quinta-feira, 19 de maio de 2016

sísifo e as políticas de design no brasil



na mitologia grega, sísifo foi condenado pelos deuses a empurrar eternamente uma pesada pedra até o alto de uma montanha, apenas para vê-la rolar encosta abaixo e ter que reiniciar o seu trabalho. o escritor e filósofo francês albert camus explorou este mito para discorrer sobre o absurdo da vida - e o quanto nos dedicamos a construir um futuro que insiste em rolar montanha abaixo.

na manhã do dia 11 de maio foi aprovado em brasília, pelo pleno do conselho nacional de políticas culturais, o plano setorial de design. o plano é um documento brilhantemente construído por um grupo de designers de todo o país, através de consultas locais e com muito esforço e competência. através de quatro eixos, propõe ações para promover a divulgação e o fortalecimento da atividade e especialmente para a sua contribuição ao crescimento econômico e social no brasil. uma pesada pedra levada montanha acima.

dois dias depois, soube-se pela imprensa da extinção do ministério da cultura - ou sua incorporação, ainda sem detalhes, ao ministério da educação. e rola a pedra montanha abaixo. aliás, rola montanha abaixo em companhia de outra, maior ainda, carregada 30 anos montanha acima - a da cultura nacional.

no dia 1º de dezembro de 2015, o congresso nacional validou o veto presidencial à regulamentação profissional da atividade dos designers no país - uma imensa pedra, carregada montanha acima quase quarenta anos por gerações de designers, que rolou montanha abaixo. 

isso tudo desconsiderando que o design é visto hoje como ferramenta indispensável de inovação ao redor do mundo. aliás, ferramenta esta que é absolutamente ignorada, mais uma vez, na estratégia nacional de ct&i 2016-2019, documento que irá nortear as ações de inovação, lançado no dia 12 de maio. design? para que serve isso mesmo? outra grande pedra rolando montanha abaixo.

camus tinha razão: a vida é feita de absurdos - e de pedras enormes rolando montanha abaixo, aguardando para serem novamente empurradas até o topo por aqueles que (ainda) se dispõe a isso.


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[ imagem: gravura de friedrich john baseada em quadro de matthäus loder, século 19 ]



[update]
o ministério da cultura voltou a existir alguns dias depois, embora as políticas setoriais não tenham qualquer previsão de implementação.

sábado, 23 de abril de 2016

design: ferramenta política do século 21



o economista e teórico do design john heskett escreveu que diversas atividades "se apropriam da palavra 'design' para criar uma aura de competência, como em: 'hair design', 'nail design', ‘design floral', e até mesmo 'design funeral'. por que não 'hair engineering', ou 'arquitetura funeral'? parte da razão pela qual o design pode ser usado dessa maneira arbitrária é que ele nunca foi coeso em uma profissão unificada, como o direito, medicina ou arquitetura, onde uma licença ou qualificação similar é necessária para a prática, com os padrões estabelecidos e protegidos por instituições de auto-regulação, e uso do descritor profissional limitado para aqueles que ganharam ingresso através de procedimentos regulamentados. em vez disso, a prática do design se partiu em subdivisões cada vez maiores sem qualquer conceito abrangente ou organização, e por isso pode ser apropriada por qualquer um.” (do livro toothpicks and logos: design in everyday life, oxford university press, 2002). com esse discurso, heskett defendia a importância da regulamentação profissional dos designers (ou a certificação, dependendo do sistema legal e das práticas profissionais de cada país).

no atual cenário político e econômico, em que caberia investir em design, inovação e aumento da competitividade industrial, o que se tem visto no brasil na área do design é uma constante retração do apoio governamental. o papel estratégico desempenhado pelo design hoje na europa e na ásia – incentivado através de programas da comunidade europeia e replicados pelos seus países-membros – tem sido frequentemente desconsiderado nas esferas públicas brasileiras. até mesmo programas que alcançaram relativo sucesso foram desmobilizados, e sente-se a falta de um instrumento eficaz de gestão das políticas nacionais de design (uma espécie de ‘agência nacional do design’), como existe em diversos países aonde o design é considerado uma ferramenta estratégica imprescindível – reino unido, finlândia, coréia do sul, taiwan, para citar apenas alguns.

em 2015 tivemos mais uma edição da bienal brasileira de design, que desta vez aconteceu em florianópolis, santa catarina, atraindo as atenções do mundo para o design brasileiro. pudemos observar a mobilização e o entusiasmo com que a federação das indústrias local abraçou o evento para torná-lo viável, junto com outros importantes parceiros do governo estadual e federal – e mesmo assim, quase um ano depois, a bienal está com dificuldades de fechar as suas contas e pagar fornecedores. não posso me esquecer da experiência vivida há vinte anos num congresso mundial do icsid (conselho internacional de sociedades de design industrial) no canadá, quando a coréia do sul disputava o privilégio de sediar congresso semelhante em seul. para defender a candidatura, além do apoio (e investimento) massivo da indústria coreana, a delegação trazia dois ministros de estado. havia ali uma clara intenção política de fazer uso do design como uma ferramenta para alavancar a indústria coreana a novos patamares de inovação e competitividade, cujos resultados todos conhecemos hoje. é muito importante enfatizar este episódio: não eram funcionários graduados que haviam se deslocado de seu país para representar o governo – mas sim dois representantes do primeiro escalão do governo coreano, numa clara afirmação da importância que o presidente e seus ministros atribuíam ao design. este endosso oficial ao evento internacional fazia parte de um plano maior que tinha como objetivo alavancar economicamente o país – objetivo este plenamente alcançado. para falar de um evento mais recente, aconteceu em taipei em 2011 o congresso da international design alliance (ida), reunindo 5.000 integrantes dos conselhos internacionais de design industrial (icsid), gráfico (icograda) e de interiores (ifi). a palestra de abertura deste congresso foi feita pelo vice-presidente da república da china (taiwan). precisamos atingir no brasil este grau de entendimento e comprometimento por parte de nossos governantes. já presenciei e li declarações vindas de políticos do primeiro escalão executivo – em instâncias federais, estaduais e municipais – que comprovam existir alguma sensibilidade ao assunto, mas ainda precisamos de maior comprometimento, de mais espaço nas agendas. cabe aos designers, empresários e políticos engajados e comprometidos com esta agenda a responsabilidade de levar às diversas instâncias de governo o conhecimento sobre o papel estratégico do design, através de ações focadas nestes segmentos. um maior número de empresários também precisa ser atingido e sensibilizado. o brasil tem programas regionais que merecem destaque mundial – como as atividades do centro brasil design (antigo centro de design do paraná, situado em curitiba), que poderiam ser replicadas nacionalmente.

nesse contexto é que se encaminhou o projeto de lei de regulamentação profissional dos designers, apresentado em 2011 na câmara dos deputados pelo deputado penna. fruto de uma intensa e inédita colaboração de praticamente todas as entidades profissionais brasileiras, além de centros de design e outras instituições, o projeto culminou uma luta de mais de 40 anos – e diversas tentativas de projetos de lei anteriores – e alcançou aprovação em todas as instâncias do congresso nacional. no entanto, para enorme frustração de uma categoria profissional que se preparava para colaborar ativamente com o governo na busca de soluções para o crescimento do país, o projeto sofreu veto total da presidência da república, levando por água abaixo a luta iniciada nos anos setenta.

entendemos que o veto presidencial à regulamentação profissional dos designers tem graves implicações, ao demonstrar que:

• a presidência está efetivamente desconectada do congresso e reage negativamente a um projeto que foi aprovado com expressividade nas duas casas; além disso está igualmente desconectada da sociedade civil, que se expressou através de todas as instituições profissionais (e diversas outras) ligadas ao design no país, e que sequer foram recebidas, consultadas ou consideradas sobre assunto desta importância;

• este governo (apesar de algumas ações promovidas através do mdic) demonstra não considerar o design como um importante fator de inovação e desenvolvimento, ao contrário do grande número de países que vêm fazendo uso desta ferramenta do século 21 (o design sequer é citado uma única vez no documento estratégia nacional de ct&i 2012-2015, que estabeleceu princípios para assentar as políticas nacionais de inovação);

• talvez um dos pontos mais sérios, pelo descrédito que lança sobre o ensino do design, regulamentado há décadas no país, e que tem hoje em dia 1511 cursos (entre bacharelados, sequenciais, licenciaturas e tecnológicos), 23 mestrados, 10 doutorados e mais de 50 anos de tradição. o veto significa que estes cursos de design não merecem, deste governo, crédito pela relevante formação que oferecem, e traz enorme desestímulo aos estudantes – afinal, para que investir tanto tempo numa formação profissional que não será depois reconhecida?

com o veto, o governo federal deixa claro que entende que qualquer um pode ser designer, bastando para isso demonstrar ‘habilidade’ e não formação técnica. eis a confusão: o fato do design ser transdisciplinar, valendo-se de estratégias como co-criação e design thinking, que envolvem usuário e outros profissionais, não significa que tudo é design nem que todo mundo é (ou pode ser) designer. significa que o design pode (e deve) agregar indivíduos com diferentes especialidades num processo projetual - e este processo é coordenado geralmente (mas não exclusivamente) por um designer, com formação específica para isso. nisso este profissional se distingue dos outros – e para isso estudou vários anos.

curiosamente, na mesma semana que foi vetada a regulamentação profissional dos designers, foi aprovada a regulamentação dos artesãos. afinal, que recado é esse que está sendo passado para a sociedade – e mais especificamente para a nossa indústria? precisamos responder aos desafios complexos do século 21 com ferramentas do século 21 – e o design é inegável e reconhecidamente uma das principais ferramentas de que dispomos para isso.


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este artigo foi originalmente publicado na revista pensar verde, da fundação verde herbert daniel, n.16, ano 4, março/abril/maio de 2016

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

design & desenvolvimento - the radical designist




a revista acadêmica de design portuguesa the radical designist teve seu último número, de dezembro de 2015, dedicado às políticas de design. neste contexto publicou uma resenha que preparei para o livro design & desenvolvimento: 40 anos depois, que eu e meu colega josé mauro nunes organizamos, e que foi lançado pela editora blucher no final de outubro de 2015

compartilho abaixo com vocês a resenha publicada, que pode ser encontrada no seu original neste link.

porquê falar de políticas de design?
o discurso do design como ferramenta para o desenvolvimento (seja este econômico, social, ou um ideal de convergência de ambos) se estabelece no contexto do debate sobre as políticas nacionais de design. este debate, embora esteja se ampliando nesta última década especialmente a partir da europa e ásia, ainda é bastante restrito mundialmente no ambiente acadêmico, com raras publicações, pesquisas e estudos sobre o tema.
por outro lado, há décadas fala-se da necessidade do design se aproximar das instâncias públicas e dos órgão governamentais, integrando-se ao rol de ferramentas que estes dispõem para enfrentar os problemas cada vez mais complexos de gestão e de políticas públicas. autores como gui bonsiepe, john heskett, victor margolin, alpay er, brigitte borja de mozota, entre outros, chamam atenção para o tema, que na academia surgiu inicialmente na área de história do design a partir dos anos noventa, e em seguida também na área de gestão do design. nos últimos anos, o crescente interesse sobre o tema parte principalmente do entendimento do design no contexto da economia criativa – segmento da economia que vem crescendo a taxas superiores a todos os demais, frequentemente até mesmo que a área financeira. a convergência de interesses inclui organismos internacionais como a conferência das nações unidas para o comércio e desenvolvimento (unctad), o fórum econômico mundial e a comissão europeia, com o apoio de instituições profissionais como o bureau europeu de associações de design (beda) e o conselho internacional de sociedades de design industrial (icsid). conferências, novos estudos, documentos encomendados por órgãos de governo tem sido gerados em constante progressão a cada ano que passa. fala-se não mais apenas em políticas de design, mas também no design para as políticas – reconhecendo a importância de ferramentas do design para a construção de entendimento e de maior clareza na formulação de políticas públicas. para citar apenas um documento que ganhou destaque nos últimos anos, design for growth and prosperity relatório do conselho europeu de lideranças de design editado pela comissão europeia em 2012. nele diversas recomendações aos países-membros agrupam-se de forma interconectada os sistemas de inovação, educacionais, de pesquisa, empresas e setor público, com diversas diretrizes que visam promover o desenvolvimento da economia através do design.
um panorama fértil e que clama à mobilização do design – e principalmente aos designers – para ir de encontro às classes políticas e em especial à sociedade como um todo, na busca de construir um futuro em que o foco esteja no cidadão, e não apenas na economia e nas finanças.
a origem há cinquenta anos: icsid, onu, design e desenvolvimento
desde os anos sessenta estava em pauta no conselho internacional de sociedades de design industrial (icsid) a criação de um grupo de trabalho sobre países em desenvolvimento – conhecido como o icsid’s working group 4 (ou grupo de trabalho 4, aqui abreviado para gt4). em maio de 1970, o professor nathan shapira, então diretor do departamento de design da universidade de nairobi, no quenia, apresentou um “esboço de metas” para a criação do gt41, aonde ele elencava alguns fatores que justificavam a instalação desta comissão, dentre os quais:
evidências recentes de que o design industrial torna-se um fator de aceleração do crescimento numa economia em desenvolvimento, lado a lado com a gestão e a produtividade. (…) a necessidade de uma orientação competente de design (por parte) de um crescente número de países em desenvolvimento, e a falta de agências adequadas a preencher esta lacuna.”
sua experiência no continente africano, iniciada nos anos sessenta, o habilitava para coordenar o recém-criado grupo de trabalho. sob sua coordenação, o gt4 promoveu durante o sétimo congresso internacional do icsid (realizado em ibiza, 1971), dois encontros para debater estratégias de promoção do design nos países em desenvolvimento2. no primeiro destes encontros, além da participação de representantes da tailândia, india, filipinas e brasil, foi registrada também a presença de um representante da organização das nações unidas para o desenvolvimento industrial (onudi) – o engenheiro n.k. grigoriev, diretor da divisão de tecnologia industrial daquela organização. aparentemente este é o primeiro registro da interação entre o icsid e a onudi (ou unido, na sua sigla em inglês).
esta aproximação entre as duas instituições levou à uma parceria, e teve como resultados iniciais dois documentos que podem ser considerados seminais na história das políticas de design para países periféricos. o primeiro destes é um relatório produzido por gui bonsiepe em 1973, e que se intitula desenvolvimento pelo design3. o segundo documento, intitulado diretrizes básicas para políticas de design industrial em países em desenvolvimento4, foi produzido pelo secretariado da onudi em 1975, como consequência do trabalho da comissão conjunta icsid e onudi, e reflete de forma resumida o relatório apresentado por bonsiepe.
ambos os documentos são muito pouco conhecidos – até mesmo por sua classificação pela onudi como ‘restritos’5. apesar da sua abrangência6, sintetizam a ideia (expressa nos títulos dos documentos) sem se propor a prescrever uma fórmula única para a implementação de políticas de design. são por isso mesmo referências importantes, e temos a certeza que a sua divulgação poderia contribuir ainda hoje para a construção ou reestruturação de programas de design ao redor do mundo. estes documentos, cedidos especialmente pela onudi para reedição, servem como base para o livro design e desenvolvimento – 40 anos depois, organizado por gabriel patrocínio e josé mauro nunes, professores e pesquisadores da universidade do estado do rio de janeiro (lançamento em outubro de 2015 pela editora blücher, de são paulo, brasil).
o livro celebra os quarenta anos (1975-2015) passados da publicação do documento-síntese da onudi, ao mesmo tempo em que se procura trazer à tona como esta ideia – o design como uma ferramenta de desenvolvimento – tem sido abordada ao longo destas quatro décadas nos diversos países de origem dos autores e co-autores (conforme descrito a seguir). visões sobre políticas públicas, desenvolvimento industrial, estratégias, trajetórias convergentes e divergentes, design como ferramenta de consumo, de competitividade e de desenvolvimento social – um amplo panorama que não se propõe a ser completo, mas apenas dar início a um debate sobre o tema (ou reacende-lo).
uma breve descrição do conteúdo do livro:
diferentes autores foram convidados a trazer suas contribuições a partir do brasil, índia, china, turquia, e incluindo visões gerais do continente africano e da américa latina, além de um panorama sobre a europa hoje. somam-se a estes a perspectiva histórica trazida por victor margolin e os comentários de gui bonsiepe, protagonista original dos fatos que deram origem ao próprio livro.
abrindo o livro, victor margolin mapeia o contexto do design para o desenvolvimento no primeiro capítulo, seguido pelo texto clássico de alpay er (ozyegin university, istambul) sobre os padrões de desenvolvimento do design industrial nos países periféricos. a relação dialética entre o design para necessidade e o design para o desenvolvimento é o texto que se segue, de autoria de gabriel patrocinio, discutindo especialmente as atuações de victor papanek e gui bonsiepe neste panorama. gui bonsiepe responde em seguida às questões colocadas pelos organizadores do livro, em uma entrevista exclusiva aonde fala sobre a sua visão sobre aqueles documentos após quatro décadas. marcos braga e juan buitrago (universidade de são paulo, usp) trazem a discussão para o contexto da américa latina, seguidos pelo texto dos economistas robson gonçalves e roberto aragão (fundação getulio vargas, fgv, são paulo) abordando o novo desenvolvimentismo e o pensamento econômico no âmbito da cepal (comissão econômica para a américa latina, órgão ligado à onu). ravi poovaiah e ajanta sen (instituto de design industrial, iit bombaim), falam sobre a perspectiva da índia, país que recebeu a conferência de design de ahmedabad em 1979 que novamente reuniu, sob o mesmo tema do design para o desenvolvimento, o icsid e a onudi. mugendi m’rithaa, presidente do icsid, fala sobre o papel do design no continente africano em entrevista concedida aos organizadores, seguido pelos professores cai jun (universidade tsinghua, pequim) e sylvia xihui liu (politécnico de hong kong) que abordam o impressionante desenvolvimento do design na china. gisele raulik-murphy, darragh murphy e anna whicher trazem uma perspectiva europeia sobre o uso do design como ferramenta de desenvolvimento. o professor josé mauro nunes (uerj e fgv), especialista em consumo e comportamento, e a pesquisadora izabelle vieira trazem uma visão contemporânea dos impasses enfrentados pelo design frente às mudanças de mercado – em especial o consumo colaborativo. 
o livro se encerra com os dois documentos que provocaram a sua existência3 e 4, trazidos pela primeira vez ao conhecimento público após quatro décadas, e espera-se com o potencial de provocar mais do que apenas debates acadêmicos, mas principalmente reflexão e maior interação entre designers e agentes públicos.

notas:

[1] Shapira, N. (1971 A). An Outline of Goals for the Design for Developing Countries Commission of The International Council of Industrial Design Societies (sic). University of Brighton Design Archives. Ref: GB-1837-DES-ICD-6-4-5-3.
[2] Shapira, N. (1971 B). Design in Developing Countries – meetings organized by ICSID’s Working Group No. 4. University of Brighton Design Archives. Ref: GB-1837-DES-ICD-6-4-2-1
[3] BONSIEPE, G. (1973) Development through Design – A working paper prepared for UNIDO at the request of ICSID. Viena: UNIDO.
[4] UNIDO SECRETARIAT (1975) Basic Guidelines for Policy of Industrial Design in Developing Countries. Viena: UNIDO.
[5] Não foi possível levantar qualquer informação que permitisse identificar a origem da restrição à divulgação dos documentos. Apenas quanto ao primeiro, de autoria de Bonsiepe (1973), é possível especular que por se tratar de um documento interno de trabalho houve restrição à sua divulgação.
[6] O documento final (1975) está dividido em três grupos, definindo a participação do design em políticas de desenvolvimento industrial; os objetivos, requisitos e campos de atividade que devem ser considerados em programas nacionais de design; e ainda especificando possíveis componentes de programas nacionais de design de acordo com necessidades particulares.

design & desenvolvimento: 40 anos depois [livro]




organizado por mim e pelo meu colega, professor josé mauro nunes (ifht/uerj e fgv), o livro design & desenvolvimento: 40 anos depois, editado pela blucher, foi lançado no final de outubro de 2015. seu conteúdo aborda o design como ferramenta para o desenvolvimento econômico, industrial, social e ambiental, sob diferentes perspectivas - com autores do brasil, colômbia, estados unidos, inglaterra, turquia, china, índia e áfrica do sul - e num contexto histórico dos últimos 40 anos. este recorte temporal parte de 1975, quando a organização das nações unidas para o desenvolvimento industrial, unido, editou um documento contendo recomendações sobre políticas nacionais de design para países emergentes. este documento baseava-se num relatório organizado pelo professor gui bonsiepe, a pedido do icsid, e que foi concluído e entregue à unido em 1973. ambos os documentos foram classificados como 'reservados' e permaneceram praticamente inéditos desde então, tendo sido liberados pela unido especialmente para a edição deste livro.

entre os diversos participantes do livro, encontram-se o professor victor margolin, historiador do design com diversas obras importantes publicadas; o professor gui bonsiepe, autor do relatório citado acima e que deu origem a boa parte das discussões do livro; o professor mugendi m'rithaa, presidente o icsid, e muitos outros autores com pontos-de-vista interessantes e inovadores.



diversos lançamentos já aconteceram ou estão programados para acontecer pelo brasil afora. acompanhe a agenda de lançamentos (quase sempre com debates com os organizadores) através da página do livro no facebook.

durante o lançamento que aconteceu na semana d, em novembro de 2015 em curitiba, a equipe da revista design magazine brasil gravou comigo uma entrevista sobre o livro. assista abaixo o video da entrevista:






ficou curioso? no site da editora blucher pode ser baixada uma amostra do livro, aonde constam o conteúdo,  as duas apresentações (feitas respectivamente pelo diretor da unido no brasil, sr. gustavo aishemberg, e pela sra. edna dos santos-duisenberg, responsável pelo relatório da unctad sobre economia criativa) a introdução e o primeiro capítulo (escrito pelo professor victor margolin).

para aguçar ainda mais a sua curiosidade, veja abaixo a lista dos títulos e autores de cada capítulo:
  • apresentação – a unido e o design industrial – gustavo aishemberg 
  • apresentação – o papel do design na era do conhecimento – edna dos santos-duisenberg 
  • introdução – por que falar de políticas de design? – gabriel patrocínio 
  • design para o desenvolvimento: mapeamento do contexto – victor margolin 
  • padrões de desenvolvimento do design industrial no terceiro mundo: um modelo conceitual para países recém-industrializados – h.alpay er 
  • design e os países em desenvolvimento: a dialética entre o design para a necessidade e o design para o desenvolvimento – gabriel patrocínio 
  • 40 anos depois – entrevista com gui bonsiepe – gabriel patrocínio e josé mauro nunes 
  • da américa latina para a américa latina: o design como ferramenta para o desenvolvimento econômico e cultural – juan camilo buitrago e marcos da costa braga 
  • de prebisch ao novo desenvolvimentismo: teoria e prática das políticas industriais – robson gonçalves e roberto aragão 
  • por dentro da eterna “atemporalidade” da índia – o design traz mais perguntas que respostas? – ajanta sen e ravi poovaiah 
  • design na áfrica: participo, logo existo – entrevista com mugendi k. m’rithaa – gabriel patrocínio 
  • design para o desenvolvimento: uma perspectiva da china – sylvia liu e cai jun 
  • uma mudança de paradigma nas políticas: integrando o design à agenda europeia de inovação – gisele raulik-murphy, darragh murphy e anna whicher 
  • consumo e desenvolvimento: perspectivas, limites e impasses do consumo colaborativo na contemporaneidade – josé mauro nunes e izabelle fernanda siveira vieira 
  • anexo 1 – desenvolvimento pelo design – gui bonsiepe (1973) 
  • anexo 2 – diretrizes básicas para políticas de design industrial em países em desenvolvimento – secretaria da unido (1975) 


o livro pode ser encontrado à venda em diversas livrarias online, entre elas a amazon brasil, e até mesmo nas casas bahia e nos supermercados extra!