sexta-feira, 18 de novembro de 2011

influências européias em políticas públicas de design no brasil

estabelecer conexões entre políticas públicas de design no brasil e na europa faz parte da minha pesquisa de doutorado. uma pequena parte da pesquisa foi apresentada em outubro de 2011 no sexto congresso internacional de pesquisa em design - ciped 2011, em lisboa. trata-se mais de um exercício do que uma antecipação, afinal uma das exigências do doutorado é exatamente a produção de artigos tanto para conferências como para publicação em revistas acadêmicas.

este é portanto um desses exercícios. o texto integral, de minha autoria em conjunto com o professor simon bolton, pode ser encontrado aqui.

abaixo segue a apresentação feita durante o congresso:




quarta-feira, 18 de maio de 2011

regulamentação. um caso sério.

foi apresentado hoje, dia 18 de maio de 2011, na câmara dos deputados em brasília, o projeto de lei 1391/2011 que dispõe sobre o exercício profissional de design (ok, o projeto diz "de designer", mas diante de tantos problemas enfrentados até aqui, digamos que esse é um problema menor, que poderá - espero - ser corrigido a tempo). o projeto foi apresentado pelo deputado josé luiz penna (pv-sp) e pode ser encontrado no site do deputado.

para acompanhar a tramitação do projeto, cadastre-se no site da câmara dos deputados.

a adegraf colocou há algum tempo em seu site uma apresentação sobre regulamentação profissional. e eu mesmo já fiz um longo post sobre o assunto (regulamentação, ou design e o seu zé da venda), com diversos links e seguido por muitos comentários interessantes. e tem ainda dois excelentes textos, dos professores freddy van camp e mauro pinheiro. não deixem de ler!

a regulamentação profissional é apenas um passo num processo de reconhecimento pela sociedade da atividade de design. faz parte da cultura do nosso país regulamentar. então, sem regulamentação não há reconhecimento.

e por favor colegas - já discutimos essa questão há mais de trinta anos - é hora de nos unirmos em apoio ao projeto, que significará um grande avanço para a atividade de design no país. não é um projeto que traz vantagens pessoais, mas sim uma contribuição significativa para o efetivo reconhecimento da importância da atividade para a nossa sociedade.

vamos todos apoiar!

updates 1 e 2 (20.5.2011)

1. algumas considerações adicionais:

precisamos ter limites à nossa atividade, limites éticos, por exemplo, responsabilidade sobre a péssima qualidade de muitos projetos que vemos por aí que desabonam a atividade profissional.

para um empresário, especialmente para o pequeno empresário, uma primeira experiência ruim com um designer significa uma experiência ruim com o design como atividade, como solucionador de problemas.

regulamentação traz reconhecimento da sociedade, do governo, e de outros campos profissionais. reconhecimento e respeito. é lógico que isso não se faz somente através da regulamentação, mas esta é um passo importante nesse sentido, pelo qual debatemos e lutamos há trinta anos pelo menos.

2. esclarecimento:

somente hoje soube da origem e encaminhamento do projeto. afinal, como estou residindo fora do brasil, não tenho acompanhado de perto o assunto, apesar de fazer parte virtualmente, por skype, de uma comissão da abedesign que discute outros aspectos da regulamentação como classificação estatística, fiscal e trabalhista.

então, vale o esclarecimento: o encaminhamento deste projeto, feito pela associação de designers de produto, adp, através do ernesto harsi, faz parte da agenda discutida no forum design brasil, entidade que reune todas (ou a quase totalidade) das associações representativas do design no país. lá, discutiu-se que a adp, por já estar trabalhando nessa questão, continuaria a encaminhá-la. isso reforça o caráter de legitimidade e representatividade do projeto e, como o ernesto harsi lembrou, esta formatação do projeto foi discutida em associações profissionais e de estudantes. não havia possibilidade de discussão mais ampla do que essa. porque? porque não temos nenhum congresso ou encontro nacional que reúna a classe como um todo (do porte dos antigos endi - encontro nacional de desenho industrial); muito poucos dos nossos profissionais são membros regulares de alguma associação, que são a única forma organizada de representação da classe (nesse aspecto, os estudantes estão muito mais organizados e tem maior representatividade, a partir da organização dos ndesign e da forma de representatividade adotada). quero com isso dizer que a ampliação do debate - deste ou qualquer outro que intesse à classe - passa por cada um de nós: ou nos associamos, ou perdemos voz. e se não fizermos esse movimento, não teremos nenhuma, absolutamente nenhuma, legitimidade para protestar depois sobre o que foi feito pelas associações em nome da categoria. pois esse é exatamente o papel das associações - representar a categoria como um todo, e não apenas um pequeno grupo de associados.

por sinal, a adg colocou nota hoje no facebook e no website lembrando que o projeto é "fruto da discussão em um comitê onde participaram as principais associações no país."

em resumo, esse é o meu recado: faça sua parte antes que alguém faça por você e em seu nome - procure uma das associações profissionais e associe-se agora!

domingo, 2 de janeiro de 2011

a história de dois logos

o primeiro: jogos olímpicos rio 2016



o logo para jogos olímpicos rio 2016 foi lançado durante a festa de dois milhões de pessoas no reveillon da praia de copacabana, no rio de janeiro. com design da tátil (uma das melhores empresas de design brasileiras), é consequência de um processo que começou há vários meses, numa concorrência promovida pelo comitê olímpico brasileiro com assessoria da associação de designers gráficos, adg brasil, da associação brasileira de empresas de design, abedesign, da associação brasileira das agências de propaganda, abap, e do conselho executivo de normas-padrão, cenp. o edital foi elaborado com base nas recomendações do icograda, conselho internacional de associações de design gráfico, e todo o processo foi supervisionado pela adg, com regras claras e justas. 139 agências de design participaram, das quais oito foram selecionadas e contratadas para desenvolver conceitos. o logo vencedor foi escolhido (e posteriormente desenvolvido para o lançamento) por um time de 15 pessoas que incluía representantes das instituições envolvidas e diversos experts. um processo transparente e bem gerenciado.

o resultado: conceitualmente bom, equilibrado, com desenvolvimento cuidadoso do lettering, inquestionavelmente um trabalho de alto profissionalismo, e que sugere um número de boas aplicações - inclusive uma belíssima versão tridimensional apresentada na festa de lançamento.

antes de ler sobre o próximo logo, assista os dois videos inspiradores abaixo - o lançamento oficial do logo e um documentário sobre o processo criativo:







o segundo: copa do mundo de futebol da fifa - brasil 2014



o logo da copa do mundo de futebol da fifa - brasil 2014 foi lançado no final da copa do mundo na áfrica do sul, em julho passado. no entanto, havia vazado para a imprensa há pelo menos dois meses - outro tropeço num processo bem menos transparente do que o da concorrência para a marca dos jogos olímpicos do rio.

inicialmente a mesma adg brasil foi convidada para assessorar o processo da concorrência, mas aparentemente se retirou por discordâncias nunca bem esclarecidas, obscurecidas por um acordo de confidencialidade. a marca final foi desenvolvida pela agência de publicidade que já atendia a fifa no brasil, a agência áfrica. de acordo com a fifa, outras sete empresas participaram da concorrência, mas nunca se soube quais novamente em virtude de acordos de confidencialidade. a escolha final ficou a cargo de uma "comissão de notáveis" composta pelo presidente da confederação brasileira de futebol, pelo secretário geral da fifa, pelo escritor paulo coelho, a cantora ivete sangalo, a top-model gisele bundchen, o arquiteto oscar niemeyer (aos 102 anos) e o designer pop-star "brasileiro" (nascido na alemanha) hans donner. sem dúvida não era um comitê com enfoque técnico.

o logo foi apresentado sob severas críticas, especialmente dos designers brasileiros, que se sentiram mal representados especialmente quando a qualidade do design brasileiro conquista espaços - e muitos prêmios - no mundo inteiro. foram apontados o desenho infantilizado, vários problemas construtivos, um péssimo lettering e até mesmo o uso desproporcional dos símbolos de marca registrada e copyright, todos considerados sinais claros de uma criação não-profissional. e a marca tornou-se conhecida como um rosto escondido pela palma da mão numa atitude envergonhada.

e qual a relação disso com políticas de design?

muito simples: concorrências públicas e licitações de design devem ser conduzidas por associações profissionais de designers, ou com seu contínuo assessoramento. existem regras claras e internacionalmente aceitas para gerenciar esses processos, desenvolvidas após décadas de experiência por instituições como o conselho internacional de associações de design gráfico, icograda, e o conselho internacional de sociedades de design industrial, icsid. ignorar isso expõe ao risco o processo e os resultados.


(versão em inglês deste post: www.designpolicies.com)