na mitologia grega, sísifo foi condenado pelos deuses a empurrar eternamente uma pesada pedra até o alto de uma montanha, apenas para vê-la rolar encosta abaixo e ter que reiniciar o seu trabalho. o escritor e filósofo francês albert camus explorou este mito para discorrer sobre o absurdo da vida - e o quanto nos dedicamos a construir um futuro que insiste em rolar montanha abaixo.
na manhã do dia 11 de maio foi aprovado em brasília, pelo pleno do conselho nacional de políticas culturais, o plano setorial de design. o plano é um documento brilhantemente construído por um grupo de designers de todo o país, através de consultas locais e com muito esforço e competência. através de quatro eixos, propõe ações para promover a divulgação e o fortalecimento da atividade e especialmente para a sua contribuição ao crescimento econômico e social no brasil. uma pesada pedra levada montanha acima.
dois dias depois, soube-se pela imprensa da extinção do ministério da cultura - ou sua incorporação, ainda sem detalhes, ao ministério da educação. e rola a pedra montanha abaixo. aliás, rola montanha abaixo em companhia de outra, maior ainda, carregada 30 anos montanha acima - a da cultura nacional.
no dia 1º de dezembro de 2015, o congresso nacional validou o veto presidencial à regulamentação profissional da atividade dos designers no país - uma imensa pedra, carregada montanha acima quase quarenta anos por gerações de designers, que rolou montanha abaixo.
isso tudo desconsiderando que o design é visto hoje como ferramenta indispensável de inovação ao redor do mundo. aliás, ferramenta esta que é absolutamente ignorada, mais uma vez, na estratégia nacional de ct&i 2016-2019, documento que irá nortear as ações de inovação, lançado no dia 12 de maio. design? para que serve isso mesmo? outra grande pedra rolando montanha abaixo.
camus tinha razão: a vida é feita de absurdos - e de pedras enormes rolando montanha abaixo, aguardando para serem novamente empurradas até o topo por aqueles que (ainda) se dispõe a isso.
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[ imagem: gravura de friedrich john baseada em quadro de matthäus loder, século 19 ]
na manhã do dia 11 de maio foi aprovado em brasília, pelo pleno do conselho nacional de políticas culturais, o plano setorial de design. o plano é um documento brilhantemente construído por um grupo de designers de todo o país, através de consultas locais e com muito esforço e competência. através de quatro eixos, propõe ações para promover a divulgação e o fortalecimento da atividade e especialmente para a sua contribuição ao crescimento econômico e social no brasil. uma pesada pedra levada montanha acima.
dois dias depois, soube-se pela imprensa da extinção do ministério da cultura - ou sua incorporação, ainda sem detalhes, ao ministério da educação. e rola a pedra montanha abaixo. aliás, rola montanha abaixo em companhia de outra, maior ainda, carregada 30 anos montanha acima - a da cultura nacional.
no dia 1º de dezembro de 2015, o congresso nacional validou o veto presidencial à regulamentação profissional da atividade dos designers no país - uma imensa pedra, carregada montanha acima quase quarenta anos por gerações de designers, que rolou montanha abaixo.
isso tudo desconsiderando que o design é visto hoje como ferramenta indispensável de inovação ao redor do mundo. aliás, ferramenta esta que é absolutamente ignorada, mais uma vez, na estratégia nacional de ct&i 2016-2019, documento que irá nortear as ações de inovação, lançado no dia 12 de maio. design? para que serve isso mesmo? outra grande pedra rolando montanha abaixo.
camus tinha razão: a vida é feita de absurdos - e de pedras enormes rolando montanha abaixo, aguardando para serem novamente empurradas até o topo por aqueles que (ainda) se dispõe a isso.
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[ imagem: gravura de friedrich john baseada em quadro de matthäus loder, século 19 ]
[update]
o ministério da cultura voltou a existir alguns dias depois, embora as políticas setoriais não tenham qualquer previsão de implementação.
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