e convites já davam o tom: impressos em papel kraft na gráfica da <b>esdi</b>, usando composição tipográfica em tipos móveis e uma ilustração de uma "máquina voadora" que fazia referência a <b>leonardo da vinci</b>, de quem reproduziam a citação: <i>"o pássaro é um instrumento que obedece a uma lei matemática, e o homem possui a capacidade de reproduzir esse instrumento e seus movimentos"</i>. a <span style="font-weight: bold;">segunda exposição</span> (abaixo) aconteceu na <b><a href="http://www.eavparquelage.rj.gov.br/" target="_blank">escola de artes visuais do parque lage</a></b>, e foi a continuação da primeira, agora com a adesão de trabalhos do curso de design da <b><a href="http://www.dad.puc-rio.br/" target="_blank">puc-rio</a></b>. talvez o clima do <b>parque lage</b> (aonde eu estagiava na época) tenha influenciado cartaz e convite, bem mais "radicais" do que os da exposição na <b>esdi</b>. enquanto os primeiros refletiam a racionalidade gráfica esdiana (ainda que interpretada por estudantes de primeiro ano...), os outros, manuscritos e rabiscados e serigrafia e xerox, continham textos de <b>pablo neruda</b> (última estrofe de <i>aqui vivimos - estravagario</i>) e <b>lao-tsé</b> (poema 11 do <i>tao te ching</i>) e uma estética "suja" identificada com a contracultura da época.<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYuVaDpABHuIVwA0GqxJgDVVhjh8C5J3LN64QAbOp5K0wJkTFKCFUwpROMQ7F9ZjFTxDKBIXMMhGw3AdtHCSWnakjJUohzps8sMRbzRjwYpW5esJaBJ8bjMm_m01YRhjmDbvJlBMb1g_rg/s1600/1980_CONVITE_small.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" target="_blank"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5538363621380166514" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYuVaDpABHuIVwA0GqxJgDVVhjh8C5J3LN64QAbOp5K0wJkTFKCFUwpROMQ7F9ZjFTxDKBIXMMhGw3AdtHCSWnakjJUohzps8sMRbzRjwYpW5esJaBJ8bjMm_m01YRhjmDbvJlBMb1g_rg/s200/1980_CONVITE_small.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; height: 142px; width: 200px;" /></a> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCftTMynqT5aAdwmKdL37TLi_y6LrvQi9POmRy80NZS0uGvutdiGTcR-eETADEA71RGrw5VM3fk_zEG9WP3qz26nQ6kiAns9P5wi25M1wMQrtMjkhJ5tvn8wDMXLNFhbL3gMftd314L7S2/s1600/1980_CARTAZ_small.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" target="_blank"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5538368785870729538" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCftTMynqT5aAdwmKdL37TLi_y6LrvQi9POmRy80NZS0uGvutdiGTcR-eETADEA71RGrw5VM3fk_zEG9WP3qz26nQ6kiAns9P5wi25M1wMQrtMjkhJ5tvn8wDMXLNFhbL3gMftd314L7S2/s400/1980_CARTAZ_small.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; height: 408px; width: 200px;" /></a> <br />
<br />
infelizmente eu não tenho registro dos projetos apresentados, exceto por umas raras imagens de uma gravação da <b>tve</b> (e do livro <b><a href="http://www.amazon.com/ESDI-Biografia-uma-ideia-Portuguese/dp/8585881216/ref=sr_1_1?ie=UTF8&s=books&qid=1289576488&sr=1-1" target="_blank">esdi: biografia de uma idéia</a></b>), aonde fui entrevistado sobre dois trabalhos na mostra (fotos abaixo). mas estes dois projetos são bastante representativos da mostra e do que fazíamos e pensávamos naquela época. ambos os projetos foram desenvolvidos na esdi com orientação do professor <b><a href="http://www.esdi.uerj.br/graduacao/professores/roberto.shtml" target="_blank">roberto verschleisser</a></b>, e dos grupos faziam parte <b>claudio lamas</b>, <b>gil brito</b> e <b>carlos vargas</b> (infelizmente não me lembro se havia mais alguém nos grupos de trabalho)<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGpeZvPr469zDx64spYgGklgN030gt3LHUtDc9Dz7nbF0znoFH5fTa_7Vbb_Xzu5AXkkyxW0ZBBDdqoJgF2uGA8Y6pHyRxa43cM0QXvm7d-Azxoprhi92DyK-iZE_DhZLiJR6OcvK55URC/s1600/rotula.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" target="_blank"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5538382631717057954" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGpeZvPr469zDx64spYgGklgN030gt3LHUtDc9Dz7nbF0znoFH5fTa_7Vbb_Xzu5AXkkyxW0ZBBDdqoJgF2uGA8Y6pHyRxa43cM0QXvm7d-Azxoprhi92DyK-iZE_DhZLiJR6OcvK55URC/s320/rotula.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; height: 176px; width: 256px;" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLvzSoFnc8nAV4fNPuRs0OsRNQlVoQGrkRX40ye5iFk5dKpHJG0Zk0_EOBqDx5zxlgdf5f06t4Kq3_Suh0prgI-emZTD2xxzztaNqVd_DI61Dqh2-f3DPmSWEcO0p9W9KLnTCK6CGtatKk/s1600/rotula_livro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;" target="_blank"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLvzSoFnc8nAV4fNPuRs0OsRNQlVoQGrkRX40ye5iFk5dKpHJG0Zk0_EOBqDx5zxlgdf5f06t4Kq3_Suh0prgI-emZTD2xxzztaNqVd_DI61Dqh2-f3DPmSWEcO0p9W9KLnTCK6CGtatKk/s200/rotula_livro.jpg" width="131" /></a><br />
<br />
<b>biônica & biomimética<br />
</b><br />
o primeiro era um estudo de <b>conector metálico</b> baseado na articulação rotular da cabeça do fêmur. <b>biônica</b> pura, seguindo os ensinamentos transmitidos com paixão pelo professor <b>verschleisser</b>, que nos apresentou <b><a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Victor_Papanek" target="_blank">victor papanek</a></b>, <b><a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Buckminster_Fuller" target="_blank">buckminster fuller</a></b>, <b><a href="http://guibonsiepe.com/" target="_blank">gui bonsiepe</a></b> e tantos outros autores que fizeram nossa cabeça e ajudam, até hoje, a fundamentar nosso pensamento. aprender com a natureza, observar, estudar e desenvolver conceitos a partir de similares naturais entusiasmou a todos. <br />
<div><br />
</div><div>há poucos dias li um post do <b>fred gelli</b> no blog da <b>tátil design</b> sobre <b><a href="http://www.abstratil.com.br/2010/quatro-dias-de-bioinspiracao-com-janine-benyus" target="_blank">biomimética</a></b> - e lá estava todo o entusiasmo que ele (que também foi aluno do <b>verschleisser</b>) mantém sobre o assunto até hoje, inspirando criações premiadas do seu estúdio. vale conferir o trabalho da <b><a href="http://janinebenyus.com/" target="_blank">janine benyus</a></b> citado pelo <b>fred gelli</b>, e seu livro <b><a href="http://www.amazon.com/Biomimicry-Innovation-Inspired-Janine-Benyus/dp/0060533226" target="_blank">biomimicry: innovation inspired by nature</a></b>.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJW_VnRZNpF7YOn2ZVW26vbAx28tTyAboeESoT6vHiMASVdUOn4EywL0-GfOpMcaP2V_Y0W-UFRCleIf1cGzMFtebDGyX5Cdv7xjmKAAKqL28qILVH9Q_EHb0hUiAGmCioIEOxCBtnjIEd/s1600/silo.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" target="_blank"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5538383029720708226" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJW_VnRZNpF7YOn2ZVW26vbAx28tTyAboeESoT6vHiMASVdUOn4EywL0-GfOpMcaP2V_Y0W-UFRCleIf1cGzMFtebDGyX5Cdv7xjmKAAKqL28qILVH9Q_EHb0hUiAGmCioIEOxCBtnjIEd/s320/silo.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; height: 226px; width: 320px;" /></a><br />
<br />
<b>design sustentável: papanek x bonsiepe<br />
</b><br />
o outro projeto, um <b>silo octaédrico</b> em lona plástica, suspenso numa estrutura tubular também octaédrica, que se apresentava como solução para armazenagem temporária de colheitas em áreas parcialmente alagadas.<br />
<br />
este tipo de projeto encaixava-se no que <b>gui bonsiepe</b> (autor ávidamente consumido e adorado por nós, então jovens estudantes) definia como <b>tecnologia apropriada</b>, opondo-se ao conceito de <b>tecnologia alternativa</b>, apresentado por <b>victor papanek</b> no seu livro <b><a href="http://www.amazon.com/Design-Real-World-ECOLOGY-SOCIAL/dp/0897331532">design para o mundo real</a></b> (nosso livro de cabeceira). <b>bonsiepe</b> acreditava que os países em desenvolvimento deviam utilizar tecnologias que pudessem dominar facilmente, e passando sucessivamente a tecnologias mais sofisticadas. assim ele defendia a adoção incremental de novos conhecimentos, estimulando o desenvolvimento científico e industrial desses países. seu livro <b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjR_2tKaXlSuaf0Rdh5anJaok0HSv-oEqJbIeYnghuy9SNDv1gtVepD13JoZ8dd3BdgEIFqBLH-pfW_NeXE0LWjxcC-UhiJ2736jQPzUcrtYhvmo0l0QwDEa9XgDspcfyPRgiJ52OBGe7Zl/s1600/gbonsiepe.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;" target="_blank">teoría y practica del diseño industrial</a></b> dedica um capítulo a essa discussão: <i>política tecnológica, diseño industrial y modelos de desarollo</i>.<br />
<br />
por sua vez, <b>papanek</b> defendia a recuperação de conhecimento local e soluções alternativas às tecnologias correntes, enfatizando a reciclagem e reprocessamento de materiais. a longo prazo, acredito que a visão de <b>papanek</b> manteria ou até mesmo aumentaria a distância entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento, tornando estes últimos mais dependentes de tudo que dissesse respeito à novas tecnologias, mantendo um processo estacionário de reprocessamento semi-artesanal do descarte industrial. me lembro que em 1980 todos fomos assistir victor papanek num seminário na <b>puc-rio</b>, e saímos um bocado decepcionados com sua visão que então percebemos paternalista e sua tentativa de afastamento das questões políticas que envolviam a américa do sul naquele período. isso não impede que seu último livro, publicado originalmente em 1995 - <b><a href="http://www.amazon.com/Green-Imperative-Ecology-Ethics-Architecture/dp/0500278466/ref=sr_1_2?s=books&ie=UTF8&qid=1289498093&sr=1-2">the green imperative</a></b> - tenha se tornado referência para o pensamento do <b>design sustentável</b>. <br />
<div><br />
</div><div>esta semana eu assistia um programa na <b>bbc 2</b> (<b>big ideas</b>, com <b>james may</b>) aonde o apresentador, em uma viagem aos estados unidos para visitar experimentos de geração de energia não-fóssil, chega a uma comunidade alternativa estabelecida nos anos setenta. ali, um dos idealizadores explica que a idéia não é rejeitar novas tecnologias, nem o conforto moderno. a sua casa alternativa tem geladeira, microondas, internet e rede wi-fi. a questão é a auto-suficiência energética, tratamento de afluentes, aproveitamento racional e conservação de água, reciclagem, etc. um equilíbrio entre o apropriado e o alternativo, que sobrevive a mais de trinta anos de experimentação.<br />
<br />
por último, já que falei do <b>bonsiepe</b>, a <b>bedford press</b> acaba de lançar um livrinho com suas reflexões sobre o potencial de atuação política do design: <b><a href="http://www.aaschool.ac.uk/PUBLIC/AAPUBLICATIONS/bedford.php?item=621" target="_blank">design and democracy</a></b>. leitura obrigatória!</div></div>gabriel patrocíniohttp://www.blogger.com/profile/11721163443504396184noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2016678875348646999.post-48000082545235451252010-04-13T11:00:00.000-07:002010-04-13T05:27:23.560-07:00se design é importante, cadê o design?<img style="width: 320px; height: 286px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDOrD9jCo_NpYT2KejJg2PpSq28q6AQjChV4CWphBbww-VmjQVazWvR7_6KrNWuQ0uptMcwgv4QL9VohHMZmsbwzixX-aBUkB3KosC_T3FqM-HJEfrx4g36n8umDitJ9Y39LNxFAtP3r11/s320/cadeiras.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5459580823394725298" /><br /><br />o <span style="font-weight:bold;"><a href="http://www.cgee.org.br" target="_blank">cgee</a> comitê gestor de estudos estratégicos</span> acaba de divulgar (*) na edição de abril de 2010 do seu boletim, o lançamento de estudos feitos para a <span style="font-weight:bold;">abdi</span> sobre o segmento de madeira e móveis:<br /><br /><span style="font-style:italic;">"o estudo liderado pelo cgee foi demandado pela agência brasileira de desenvolvimento industrial (abdi) e resultou na publicação do panorama setorial – madeira e móveis, volume de 202 páginas e estudo prospectivo – madeira e móveis, de 210 páginas."</span> (leia a notícia completa <span style="font-weight:bold;"><a href="http://www.cgee.org.br/noticias/viewBoletim.php?in_news=766&boletim=" target="_blank">aqui</a></span>)<br /><br />a notícia destaca, em vários pontos, a grande importância do design para que se possa atingir os objetivos do setor. só uma coisa incomoda: apesar disso, não há uma única <span style="font-weight:bold;">entidade representativa do design brasileiro</span> listada entre os participantes do comitê gestor do estudo, no final do texto...<br /><br />não culpo o <span style="font-weight:bold;">cgee</span> ou a <span style="font-weight:bold;">abdi</span> pela falha, nem a excelente equipe que conduziu o estudo. no entanto, a falha precisa ser corrigida futuramente. acredito que isso seja consequência da fragmentação e enfraquecimento da representação da atividade no país, que nós tentamos combater com a criação do <span style="font-weight:bold;"><a href="http://www.forumbrasildesign.org.br" target="_blank">fórum brasil design</a></span>. ou seja, precisamos reforçar ainda mais as nossas ações se quisermos ser ouvidos. até porque, com uma entidade representativa forte, podemos exigir ser ouvidos.<br /><br />(*) <span style="font-style:italic;">detalhe curioso: aparentemente os estudos divulgados como novidade no boletim do <span style="font-weight:bold;">cgee</span> de abril de 2010 foram lançados no início de julho de 2009, portanto nove meses atrás, e estão disponíveis no site da <span style="font-weight:bold;"><a href="http://www.abdi.com.br/?q=node/291" target="_blank">abdi</a></span> junto com outras publicações interessantes. vale a pena conhecer os estudos, muito bem elaborados e apresentados. (atenção: os arquivos pdf são bem grandes)</span><br /><br /><span style="font-weight:bold;"><a href="http://www.abdi.com.br/?q=system/files/Volume+X+-+Estudo+Prospectivo+Madeira+e+Móveis++08.07.09.pdf" target="_blank">estudo prospectivo madeira e móveis</a></span> (pdf 47mb)<br /><br /><span style="font-weight:bold;"><a href="http://www.abdi.com.br/?q=system/files/Volume+VIX+-+Panorama+Setorial+Madeira+e+Móveis++03.07.2009.pdf" target="_blank">panorama setorial madeira e móveis</a></span> (pdf 30mb)<br /><br /><span style="font-style:italic;">(a imagem das cadeiras foi retirada dos estudos acima)</span>gabriel patrocíniohttp://www.blogger.com/profile/11721163443504396184noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2016678875348646999.post-74964035442736416162010-03-16T08:55:00.000-07:002010-04-13T05:29:01.062-07:00regulamentação, ou design e o seu zé da vendaesta semana, respondendo a um post que se posicionava contra a regulamentação profissional no blog <span style="font-weight:bold;">designbr</span>, fiz uma série de considerações a respeito, complementando o que o professor freddy van camp já falara a respeito (ver links no final deste post)<br /><br />bem, começando pelas comparações – em geral muito difíceis – entre países, e só para citar alguns exemplos (afinal, sempre se citam exemplos de países aonde a profissão não é regulamentada…): finlândia, estados unidos, reino unido, tem organismos reguladores da profissão estabelecidos ainda no século dezenove. conselhos nacionais e outros tipos de associações profissionais trabalharam junto aos governos e à sociedade por mais de um século nestes países, estabelecendo uma cultura de design da qual estamos, infelizmente, muito distantes. na finlândia, com uma população de pouco mais de cinco milhões de habitantes, apenas quatro associações profissionais reúnem quase cinco mil associados – isso equivaleria a termos no brasil 200 mil associados às diversas associações de classe existentes no país. e no entanto tenho motivos para acreditar que as nossas associações não chegam a somar três mil associados em todo o brasil hoje!<br /><br />muitos criticam as associações existentes, e nos comentários do tal post chegou-se a falar em “fracasso” na atuação da <span style="font-weight:bold;">adg</span>. ora, eu não consigo avaliar assim uma entidade que promove um evento da magnitude da bienal de design gráfico, que tem cumprido o importante e fundamental papel de mostrar à sociedade brasileira o que é design, e o que é design de qualidade! estabelecer tal patamar é fundamental para a evolução do design no país. afinal, se esperamos que a sociedade vá consumir design de qualidade, ela precisa saber o que é design de qualidade, não é mesmo? e pelo que eu saiba, um dos maiores problemas da <span style="font-weight:bold;">adg</span> é a inadimplência – e não há associação profissional que resista a esse mal. parece que a atitude de alguns profissionais muitas vezes tem sido: não gosto de fulano ou de beltrano, não fizeram o que eu queria, então vou sair da associação, vou deixar de pagar a anuidade. as pessoas que dirigem essas entidades tem sido, historicamente, voluntários e abnegados, que conseguem fazer sobreviver as instituições com esforços heróicos e sacrifícios pessoais para promover atividades que beneficiam a todos, inclusive aos não-associados.<br /><br />acho que todos concordam que não há como avançar sem algum tipo de atuação coletiva, não é mesmo? e porque tornar vilões genericamente os conselhos e apontar as associações como soluções? ambos não são formados pelos profissionais da área? será que devemos eliminar o congresso nacional ou a classe política porque nós a percebemos como dominada pela corrupção? e qual seria a opção? a tirania? o que eu tenho visto funcionar melhor em alguns países do que no brasil é a participação – fruto da cidadania, cuja percepção parece que nos falta às vezes. e não estou querendo dizer que neste ou naquele país a situação seja exemplar ou ideal, pois isso não existe, todos tem problemas e diferentes estágios de evolução no uso do design como ferramenta estratégica de desenvolvimento. mas somos nós os responsáveis por fazer as nossas representações profissionais (ou políticas) darem certo. não posso acusar uma associação profissional ou conselho pela falta de atuação, pois eu também sou responsável por ela, e se faltam ações, essa falha não é apenas de seus diretores, mas é compartilhada pelos associados.<br /><br />temos que compreender que o gigantismo e a complexidade do estado brasileiro estabeleceram outros mecanismos, que passam pela excessiva regulamentação profissional, diferente de outros países. há um excesso na regulamentação de profissões. mas por isso mesmo não podemos prescindir de ter nossa profissão reconhecida e regulamentada, sob pena de termos a atuação restrita pela legislação que privilegia profissionais regulamentados e limitada pelos setores profissionais que nos tangenciam.<br /><br />outro ponto: qual é a medida da contribuição do design para a economia de um país? fala-se muito disso, mas como se podem estabelecer mecanismos de avaliação efetivos? no brasil, o ministério da fazenda tem dados atualizados anualmente para os setores regulados, e pode assim dimensionar a sua evolução ao longo dos anos, apenas fazendo uso do código fiscal e da receita correspondente. e isso decorre de uma clara definição da atuação profissional através da sua regulamentação. existem outras maneiras para fazê-lo? certamente, mas ser a exceção à regra é muito mais complicado do que jogar pelas mesmas regras que se aplicam a todos os outros.<br /><br />um argumento utilizado com frequência diz que a regulamentação nivelaria os preços por cima, ou tornaria os preços de um projeto de design inatingíveis para o “seu zé da venda”. acontece que no brasil ele geralmente investe muito em outras áreas para alavancar o seu negócio – seja em maquinário e outros insumos, ou na ampliação da oficina, da fábrica ou da sua “venda”, que logo se torna mercadinho, e daí a pouco supermercado. mas não sabe que o design pode estabelecer um diferencial para a marca da sua “venda”. como será o que o “seu zé da venda” fica sabendo que esse tal de design pode ajudá-lo? pela presença do design na mídia garantida por eventos da qualidade da bienal de design gráfico, pelas informações e pelo apoio do <span style="font-weight:bold;">sebrae</span>, pelo cartão do <span style="font-weight:bold;">bndes</span> que agora financia design. mas este continua sendo um problema no mundo inteiro: como ensinar a contratar design? porque contratar um mau designer estraga todo o esforço feito para mostrar ao “seu zé da venda” a importância do design para o crescimento da sua venda. no reino unido, essa é uma das preocupações do <span style="font-weight:bold;">design council</span>, que tem programas específicos sobre como contratar um designer para desenvolver o seu projeto, geralmente focados nas pequenas empresas. e essa preocupação existe também em todos os outros países aonde se pretende ordenar e valorizar o trabalho de design. eu mesmo já ouvi depoimentos de micro-empresários sobre o quanto o design contribuiu para o crescimento das suas empresas, assim como, quando tinha a minha empresa de design no rio de janeiro, já negociei formas de pagamento adequadas ao tamanho da empresa, ou até mesmo a troca de serviços – o bom e velho escambo – que está na origem do sistema econômico de trocas comerciais, antes mesmo do surgimento da moeda.<br /><br />enfim, não existe outra saída: precisamos nos organizar, nos associar, reforçar muito as associações existentes – e o <span style="font-weight:bold;"><a href="http://www.forumbrasildesign.org.br" target="_blank">fórum brasil design</a></span>, que reuniu já na sua criação praticamente todas as entidades associativas da área de design no brasil inteiro – e apoiar sim, a regulamentação. ela certamente trará benefícios para todos, e principalmente para o usuário de design, que terá a quem recorrer para se instruir sobre como contratar corretamente um profissional de design que possa atender às suas expectativas.<br /><br /><br />(<span style="font-weight:bold;"><a href="http://designbr.ning.com/forum/topics/os-afins-que-se-unam" target="_blank">aqui</a></span> está o post no <span style="font-weight:bold;">designbr</span> que originou este texto; não deixe de ver também <span style="font-weight:bold;"><a href="http://www.designbrasil.org.br/portal/regulamentacao/artigo2.jhtml" target="_blank">este texto</a></span> do professor <span style="font-weight:bold;">freddy van camp</span> sobre o assunto e <span style="font-weight:bold;"><a href="http://www.adegraf.org.br/downloads/regulamentacao.pdf" target="_blank">esta apresentação</a></span> preparada para a <span style="font-weight:bold;">adegraf</span> pelo professor <span style="font-weight:bold;">felipe lopes</span>, da unb)<br /><br />ps: acrescento o <span style="font-weight:bold;"><a href="http://www.feiramoderna.net/2007/04/25/sobre-a-regulamentacao-do-design-no-brasil/" target="_blank">link</a></span> para o texto do <span style="font-weight:bold;">mauro pinheiro</span>, um dos melhores que já li sobre o assunto, e bom demais para estar apenas entre os comentários...gabriel patrocíniohttp://www.blogger.com/profile/11721163443504396184noreply@blogger.com26tag:blogger.com,1999:blog-2016678875348646999.post-5262041733081631892009-11-06T03:03:00.001-08:002010-04-13T05:28:17.376-07:00descobrindo o designsó para comprovar que nós temos que olhar para a frente e acreditar sempre: hoje, um dia depois do <span style="font-weight:bold;">dia do designer</span>, recebi a notícia da realização, na semana que vem, do evento <span style="font-weight:bold;">descobrindo o design</span>. <br /><br />promovido por estudantes de design da <span style="font-weight:bold;">unip</span>, o evento será realizado no auditório da universidade paulista, na cidade universitária (são paulo), durante a 3ª secom - semana de comunicação digital - do dia 9 ao dia 12 de novembro. serão oito palestras (duas por dia) abertas ao público, começando sempre às 19:30hs.<br /><br />pode ser simples, pequeno, despretensioso, mas mostra a garra e a vontade de levar adiante os ideais e interesses dos designers. vamos apoiar e estimular a realização (e o aprimoramento) de mais eventos como esse, pois os estudantes tem o fôlego e o tempo que muitas vezes nós, profissionais atuando no mercado, gostaríamos de ter mas já não temos mais.<br /><br />maiores informações podem ser obtidas no <a href="http://www.descobrindoodesign.com.br" target="_blank">site do evento</a>.<br /><br />_<br /><span style="font-style:italic;">falando sobre o evento da <span style="font-weight:bold;">unip</span>, eu não poderia deixar de mencionar o "<span style="font-weight:bold;">design através do espelho</span>", que os alunos da <span style="font-weight:bold;">esdi</span> brilhantemente produziram em setembro do ano passado, e que por não ter assistido (eu estava viajando na ocasião) acabei não comentando aqui. mas o registro das palestras está <a href="http://www.esdi.uerj.br/espelho" target="_blank">aqui</a>. foi frustrante para mim não poder participar! e está na hora de fazer outro, não é mesmo?</span>gabriel patrocíniohttp://www.blogger.com/profile/11721163443504396184noreply@blogger.com3