quarta-feira, 8 de maio de 2013

porque se associar?



recentemente resolvi tornar pública minha filiação à duas associações profissionais: a adg e a adp. como isso despertou alguns comentários de colegas e amigos sobre a validade de se pertencer a uma associação, resolvi esclarecer os meus motivos para me filiar – e porque me filiei somente agora, já que advogo há muito tempo a importância de que todos os designers se filiem às associações existentes.

antes de mais nada: fui associado ativo da apdins-rj num passado remoto (anos 1980). o fim da apdins-rj (1) e a derrocada da nossa organização profissional mais ou menos coincidiu com a minha dedicação crescente à atividade acadêmica na esdi. isso no entanto não chegou a me aproximar da associação de ensino, pois a aend-br (associação de ensino e pesquisa de nível superior em design do brasil) estava mais ligada à pesquisa acadêmica enquanto eu, tendo apenas a formação básica - graduação em design de produto e programação visual pela esdi - não estava engajado em atividades desta natureza. houve portanto um (grande) hiato na minha história de “associado”, apesar da minha atividade, por exemplo, na articulação do fórum brasil design (2) em 2008/2009 – fórum reunindo quase todas as associações brasileiras de design para discutir as questões que afetam a atividade (3) como um todo.

em 2009, quando saí do brasil para fazer meu doutorado no reino unido, não havia ainda a opção de se filiar às associações de designers gráficos e de produto na categoria 'professor', como existe agora, e minha atividade profissional na época se resumia à atividades acadêmicas e algumas consultorias, principalmente na área de interface entre design e propriedade intelectual. por outro lado, minhas tentativas de me filiar à entidade que me representaria talvez melhor atualmente, a associação de ensino e pesquisa de design, frustraram-se porque esta se encontrava numa fase 'retraída'. como diz o professor marcos braga, que pesquisou a atividade profissional do design no brasil, as associações tem um comportamento cíclico, de picos e vales, sendo muito difícil manter-se estáveis ao longo do tempo.

sobre porque se associar:

sendo o associativismo a forma básica de organização da sociedade civil, ao exercermos uma atividade profissional complexa e de efeitos políticos e sociais tão óbvios como o design não podemos nos manter isolados e à margem dessa organização. precisamos debater as questões da nossa atividade como classe, e sempre estendendo esse debate à sociedade como um todo. precisamos nos comprometer com o debate, e não achar que é possível ficar à margem, como observadores isolados. não existe observador isolado. o facebook não é o mundo. podemos pensar novas formas de ação e de associação, mas não podemos querer reinventar a roda sempre (ou rediscutir o significado da palavra design a cada vez que nos reunimos...), assim como não podemos criar mais e mais associações, esgarçando, diluindo e fragilizando cada vez mais a nossa atividade.

por isso eu convido a todos: associem-se, reúnam-se, debatam, participem, contribuam para o crescimento da atividade que exercemos com tanta paixão. somem-se a outros associados para que nossa atividade, lado a lado com outras tantas áreas próximas e complementares, traga uma contribuição efetiva para a sociedade. não se trata apenas de quais vantagens pessoais a associação pode trazer para você, mas sim de qual a importância coletiva da sua participação nas associações. somente associações fortes podem trazer boas vantagens para os associados. e somente através de uma significativa representatividade conseguiremos finalmente fazer da atividade do design uma mola propulsora para o desenvolvimento econômico e social do país.

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(1) saiba mais sobre a apdins-rj no livro do professor marcos braga (link aqui)

(2) leia mais sobre o fórum em posts antigos aqui e aqui

(3) nota: prefiro me referir à 'atividade' e não à 'classe', pois me é mais importante o que diz respeito de forma ampla à atividade do design, e não apenas as questões restritas à classe profissional e suas demandas, digamos assim, mais trabalhistas e sindicais.